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Gardolinski gravou diversas reuniões que participou em comitê de apoio a Richa | reprodução/Daniel Derevecki/Gazeta do Povo
Gardolinski gravou diversas reuniões que participou em comitê de apoio a Richa| Foto: reprodução/Daniel Derevecki/Gazeta do Povo

Veja o vídeo dos ex-candidatos recebendo dinheiro das mãos de Alexandre Gardolinski, coordenador do comitê pró-Beto

O vídeo que mostra dissidentes do PRTB recebendo dinheiro em um comitê de apoio à reeleição do prefeito de Curitiba, Beto Richa (PSDB), também menciona a situação de um suposto funcionário fantasma da prefeitura. O comerciário Benedito Ferreira da Costa teve um cargo comissionado na administração municipal entre outubro de 2005 e maio de 2006, mas afirma que, na verdade, trabalhava para a vereadora Julieta Reis (DEM). O caso está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MP), desde que a denúncia, feita pelo próprio comerciário, foi publicada pela Gazeta do Povo, em abril de 2007.

Na gravação, Cristiane Fonseca Ribeiro – servidora de carreira da Secretaria Municipal do Trabalho – fala do caso com o coordenador do Comitê Lealdade, Alexandre Gardolinski, e confirma que Benedito era funcionário fantasma da prefeitura. Questionada se Richa sabia da situação, Cristiane diz: "Sabia. Isso aí tá no Ministério Público e tudo." Ela e Gardolinski ainda chamam Benedito de "vagabundo" por ele ter criticado o prefeito em campanha do PMDB em 2008, do então candidato Carlos Moreira Júnior. Cristiane perdeu , na última quarta-feira, uma função gratificada que recebia em cargo de confiança, por determinação do gabinete da prefeitura.

Lotado no gabinete de Julieta Reis na Câmara de vereadores entre janeiro e setembro de 2005, Benedito passou a exercer o cargo de gestor público da Secretaria do Governo assim que deixou o Legislativo municipal, para receber um salário de aproximadamente R$ 4.600. No mesmo decreto que o nomeou, publicado no dia 10 de outubro de 2005, consta a exoneração de uma parente da vereadora do DEM.

Benedito conta que, durante os primeiros três meses como funcionário da prefeitura, ficava com R$ 500 do salário e repassava o restante para Julieta Reis – essa é a informação que Cristiane Fonseca Ribeiro dá no vídeo. Após protocolar uma carta ao prefeito revelando sua história e se dizendo insatisfeito com a situação, Benedito acabou exonerado. "Nunca trabalhei no gabinete do prefeito. Eu era funcionário do escritório da Julieta no (bairro) Sítio Cercado", diz. "Depois que escrevi a carta, o Maurício Ferrante (então secretário do Governo) falou que ia me exonerar porque minha vaga era da cota da vereadora."

Ferrante informou que Benedito trabalhava na regional do Bairro Novo e, por isso, não exercia função no gabinete do prefeito. "As nove regionais são ligadas à Secretaria do Governo", explicou. A vereadora Julieta Reis disse que o ex-funcionário pediu para deixar o cargo de assessor parlamentar no gabinete dela porque não estaria satisfeito com o trabalho. Não deu explicações mais detalhadas.

A promotora Adriana Câmara, que é a responsável pela investigação no MP, disse que solicitou à prefeitura informações sobre a folha-ponto, o controle de frequência e a quem Benedito estava subordinado. Em relação ao vídeo, disse que só poderia comentar após assistir à gravação.

Denúncias causaram demissões

O trecho de gravação transcrito abaixo mostra parte de uma série de gravações feitas por Alexandre Gardolinski no comitê de apoio ao então candidato à reeleição de Beto Richa, ligado a militantes do PRTB. As gravações mostram candidatos a vereador desistentes recebendo dinheiro em espécie que não foi declarado à Justiça Eleitoral. O vídeo, mostrado pelo Fantástico, da Rede Globo, com a mesma denúncia publicada no jornal Gazeta do Povo, no dia 21 de junho, resultou na demissão de Gardolinski, que ocupava cargo em comissão na Secretaria do Trabalho; do secretário de Assuntos Metropolitanos Manassés Oliveira e de Raul D’Araújo Santos, superintendente da Secretaria de Assuntos Metropolitanos. Na última quarta-feira, foram exonerados o assessor técnico Luiz Carlos Déa, lotado na Secretaria do Esporte e Lazer; o gestor público Luiz Carlos Pinto e o assessor técnico Gilmar Luiz Fernandes, ambos da Secretaria do Governo Municipal. Cristiane Fonseca Ribeiro e outro servidor de carreira, Nelson Bientinez Filho (Secretaria de Finanças), perderam gratificações por cargos de confiança.

Cristiane: Mas será o Benedito? (risos)

Gardolinski: Tudo bem, querida?

Cristiane: Você não tem assistido o horário político?

Gardolinski: Não.

Cristiane: O Benedito quis f*** com o Beto.

Gardolinski: Mas quem é esse Benedito?

Cristiane: O Benedito, que era funcionário da Julieta.

Gardolinski: Que Benedito é esse que eu não lembro?

Cristiane: Um que trabalhava pra ela na eleição passada, de vereador. Trabalhava no Sítio Cercado. Ele era do Cajuru, lá da Associação. Foi f*** com o Beto, mas pegou nos ossos da Julieta.

Gardolinski: Mas o Beto não sabia, né?

Cristiane: Sabia. Isso aí tá no Ministério Público e tudo.

Gardolinski: E ele era fantasma da Julieta?

Cristiane: Uhum. Ele ficava com 500 (reais) e passava 4 (mil) pra ela. Daí, na época da campanha pra governador, ele parou de dar o dinheiro pra Julieta e pegou pra ele. Daí, pra não dar escândalo, o Beto chamou a Julieta e disse: "Julieta, deixa como tá e tal". Depois que passou a campanha, exoneraram ele. E ele foi lá na televisão uns dois dias e fica na (rua) XV berrando contra a Julieta, contra o Beto.

Gardolinski: É um vagabundo, né?

Cristiane: Vagabundo. Ele quis atingir o Beto, só que atingiu a Julieta em cheio. (risos)

Gardolinski: Mais uma, hein? A Julieta cansou de levar pancada.

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