Advogados de Leonardo Meirelles e Nelma Kodama negam terem feito acordo de delação
Nesta semana surgiu a informação de que os investigados Leonardo Meirelles e Nelma Kodama estariam tentando um acordo de delação premiada com o Ministério Público Federal. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em contato com os advogados dos réus, que negaram a possibilidade de qualquer acordo.
O advogado da doleira Nelma Kodama, Ricardo Sein Pereira, chegou a confirmar que houve um princípio de negociação, mas que nada foi acordado. "No início do processo houve um interesse das duas partes, mas não houve prosseguimento. Houve por parte da Polícia Federal um questionamento se ela tinha interesse em colaborar", afirmou. Pereira garantiu que não há possibilidade de Nelma fazer um acordo de delação premiada.
O advogado de Leonardo Meirelles, Haroldo Cesar Nater, afirma que não tratou de negociações de delação premiada para o seu cliente.
Doleiro Youssef presta depoimento após ter acertado acordo de delação
O doleiro Alberto Youssef prestou o primeiro depoimento ao Ministério Público Federal na manhã desta quarta-feira (24) após acertar um acordo de delação premiada. A informação foi divulgada nessa quarta-feira pelo site do jornal Folha de S. Paulo e G1. O advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, garantiu, porém, que o acordo não foi fechado e que Youssef não prestou nenhum depoimento.
"Posso assegurar que não houve acordo. Alguém está querendo criar um fato", disse Basto. "Esse não é um processo comum, ele envolve inúmeros interesses. O tumulto nesse processo interessa a muita gente", disse. O advogado afirmou que, se houver acordo, deve ser firmado apenas na próxima semana. "Isso não é uma coisa que se decide de um dia para o outro", finalizou.
Juiz homologa primeira delação premiada da Operação Lava Jato
O juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal em Curitiba, homologou nesta quarta-feira (24) o primeiro acordo de delação premiada da investigação da Operação Lava Jato, da Polícia Federal. O acordo foi feito entre a defesa de Luccas Pace Júnior, acusado de crimes financeiros e lavagem de dinheiro, e o Ministério Público Federal (MPF). O conteúdo da delação está em segredo de Justiça.
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Pelo menos cinco investigados da Operação Lava Jato estão firmando acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF) em troca de benefícios da Justiça. Até agora, apenas um dos acordos, porém, já foi homologado pelo juiz da 13ª Vara Federal de Curitiba Sérgio Moro, responsável pelo caso. O réu Luccas Pace Júnior teve o benefício aceito nesta quarta-feira (24) pela Justiça.
Pace é acusado da prática de crimes financeiros, de lavagem de dinheiro e associação criminosa. Outras oito pessoas são citadas no processo, como a doleira Nelma Kodama, a quem Pace foi subordinado durante oito anos. Ela é acusada de comandar um esquema de lavagem de dinheiro de mais de US$ 5 milhões no mercado negro de câmbio por meio de empresas fantasmas. Os demais nomes, segundo o MPF, são de pessoas que operavam o esquema.
Os detalhes da delação de Pace e os benefícios a que o réu teria direito colaborando com as investigações não foram divulgados. O advogado dele, Ricardo Rigotti Alice, afirma que o réu deve identificar autores, auxiliar na localização do dinheiro evadido e na elucidação de provas. "Ele faz uma confissão privilegiada, mais detalhada. Ele também se compromete a não ficar em silêncio e responder ao que for perguntado", diz (leia mais ao lado).
Além do subordinado de Nelma, outros quatro réus estariam em processo de delação: o ex-diretor da Petrobras, Paulo Roberto Costa; o doleiro londrinense Alberto Youssef; o braço-direito dele, o advogado Carlos Alberto Pereira da Costa; e Ediel Viana da Silva, que atuava como laranja do doleiro Carlos Habib Chater, apontado pelo MPF como outro comandante do esquema de lavagem de dinheiro.
O próximo acordo a ser homologado deve ser o depoimento em que Paulo Roberto Costa cita nomes de mais de 30 políticos favorecidos com propinas no esquema de corrupção que envolve a Petrobras, investigado na Operação Lava Jato. Entre os envolvidos estão o ministro Edison Lobão (Minas e Energia), o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e os presidentes da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), e do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL). Por envolver pessoas com foro privilegiado, a homologação terá de ser avaliada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em Brasília.
O MPF e o advogado do doleiro Alberto Youssef, Antônio Figueiredo Basto, também confirmam a negociação para delação do réu. O acordo seria, porém, "naturalmente rígido" devido ao fato do doleiro ter quebrado a primeira delação premiada feita em 2004 no caso Banestado, em que acabou condenado a quatro anos de prisão. De acordo com o advogado do doleiro, Antônio Figueiredo Basto, ainda não há uma proposta concreta do MPF. "Não temos nenhuma proposta concreta ainda", afirmou. Nesta terça-feira (23) o advogado disse ser contra um possível acordo, mas afirmou que deve respeitar a vontade do cliente.
Youssef seria o responsável, segundo a investigação, de operar o esquema, ou seja, fazer o dinheiro desviado da Petrobras chegar às mãos dos envolvidos, inclusive políticos. Num acordo de delação, ele poderia detalhar quais empresas foram usadas, em quais contas bancárias no exterior a propina teria passado e de que forma cada um dos envolvidos recebia uma parte do dinheiro supostamente oriundo da corrupção. Em suma, ele produziria provas para a investigação.
Ediel Viana da Silva, que atuava como laranja de Carlos Habib Chater, está prestando depoimento na Polícia Federal em regime de delação premiada desde esta terça-feira (23). O réu pode colaborar com a Justiça fornecendo detalhes do esquema e trazer à tona a atuação de um novo doleiro e novas empresas que não foram identificadas durante as investigações da Polícia Federal.
Outro réu que está prestando depoimento em regime de delação é Carlos Alberto Pereira da Costa, laranja de Youssef. De acordo com reportagem da Folha de S. Paulo, ele fez uma série de revelações, entre as quais a de que o doleiro deu de presente um helicóptero para o deputado federal Luiz Argôlo (SDD-BA) no valor de R$ 796 mil. Foi ele também que contou que o banco americano Merrill Lynch ajudou a internar US$ 3,5 milhões que Youssef mantinha ilegalmente nos Estados Unidos por meio da simulação de um empréstimo em 2008. Costa também afirmou na delação que uma série de contratos de consultoria entre grandes empreiteiras e empresas de fachada do doleiro eram falsos -só serviam para "justificar o ingresso de recurso" nessas empresas.