O Coritiba saiu do Ernesto Schelen Sobrinho, em Joinville, com um pé na semifinal da Taça de Ouro. Um gol de Lela, aos 21 minuto dos segundo tempo, assegurou a vitória por 1 a 0 e a liderança do Grupo G, com 7 pontos – de quebra, ainda eliminou o JEC, estacionado nos 4 pontos. A decisão seria no Couto Pereira, com o Coxa podendo até empatar com o Sport. O Leão da Ilha do Retiro chegou aos 6 pontos ao bater – e eliminar – o Corinthians, por 3 a 1, no Recife.
Um gol como Ênio Andrade planejou
O Coritiba entrou em campo no Ernestão, em Joinville, com uma grande surpresa: liberado de última da seleção júnior, Dida apareceu na lateral esquerda alviverde. Na zaga, Vavá assumiu novamente a zaga, no lugar do suspenso Heraldo. O outro suspenso, Edson, foi substituído por Vicente. Assim, Ênio Andrade optava por ter velocidade nos contra-ataques, arma ofensiva de um time pronto para ser pressionado.
Joinville 0 x 1 Coritiba
Estádio: Ernesto Schelen Sobrinho, em Joinville. Árbitro: Arnaldo César Coelho. Gol: Lela (C), aos 21/2º. Renda: Cr$ 77.521.000. Público: 14.208 torcedores.
Carlos Alberto; Jorge Silva (Da Silva), Adilson, Léo e Jacenir; Ricardo (Reginaldo), Nardela e João Carlos Maringá; João Carlos, Wagner e Carlinhos. Técnico: Vail Mota.
Rafael; André, Gomes, Vavá e Dida; Almir (Marco Aurélio), Marildo e Toby; Lela, Índio e Vicente (Paulinho). Técnico: Ênio Andrade.
Desde o primeiro minuto, o JEC, obrigado a vencer, foi para o ataque. Pressão que durou 34 minutos, sempre diluída pelas defesas de Rafael ou pela solidez de esquema tático coxa-branca. Ao pontos, o Coritiba foi se soltando no jogo, criou em algumas oportunidades.
Mas foi em um contra-ataque que o Coxa decidiu a partida. Rafael repôs a bola para Lela. O ponteiro partiu em velocidade, deu um drible de corpo em Jacenir, deixou outro adversário na corrida e bateu por cobertura, superando o adiantado goleiro Carlos Alberto. Com a Careta de sempre no rosto, o camisa 7 correu para a torcida comemorar o gol da vitória. O gol que deixou o Coritiba a um ponto da semifinal do Campeonato Brasileiro.
Confisco de renda assombra o Coritiba
O Coritiba voltava de Joinville com a certeza de que o jogo contra o Sport, no domingo seguinte, era para lotar o Couto Pereira. E a incerteza de se poderia usufruir da arrecadação da partida. Resultado do bloqueio de rendas para garantir o pagamento de dívidas.
10 milhões de cruzeiros
Fatia da renda do jogo do Coritiba contra o Corinthians, pela segunda rodada do Grupo G da Taça de Ouro, confiscada para quitar uma dívida do clube. O oficial de Justiça reteve os 10 milhões de cruzeiros para assegurar parte do pagamento de uma das parcelas de 45 milhões de cruzeiros, que o Coxa devia ao Colorado pela compra do lateral Dida e do volante Marildo.
Um Landau do presidente para pagar a dívida
Outra dívida que assombrava o Coritiba era com o ex-meia e técnico Eduardo Dreyer. Após o clube ser derrotado na Justiça, o presidente Evangelino Costa Neves chegou a propor um acordo ao argentino: daria um Galaxie-Landau de sua propriedade, no valor de 36 milhões de cruzeiros, e pagaria mais quatro vezes de 15 milhões de cruzeiros. Um total de 96 milhões de cruzeiros para quitar uma dívida de pouco mais de 100 milhões.
“Eu não tenho pressa nenhuma e saberei esperar, afinal só terei a ganhar com a desvalorização da moeda, os juros e a necessária correção. Portanto o Coritiba que procure me pagar de forma mais honesta”, comentou o argentino.
O mundo além do futebol
O PDS anunciava para 4 de agosto a realização da convenção para oficializar o ex-governador Paulo Pimentel como candidato do partido à prefeitura de Curitiba.
O governador do Rio de Janeiro, Leonel Brizola, aproveitou uma reunião com todos os governadores, em Brasília, para sugerir ao presidente José Sarney que marcasse eleições presidenciais para novembro de 1986. Sarney havia assumido em abril de 1985, em substituição a Tancredo Neves, que havia morrido após ser escolhido não por voto direto presidente da República.
O FBI prende quatro jovens que haviam conseguido acesso a códigos do Pentágono. Assim, eles poderiam invadir remotamente computadores do governo norte-americano e alterar o curso de satélites de comunicação.
Relembre todos os capítulos do Diário de 85 do Coritiba
1º/7/1985 – Sem Lela, o Coritiba volta a respirar a Taça de Ouro
2/7/1985 – Seu Ênio dá o recado: Quem treina pensando na namorada não rende”
3/7/1985 – Empate no Recife e uma sombra para Ênio Andrade
4/7/1985 – Renda milionária contra o Corinthians anima o Coritiba
5/7/1985 – Almir pronto para Casão: “Vou marcá-lo que nem carrapato”
6/7/1985 – Evangelino promete bicho molhado contra o Corinthians
7/7/1985 – Lela decide contra o Corinthians
8/7/1985 – O saldo da batalha com o Corinthians: Toby e Índio fora
9/7/1985 – Bicho anima o ambiente no “Beco do Sossego”
10/7/1985 – Dida decide no Alto da Glória e é assaltado na Água Verde
11/7/1985 – Rafael sente o Coritiba na semifinal: “Por que não?”
12/7/1985 – Força máxima contra a crise do Corinthians
13/7/1985 – Coritiba perde no fim e seca o Joinville
14/7/1985 – Sport bate o JEC e mantém o Coxa líder
15/7/1985 – Alimentação em SC preocupa o Coritiba
16/7/1985 – Coxa viaja com uma dúvida para decisão em Joinville
17/7/1985 – Careta de Lela deixa o Coritiba com um pé na semifinal
18/7/1985 – Ênio avisa: “Time meu não tem salto alto”
19/7/1985 – Suspeita de espionagem agita o Alto da Glória
20/7/1985 – Torcida coxa se mobiliza para ver o time chegar à semifinal
21/7/1985 – O Coritiba é semifinalista da Taça de Ouro
22/7/1985 – Bicho milionário para a vaga na semifinal
23/7/1985 – Sem mistério, Ênio define o Coritiba da semifinal
24/7/1985 – Depois do blecaute, gol de Heraldo ilumina o Couto Pereira
25/7/1985 – Ênio Andrade cotado para a seleção brasileira
26/7/1985 – O mago do Coritiba prepara o caminho para a final
27/7/1985 – Coritiba viaja para BH e reserva hotel no Rio
28/7/1985 – Coritiba na final. E Rafael vira santo
29/7/1985 – CBF confirma final em jogo único no Maracanã
30/7/1985 – Na véspera da final, Coxa treina para prorrogação e pênaltis
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