Já vacinado após novelas contratuais recentes envolvendo Marlos, Keirrison e Carlinhos Paraíba, o Coritiba já se depara com a primeira de 2010. Com contrato até 30 de junho, o atacante argentino Ariel Nahuelpan negocia com a diretoria alviverde a extensão ou cumprimento de mais três anos de vínculo. De um lado, o jogador pede uma boa valorização para ficar depois deste período, enquanto o clube diz estar tranquilo, mediante um segundo contrato de mais três anos, fazendo valer os cinco anos acordados na chegada de Ariel. Sem bom senso, o caso vai parar na Justiça.
Diante da polêmica que se tornou o caso, o argentino foi blindado e não concederá entrevistas. A reportagem da Gazeta do Povo teve acesso ao segundo contrato de Ariel Nahuelpan com o Coxa (registrado em cartório) e, a princípio, o mesmo não dá brecha a contestações. Este é o raciocínio da diretoria do clube, que ofereceu uma valorização de US$ 200 mil ao jogador e garante que não negociará algo além disso. Isto significa que o valor de 1,3 milhão de euros, pedido por Ariel, não será pago para uma permanência.
"O que eles nos pediram é uma coisa utópica, ainda mais para um centroavante. Não iremos aceitar, o que temos com o Ariel não é um contrato de gaveta, temos sim um documento legal, devidamente registrado, e que nós consideramos válido dentro da esfera desportiva, embora tentem dizer o contrário. Esse assunto só prejudica a ele, só o notificamos agora porque a legislação pede que o façamos com seis meses de antecedência. Só estamos exercendo o nosso direito", explicou Ernesto Pedroso, membro do G-9 alviverde, à Gazeta do Povo.
Do outro lado, o advogado de Ariel, Henrique Caron, diz que o segundo contrato não tem validade legal e que, caso necessário, será contestado no âmbito jurídico. "Estamos negociando, mas o único documento juridicamente válido é o atual, que vai até o dia 30 de junho. Quando o Coritiba nos notificou eles próprios desconsideraram este contrato de gaveta. O único ajuizado junto ao Ministério do Trabalho é o atual. A preferência segue do Coritiba", garantiu.
A reportagem consultou alguns advogados trabalhistas que, após breves análises, vêem o Coritiba com uma situação bem clara para conseguir segurar Ariel pelos cinco anos acertados na sua chegada ao Brasil, em 2008. Alheia à polêmica dos valores existe a questão do visto do trabalho, que um estrangeiro pode pedir por um período máximo de dois anos. Este foi o motivo de o Coxa ter feito dois contratos com Ariel, e há uma cláusula na qual esta situação é citada, com o aval do argentino. Tanto o clube quanto o advogado de Ariel querem um acordo, mas se dizem municiados de argumentos plausíveis se a situação acabar nos tribunais.
"Vejo com otimismo as chances do Ariel ficar conosco e cumprir o seu contrato depois de junho. Estamos lidando com advogados de boa índole, o Eduardo Dreyer (orientador do jogador) é uma pessoa muito correta e até considero a pedida livre, mas está fora da realidade e nós não temos capacidade de ceder tal quantia", disse Pedroso, adiantando ainda que os US$ 200 mil oferecidos, se aceitos, virão da cessão de 10% do jogador a um parceiro. "O Ariel nos disse que quer ficar, mas de acordo com o que ele entende justo. A legislação trabalhista se pauta em proteger o trabalhador e estamos bem embasados, se for necessário ir à Justiça", completou Caron.
Nenhuma das partes comenta o interesse de outros clubes, sejam brasileiros ou estrangeiros, apesar de comentários de bastidores darem conta que Ariel já teria sido oferecido ao Santos e à dupla Gre-Nal. O que se sabe é que a multa rescisória do atual contrato do atacante é de 20 milhões de euros, e que o caso ainda terá vários capítulos nas próximas semanas.
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