O Comitê Olímpico Internacional (COI) expressou nesta sexta-feira o grande pesar pela morte de Nelson Mandela. O comitê destacou a forma como o ex-líder avaliou o esporte como elemento unificador e declarou três dias de luto em sua sede principal de Lausanne (Suíça) pela morte do ex-presidente africano.
O COI foi uma das entidades que pressionou o governo opressor da África do Sul a abandonar o sistema segregacionista do apartheid, banindo o país dos Jogos Olímpicos em 1964. Os sul-africanos só voltaram a enviar uma delegação, formada por atletas brancos e negros, na Olimpíada de 1992, dois anos depois de Mandela sair da prisão.
"O movimento olímpico chora a perda de um grande amigo e herói da humanidade. Sua atitude rumo ao esporte nos orgulha por sua compressão do potencial do esporte para promover a inclusão", declarou o presidente do COI, o alemão Thomas Bach.
O dirigente lembrou que conheceu Mandela pessoalmente e que esse encontro foi uma inspiração. "Quando o conheci, lembro de ter perguntado se odiava seus inimigos e ele respondeu que não. Quando ele viu que eu duvidava, acrescentou que se odiasse os inimigos deixaria de ser um homem livre", relatou.
Em reunião do COI realizada na manhã desta sexta-feira, o presidente do Comitê Olímpico Sul-Africano, Sam Ramsamy, que também foi um líder do movimento contra o apartheid, ressaltou que Mandela entendia o esporte "como um fator de unidade".
Poder do esporte
O COI mencionou que Mandela foi um grande fã dos esportes. E lembrou de uma célebre frase do líder: "o esporte tem o poder de mudar o mundo, o poder de inspirar e de unir um povo de uma forma difícil de conseguir de outra maneira".
Foi exatamente o que Mandela fez em 1995, quando era presidente da África do Sul. Na Copa do Mundo de rúgbi daquele ano, aproveitou a disputa para pedir à a população negra para que também torcesse pela seleção - o esporte é praticado e acompanhado em sua maioria por brancos no país. O caso foi relatado no filme Invictus, de 2009, do diretor Clint Esstwood, com Morgan Freeman no papel do líder sul-africano.
Na Copa do Mundo de futebol em 2010, quando fez sua última aparição pública, já com a saúda bastante debilitada, Mandela fez o mesmo papel, agora inverso: pediu à população branca para torcer para o time de futebol, que é o esporte praticado por negros no país.
Como parte dessa mesma reflexão, o ex-presidente sul-africano dizia que "o esporte fala aos jovens com uma linguagem que entendem, cria esperança onde só havia desesperança, é mais poderoso que os Governos para romper as barreiras raciais e ri frente a todos os tipos de discriminação".
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