O presidente boliviano, Evo Morales, anunciou neste domingo (5) que pode adiantar as eleições para junho de 2009. A oposição protestou, considerando a medida um plano da atual administração para permanecer no poder.

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"Adotada em três, no máximo quatro meses, a nova Constituição.. logo em seguida haverá eleições nacionais", disse Morales, durante um encontro com líderes socialistas na cidade de Cochabamba, no centro do país.

Caso se confirme, a proposta adiantaria em 18 meses a realização de eleições. Morales luta para manter a autoridade em meio a uma disputa com governadores rebeldes no leste do país, que buscam mais autonomia. Os dois lados discutem um projeto de uma nova Constituição, apoiado pelo presidente e seus partidários, e as propostas de mais autonomia desejadas pela situação.

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Morales argumenta que deseja beneficiar com uma maior parcela da riqueza nacional e com terras a maioria indígena, que representa 60% dos 10 milhões de habitantes da Bolívia.

O presidente está confiante na aprovação da Constituição dezembro em referendo, e também sobre o resultado das próximas eleições. "O próximo Parlamento será uma maioria absoluta (governista), e por isso implementar a nova Constituição será muito mais fácil, porque não haverá impasse no Senado, como enfrentamos agora."

Morales subiu ao poder em 2006, com 54% de apoio, e trabalha desde então para consolidar sua liderança. Ele enfrenta oposição dos líderes do leste, que representam uma elite agrária, em grande parte de ascendência européia.

No domingo, o diálogo entre governo e oposição acabou sem acordo No mês passado, confrontos entre partidários dos dois lados deixaram 15 mortos.

O porta-voz dos opositores, o governador de Tarija Mario Cossío, disse que há "divergências em todos os temas". Porém destacou que houve alguns avanços nas negociações. Já o ministro de Desenvolvimento Rural, Carlos Romero, afirmou que o fato de um acordo não ter sido assinado tratava-se de um "estratagema" da oposição.

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O referendo precisa ainda ser aprovado pelo Congresso, onde há resistências no Senado. Os oposicionistas querem primeiro um acordo sobre outros pontos e também uma auditoria no sistema eleitoral boliviano.

As negociações contam com a presença de observadores da Organização dos Estados Americanos (OEA), da União das Nações Sul-Americanas (Unasul) e da União Européia. As informações são da Associated Press e da Dow Jones.