As razões que levam as pessoas a rejeitar o suicídio assistido são muitas. As objeções podem ser religiosas ou humanitárias, mas o leitor Paul J. Frankel citou uma preocupação mais mórbida em uma carta ao "New York Times":
"Eu precisaria ver um plano específico e salvaguardas apropriadas", escreveu Frankel, de Holmdale, Nova Jersey, "para garantir que filhos não matassem seus pais idosos para receber sua herança ou por estarem cansados de cuidar deles."
A maioria de nós gostaria de pensar que enfrentaremos a morte, seja a nossa ou a de um ente querido, com coragem e nobreza. Mas, como sugere Frankel, a realidade com frequência é um pouco mais confusa.
Brittany Maynard, 29, moradora da Califórnia que se mudou para o Oregon para que médicos pudessem lhe prescrever legalmente os barbitúricos que ela usaria para pôr fim à própria vida, conforme o permitido pela Lei da Morte com Dignidade, "conferiu um rosto humano e muito jovem a um debate às vezes abstrato", segundo o "NYT".
Maynard apareceu na TV e fez manchetes internacionais. Mais de 5 milhões de pessoas visitaram sua página no site Compassion and Choices. Quando ela morreu, em 1° de novembro, o site recebeu 240 mil visitas por hora.
O suicídio assistido é legal na Holanda, em Luxemburgo e na Suíça, mas a Associação Médica Americana se opõe a ele, além de grupos religiosos e de defensores de deficientes físicos.
A historiadora Joyce Appleby, 85, escreveu ao "NYT" no início de novembro pedindo que seja concedido aos idosos o direito de ajuda para morrer, antes que enfrentem uma doença terminal ou debilitante. Isso desencadeou um debate que atraiu mais de 300 cartas, incluindo a de Paul Frankel.
Vance Wilson, 91, escreveu que está saudável e desfruta a vida, mas que a ideia de que possa ser submetido aos tratamentos médicos mais recentes se contrair uma doença como câncer lhe causa estresse indesejável.
"Seria um alívio ter um comprimido letal, indolor e legal sobre a cômoda que pudesse anular a origem desse estresse", escreveu.
Joyce Appleby argumentou que poucas pessoas optariam pelo "suicídio profilático", mas que suas razões para defender sua legalização são simples.
"O direito reconhecido ao suicídio assistido para pessoas com mais de 80 anos asseguraria uma morte indolor e permitiria que os entes queridos do idoso estivessem presentes no fim de sua vida."
Meghan Daum não é idosa, mas quatro anos atrás chegou perto da morte. Ela contraiu uma infecção bacteriana que ameaçou matá-la ou lhe causar lesão cerebral permanente. Daum passou a maior parte dessa provação num estado de atordoamento induzido por anestesia, mas, como ela escreveu no "NYT", foi difícil para seus familiares e amigos.
Depois de sobreviver, ela sentiu a necessidade de tranquilizá-los. Eles queriam que ela fosse milagrosamente transformada pelo fato de ter tido uma sobrevivência miraculosa, termo usado por seu neurologista quando ela se queixou de problemas leves de audição.
"Queriam que eu voltasse a ser tão saudável quanto eu era quando era uma ingrata resmungona", escreveu. "Queriam ter a certeza de que eu estivesse suficientemente transformada para nunca mais resmungar ou ser ingrata."
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