Milhares de pessoas se concentram na Praça Verde, em Trípoli, para ouvir o discurso em que o ditador Muamar Kadafi pediu aos seguidores que combatam os insurgentes| Foto: Ahmed Jadallah/Reuters

Ditador aparece e incita seguidores a lutarem

Trípoli - O ditador líbio, Muamar Kadafi, fez uma rápida aparição ontem na Praça Verde, em Trípoli, para pedir à multidão de seguidores no local que "defenda a Líbia". "Defendam a Líbia e os interesses da Líbia. Estamos prontos para triunfar contra os inimigos", disse o ditador. "Nós derrotaremos qualquer campanha estrangeira, como já fizemos no passado", acrescentou Gaddafi, dizendo que "a força da massa e da juventude é invencível", acrescentou.

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EUA e Europa decidem adotar sanções à Líbia

Washington - O governo do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, está finalizando sanções unilaterais de Washington contra a Lí­­bia, num esforço para pressionar o ditador Muamar Kadafi a suspender a violência contra os ma­­nifestantes no país, anunciou on­­­­tem o porta-voz da Casa Branca, Jay Carney. A União Europeia tam­­bém iniciou um esforço coordenado para punir o regime de Ka­­dafi, com um pacote que incluirá congelamento de bens líbios no exterior, embargo à venda de armas e ordens de prisão contra figuras do governo líbio que viajem para o exterior.

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Numa dura reação às crescentes suspeitas de crimes contra a Hu­­manidade na Líbia, a Orga­­ni­­za­­ção das Nações Unidas (ONU) co­­meçou ontem uma ofensiva pa­­ra impedir a escalada de violência no país do ditador Mua­­mar Kadafi.

Um texto de resolução distribuído aos membros do Conselho de Segurança da organização pre­­­­vê uma ação contra o regime de Kadafi no Tribunal Penal In­­ternacional (TPI), em Haia.

"Já é hora de o Conselho considerar uma ação concreta. As próximas horas e os próximos dias serão decisivos para os lí­­bios", disse o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon.

O texto, elaborado por França e Reino Unido, também pede um embargo de armas à Líbia, assim como a proibição de viagens e con­­gelamento de bens para os principais líderes do país. A resolução, que será alterada durante negociações a portas fechadas, pode ser votada neste fim de se­­mana, disseram diplomatas do conselho.

Suspensão

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Em outra instância da ONU, em Genebra, o Conselho dos Direitos Humanos da ONU adotou uma resolução por consenso para enviar uma missão para investigar as violações na Líbia e recomendou que esse país seja suspenso da entidade.

O órgão decidiu "enviar ur­­gentemente uma comissão de inquérito independente e internacional [...] para investigar to­­das as supostas violações de di­­reitos humanos na Líbia".

O conselho recomendou ainda a suspensão do país árabe do conselho da ONU, "tendo em vista as flagrantes e sistemáticas vio­­lações de direitos humanos pelas autoridades líbias".

Em seu discurso, a embaixadora dos Estados Unidos, Eileen Chamberlain Donahoe, disse que caso a Líbia continue no CDH, o órgão perderá credibilidade e terá seu mandato e seus objetivos questionados.

A Líbia foi eleita em maio de 2010 para participar do Conse­­lho, após obter 155 votos em uma votação secreta dos 192 Estados membros da Assembleia-Geral. O país pode ser suspenso do ór­­gão se dois terços dos Estados membros da ONU aprovarem a medida.

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Apesar da postura histórica do Brasil — favorável ao diálogo — a embaixadora brasileira no CDH, Maria Nazareth Farani Aze­­vedo, contou que o país de­­fendeu a resolução, destacando também a necessidade de permitir a livre circulação de estrangeiros na Líbia e o respeito à liberdade de expressão.

"Neste caso, é diferente. O que acontece lá é inaceitável. Se não pudermos condenar numa situação como a que acontece hoje na Líbia, não podemos condenar mais nada. É uma situação inequívoca", afirmou a diplomata.

O Brasil é o atual ocupante da presidência rotativa do Conselho de Segurança.