Autoridades que reprimiram violentamente os protestos que ajudaram a derrubar o presidente da Tunísia, Zine El Abidine Ben Ali, irão responder na Justiça, disse nesta segunda-feira o primeiro-ministro do país, Mohammed Ghannouchi. Ele afirmou, porém, que os ministros que mantiveram seus cargos no novo governo têm "as mãos limpas".
Em entrevista à rádio francesa Europe 1, Ghannouchi disse que os ministros ainda na administração sempre agiram para "preservar o interesse nacional", mesmo sob o regime de Ben Ali. O primeiro-ministro revelou seu novo governo no domingo, buscando preparar as eleições presidenciais e parlamentares em seis meses após Ben Ali ser forçado a se exilar depois de semanas de protestos.
Na segunda-feira, o governo confirmou pelo menos 78 mortes desde o início dos tumultos, em meados de dezembro. "Todos aqueles envolvidos nesses massacres responderão à Justiça", afirmou Ghannouchi. O primeiro-ministro disse nunca ter ordenado que as forças de segurança disparassem contra a população.
O partido de Ben Ali, a União Democrática Constitucional (RDC, na sigla em inglês), manteve os importantes ministérios das Relações Exteriores, do Interior, da Defesa e das Finanças. A decisão foi tomada mesmo após centenas de pessoas exigirem a dissolução do partido na segunda. "Eles mantiveram seus postos porque nós precisamos deles nesse momento", disse Ghannouchi. "Todos eles têm as mãos limpas". Ben Ali governou o país norte-africano ex-colônia francesa, com mão de ferro durante 23 anos.
O novo governo inclui três líderes da oposição legal, bem como alguns representantes da sociedade civil. Um blogueiro dissidente preso sob o governo de Ben Ali foi nomeado secretário de Estado para a juventude e os esportes. A administração excluiu, porém, partidos políticos banidos, incluindo o Comunista e o islâmico Ennahdha, apesar de Ghannouchi ter dito que todas as siglas seriam agora legalizadas e a mídia não mais seria duramente controlada. O primeiro-ministro disse à rádio Europe 1 que o líder do Ennahdha, Rached Ghannouchi, exilado em Londres, não pode voltar à Tunísia a menos que uma anistia cancele a sentença de prisão perpétua imposta a ele em 1991.
O líder foi questionado sobre as alegações de que a mulher de Ben Ali, Leila Trabelsi, era quem realmente comandava o país no fim do regime. "Nós temos essa impressão", respondeu Ghannouchi.
ProtestoNesta terça, houve um pequeno protesto liderado pelo movimento islâmico no país, no centro de Túnis. A manifestação contra o novo governo foi interrompida pela polícia antidistúrbio, segundo correspondentes da France Presse. Gás lacrimogêneo foi utilizado para dispersar os manifestantes. As informações são da Dow Jones.
- Morre fotógrafo francês ferido em protestos na Tunísia
- Premiê inclui oposição em novo governo da Tunísia
- Opositor diz que Sudão pode enfrentar distúrbios
- Egípcio põe fogo em si mesmo no centro do Cairo
- Líderes interinos querem governo de unidade na Tunísia
- Premiê da Tunísia promete anunciar novo governo na segunda-feira
- Imitando tunisiano, argelino morre após atear fogo em si
- Tunísia tenta formar governo de coalizão, mas situação é frágil
- Premiê da Tunísia aceita formar governo de coalizão
- Tunísia convocará novas eleições presidenciais em até 60 dias
- Presidente da Tunísia deixa o país, e premiê diz que assume interinamente
Vai piorar antes de melhorar: reforma complica sistema de impostos nos primeiros anos
Nova York e outros estados virando território canadense? Propostas de secessão expõem divisão nos EUA
Ação sobre documentos falsos dados a indígenas é engavetada e suspeitos invadem terras
“Estarrecedor”, afirma ONG anticorrupção sobre Gilmar Mendes em entrega de rodovia