O advogado Eduardo Lopes, defensor do seqüestrador Lindemberg Alves, de 22 anos, disse na tarde desta sexta-feira (17) que o caso está perto de um desfecho e que ele confirmou que deixará o apartamento. O rapaz mantém desde segunda-feira (13) a ex-namorada de 15 anos refém em Santo André, no ABC. "Só estamos esperando ele deixar o apartamento", disse o advogado.
Às 17h30 desta sexta, o seqüestro completa 100 horas. O promotor de Justiça Augusto Rossini chegou na tarde desta sexta ao conjunto habitacional. Acompanhado do advogado, ele chegou a se aproximar do prédio para entregar um documento que garante a integridade dos envolvidos.
"O Ministério Público está aqui para apoiar a polícia, para garantir a integridade física de todos. Fui indicado para acompanhar o problema que nós estamos vivenciando, para que todos voltem para casa e o autor do fato tenha uma medida justa", afirmou Rossini.
Os dois se aproximaram do apartamento e conversaram com as jovens por meio de uma das janelas. Eles estavam acompanhados de um cunhado e da irmã do rapaz. O grupo ficou na portaria do prédio durante aproximadamente 15 minutos conversando.
Um policial chegou a entregar um colete à prova de balas para o grupo, mas não foi possível ver para quem era direcionado o equipamento de proteção. Eles não chegaram a entrar no prédio e, depois de um tempo, voltaram para a escola onde estão concentradas as operações.
Lençóis pela janela
Por volta das 15h30, a ex-namorada do seqüestrador apareceu na janela do apartamento e desceu uma corda feita com lençóis, na qual o advogado colocou um objeto que foi puxado para dentro do apartamento. Policiais no local afirmaram que se tratava de um envelope com o documento.
O advogado havia dito que a presença do promotor foi uma exigência do rapaz. Lopes divulgou um documento assinado pelo promotor. O texto afirma que a Justiça de São Paulo garante a integridade física do seqüestrador. "Isso é para ele ter total confiança nessa negociação. Foi uma garantia que ele solicitou", afirmou.
Ele também disse que Lindemberg queria que o documento - em papel timbrado do MP - fosse lido para a imprensa e que ele deve se entregar assim que tiver o papel em mãos. "Esse é o documento do doutor da Procuradoria Geral da Justiça para que Lindemberg tenha total confiança para dar um desfecho pacífico a toda essa situação de uma vez por todas."
Histórico
A ex-namorada de Alves é mantida refém desde 13h30 de segunda-feira (13), quando o rapaz invadiu o apartamento, onde ele estudava com outros três colegas. Na mesma noite, dois adolescentes foram liberados. Na noite de terça (14), a amiga da ex-namorada foi solta. A jovem prestou depoimento por mais de seis horas na quarta-feira (15). Na manhã de quinta (16), ela voltou ao apartamento, onde voltou a ser feita refém.
De acordo com a PM, o rapaz exigiu que a amiga voltasse ao apartamento para que, em seguida, se entregasse, mas não cumpriu o acordo. Para a polícia, ela não voltou a ser refém, pois a garota poderia sair do local quando quisesse, por mais que ainda permaneça no local.
O secretário-geral do Conselho Estadual de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (Condepe), Ariel de Castro Alves, disse ao G1 que a polícia não poderia ter permitido a volta da menina. Segundo ele, a polícia não agiu corretamente ao permitir que a jovem entrasse no apartamento. "É ilegal submeter uma criança ou um adolescente a qualquer situação de risco", disse o secretário-geral, referindo-se ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). O conselho pediu à Ouvidoria da PM que investigue os procedimentos adotados nas negociações.
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