- Anúncio da nova tarifa de ônibus de Curitiba não será nesta sexta-feira
- Após quatro dias, acaba greve do transporte coletivo em Curitiba
- Em meio à greve, Fruet diz que revelará nova tarifa na sexta
- Pagamento do subsídio atrasado está atrelado a novo convênio, diz Comec
- Integração pode ser mantida mesmo com separação financeira, diz Urbs
- Comec apresenta proposta de novo subsídio para o transporte coletivo
O diretor presidente da Comec, Omar Akel, anunciou que não vai renovar o convênio que mantinha a Rede Integrada de Transportes (RIT). O acordo garantia repasses mensais do estado para manter a tarifa única na Região Metropolitana de Curitiba. Sem ele, é o fim do atual modelo da integração metropolitana, criado nos anos 80.
Pouco mais de três horas após o anúncio, o governo do estado enviou uma nota reafirmando o desejo do estado em manter a integração, mas sem desmentir a afirmação de Akel.
Atualmente, 14 municípios fazem parte da RIT. Segundo dados da Urbanização de Curitiba S/A (Urbs), são 2.270.000 passageiros por dia e 1.945 ônibus, que percorrem 356 linhas diferentes.
Na última quarta-feira, o prefeito Gustavo Fruet havia afirmado que a manutenção da tarifa única da RIT dependeria de um aumento da proposta estadual de subsídios. Na entrevista, Fruet havia dito que anunciaria uma tarifa exclusiva para ônibus que circulam dentro de Curitiba caso não houvesse um aceno favorável do governo. A prefeitura adiou o anúncio.
"Hoje, propusemos que fosse estabelecida uma tarifa mais equilibrada e que eventuais déficits fossem cobertos meio a meio entre o governo estadual e o polo metropolitano, que é Curitiba. Mas a prefeitura disse que não será possível e já comunicamos que ela não precisa aguardar nada da nossa parte e pode divulgar a tarifa de Curitiba", disse o diretor presidente da Coordenação da Região Metropolitana de Curitiba (Comec), Omar Akel, em entrevista à Gazeta do Povo.
Até outubro do ano passado, antes do reajuste da tarifa cobrada do usuário, o governo estadual desembolsava R$ 7,5 milhões por mês como subsídio para cobrir a diferença entre o valor pago pelo usuário (R$ 2,70) e o repassado aos empresários (R$ 3,18).
A prefeitura sempre informou que aportava até R$ 4,5 milhões mensais. De acordo com o portal da transparência do município, entre março e novembro, foram R$ 21 milhões. O dinheiro era transferido através do Fundo de Urbanização de Curitiba (FUC).
Agora, sem a renovação do convênio, Akel afirma que a Comec já planeja um plano emergencial de operação das linhas metropolitanas. "Estudamos alternativas emergenciais de operação para a região metropolitana para semana que vem divulgarmos a tarifa metropolitana. Infelizmente, esse posicionamento de Curitiba inviabiliza a manutenção da RIT. Nesse momento, não vejo caminho de volta", afirmou.
Akel ainda disse que a desintegração não era intenção do governo do estado. "A integração da metropolitana pelo transporte tem gerado inúmeros benefícios especialmente para Curitiba, que conta com um mercado consumidor forte, prestadores de serviço e riqueza que moram na região metropolitana".
Ainda não está certo como ocorrerá daqui para frente a operação das linhas metropolitanas, mas o diretor presidente da Comec diz já ter agendado reuniões para isso. "Na próxima semana, temos reuniões com os 13 prefeitos e com os empresários para definir os próximos passos", disse Akel.
Nesta sexta-feira (30), em resposta a um seguidor no Facebook, o governador Beto Richa havia adotado um discurso de defesa da RIT. "Nosso governo não está medindo esforços para manter uma tarifa acessível e a integração, que é uma conquista social e histórica da população de Curitiba e Região. Se necessário for, o Estado recorrerá à Justiça para que a população não seja prejudicada por decisões unilaterais".
Tarifa Técnica A tarifa técnica urbana atual é de R$ 2,93 apenas 2,8% a mais do que é cobrado do usuário. Para chegar aos R$ 3,18 repassados aos empresários por passageiro, a Urbs faz uma média ponderada com a tarifa técnica metropolitana. Essa última está em R$ 4,07, segundo a Urbs.
Isso quer dizer que, a partir de agora sem a integração, seria possível um reajuste para as linhas de Curitiba menor do que o projetado até quarta-feira. Naquele dia, Fruet disse que a nova tarifa do usuário "possivelmente" será reajustada para mais de R$ 3.
Outro lado
A prefeitura de Curitiba diz que assumirá integralmente sua responsabilidade com o subsídio do transporte urbano, e não pode assumir responsabilidades do governo do estado, como é o caso do transporte metropolitano. "Trabalhamos para reduzir a necessidade de subsídios, porém os usuários não podem assumir integralmente a conta. Curitiba também faz parte do Paraná." A gestão municipal também informou que ainda não foi notificada da decisão do estado e que ainda mantém a esperança de manter o transporte e a tarifa metropolitana integrados.