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Caso Tayná

Corregedoria considera delegado Silvan Pereira foragido

A Corregedoria da Polícia Civil informou na manhã desta sexta-feira (19), via assessoria de imprensa, que Silvan Pereira, ex-titular da Delegacia Alto Maracanã, em Colombo, é considerado foragido. Ele teve o pedido de prisão decretada na última quarta-feira (17) com outras 13 pessoas acusadas de torturarem quatro suspeitos presos inicialmente pela morte de Tayná Adriane da Silva, 14 anos. Os jovens teriam sofrido agressões graves para confessar o crime.

No total, nove policiais, um guarda municipal, um policial militar, um agente carcerário e um homem – que já estava detido por outro crime – estão presos. Os nove policiais civis foram levados para a Delegacia de Furtos e Roubos de Veículos (DFRV). O PM está detido no Quartel da Polícia Militar.

Não foi divulgado o local para o qual o Guarda Municipal foi levado. Também não se sabe para onde o homem - que já estava detido - foi transferido.

Silvan é o único que ainda não está detido. Segundo a assessoria de imprensa da Polícia Civil, o delegado passou a ser considerado foragido depois de ter vencido um prazo de 24 horas a partir da emissão do mandado de prisão. O órgão informou ainda que diligências são feitas para encontrar o delegado e levá-lo ao local onde estão os outros detidos suspeitos de envolvimento no caso de tortura.

A reportagem tentou entrar em contato com o advogado de defesa Cláudio Dalledone Júnior, que representa Silvan, mas até ao meio-dia ele não atendeu o celular. No escritório dele, a informação foi de que o advogado estava em uma reunião e que retornaria a ligação à reportagem assim que pudesse. O celular pessoal do delegado Silvan esteve desligado durante toda a manhã.

Mandados de busca e apreensão

O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) confirmou, via assessoria de imprensa, que cumpriu seis mandados de busca e apreensão nesta quinta-feira (18). O material foi apreendido nas delegacias Alto Maracanã, de Araucária e Campo Largo – por onde passaram os quatro suspeitos presos e que teriam sido torturado – e em três residências de policiais. Segundo o órgão, o material está sob análise, mas nenhum detalhe sobre do que se tratam os bens apreendidos será divulgado para não atrapalhar as investigações.

Sindicatos de polícia repudiam investigações de tortura

O Sindicato dos Delegados de Polícia do Paraná (Sidepol) divulgou nota em que repudia a "forma diferenciada" como membros do Gaeco tratam o caso. O texto cita que o reconhecimento fotográfico pelos quatro presos, utilizado para apontar quais policiais teriam participado da tortura, é uma "prova irrelevante, pois é óbvio que todos os policiais que participaram das diligências visando apurar a morte da adolescente Tayná seriam reconhecidos."

A entidade defende ainda que o conjunto dos relatos feitos pelos quatro suspeitos presos inicialmente pela morte da adolescente "foi recebido como verdade incontestável. Nossos Policiais poderiam ser intimados para serem ouvidos, portanto a prisão é uma medida injusta, covarde, absurda e temerária. Todas as medidas necessárias serão adotadas para corrigir esta insanidade", relata o documento.

O Sindicato das Classes Policiais Civis do Paraná (Sinclapol) também saiu em defesa dos policiais. Em nota, a organização defende que policiais que não estavam trabalhando no dia em que é apontada a ocorrência de tortura estão presos. "Todos os Policiais são servidores públicos, com ocupação lícita, residência fixa, endereço conhecido e dispostos a comparecer a todos os chamados da Justiça e mesmo assim isto foi desconsiderado na análise do pressuposto de assegurar a aplicação da lei penal", critica o Sinclapol.

Entenda o caso

A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.

No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

No dia 12, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos pelo crime. Nesse meio tempo, no dia 13, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15, pela manhã, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. Também no dia 15, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

Nesta quinta-feira (18), os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12, dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura, foram detidos (a maior parte deles se entregou espontaneamente. Na manhã de sexta-feira (19), apenas o ex-titular da Delegacia Alto Maracanã, Silvan Pereira, ainda não tinha sido preso e a Corregedoria da Polícia Civil passou a considerar o delegado como foragido.

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