A Polícia Civil confirmou, na noite desta segunda-feira (29), que a Justiça de Colombo concedeu liberdade provisória a dois policiais civis acusados de participação na tortura dos quatro suspeitos iniciais do assassinato da adolescente Tayná da Silva, no final de junho. Os agentes soltos foram Lucas Garcia e José Paulo de Freitas e Silva que são defendidos por advogados diferentes.
André Romero, que representa Lucas Garcia e outros seis policiais no caso, afirma que o pedido de soltura a todos os seus clientes foi feito na última terça-feira (23). Ainda na noite desta segunda, o advogado afirma que tentará obter a liberdade dos demais.
Gaeco conclui investigação
O Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério público, concluiu nesta segunda o inquérito dos 15 acusados. O órgão tem até a próxima sexta-feira (2) para oferecer denúncia contra os suspeitos. O coordenador do Gaeco, Leonir Batisti, garante que haverá policiais denunciados, mas não assegura se todos serão. "Pretendemos formalizar a denúncia o quanto antes, mas ainda não podemos adiantar quem foi considerado culpado após as investigações", afirmou.
Entenda o caso
A adolescente Tayná Adriane da Silva, de 14 anos, desapareceu no dia 25 de junho quando voltava da casa de uma amiga, nas proximidades de um parque de diversões, em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba. O corpo da menina foi encontrado no dia 28 de junho. Três dos quatro suspeitos, presos no dia anterior, confessaram ter estuprado e matado Tayná. Um deles não teria participado diretamente do crime. No mesmo dia, o parque de diversões foi depredado e incendiado por moradores da região.
No dia 2 de julho, a perita do Instituto de Criminalística, Jussara Joeckel, afirmou que a adolescente poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial das investigações. Mesmo com as contradições, a Polícia Civil finaliza o inquérito no dia 5 de julho com a conclusão de que os quatro suspeitos estupraram e estrangularam a adolescente. Porém, no dia 9 de julho o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.
Este laudo gerou uma mudança no comando da investigação policial do crime, que já contava, desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.
No dia 12, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos pelo crime. Nesse meio tempo, no dia 13, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.
No dia 15, pela manhã, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. Também no dia 15, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.
No dia 18 de julho, os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12, dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura, foram detidos (a maior parte deles se entregou espontaneamente. O delegado Silvan Pereira, considerado foragido, foi detido no dia 19 de julho.
Na última sexta-feira (26), o Gaeco ouviu seis dos 15 policiais acusados de tortura. Nove deles, no entanto, optaram por não prestar depoimento após instrução do advogado Cláudio Dalledone, que representa os suspeitos. O motivo do silêncio foi a exigência, por parte do Gaeco, de que os depoimentos fossem gravados.
Com as investigações concluídas nesta segunda-feira, o Ministério Público tem até sexta-feira para formalizar denúncia aos policiais. A decisão sobre a liberdade dos treze acusados que seguem detidos cabe à Justiça.
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