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Técnica

Memórias da prancheta

Colocar de pé um vão livre de 65 metros, algo como o comprimento de um prédio de 30 andares. Esse foi o desafio do qual participou o engenheiro civil Shido Ogura, hoje com 75 anos, no fim da década de 1960. Novato lotado no escritório comandado por três profissionais de renome da época e professores da Universidade Federal do Paraná (UFPR) – Ernesto Sperandio Junior, José de Almeidra Neto e Naldo Ayres Vieira –, Ogura fez parte da equipe que criou a solução estrutural para erguer o Palácio Castelo Branco, antigo Instituto de Educação do Paraná, projetado por Oscar Niemeyer em 1967.

Em um tempo anterior à Lei Federal 8.666/1993, que instituiu as regras para licitação e contratos de obras públicas, o escritório fez parte do projeto a convite do governo estadual e, a partir dele, fez história na engenharia do país. Assim como outras várias obras de Niemeyer, esta desafiava a gravidade e a tecnologia da época. "Foi o maior vão livre daquele tempo no país, solucionado com uma viga protendida feita com cabos de aço enormes que foram importados da Suíça e que, posicionados e esticados, empurram toda a cobertura do prédio para cima, lutando contra uma carga natural que força toda a estrutura para baixo", explica Ogura.

Com uma extensão muito grande, a viga também necessitava de uma solução para o trabalho natural de contração e dilatação. "Embaixo de cada pilar das extremidades desse vão foram instalados seis rolos de aço que se movem de acordo com o trabalho da estrutura, mantendo tudo em pé."

Ogura lembra que foi feita uma única visita a Niemeyer, em seu escritório no Rio de Janeiro, para o desenvolvimento da estrutura. "Foi um encontro só, para sabermos se as soluções encontradas não iriam interferir no que ele tinha imaginado para a obra. Ele é uma pessoa muito afável e um profissional genial."

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