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| Foto: Ana Carolina Fernandes/Folhapress

Repercussão

Políticos lamentam morte de arquiteto

" ‘A gente tem que sonhar, senão as coisas não acontecem’, dizia Oscar Niemeyer, o grande brasileiro que perdemos hoje. E poucos sonharam tão intensamente e fizeram tantas coisas acontecer como ele. A sua história não cabe nas pranchetas. Niemeyer foi um revolucionário, o mentor de uma nova arquitetura, bonita, lógica e, como ele mesmo definia, inventiva. Da sinuosidade da curva, Niemeyer desenhou casas, palácios e cidades. Das injustiças do mundo, ele sonhou uma sociedade igualitária. ‘Minha posição diante do mundo é de invariável revolta’, dizia Niemeyer. Uma revolta que inspira a todos que o conheceram. [...] O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida."

Dilma Rousseff, presidente da República.

"O Brasil acaba de perder um dos seus grandes. A genialidade de seus traços, a generosidade de sua alma e a firmeza de suas convicções fazem de Oscar Niemeyer um exemplo para a humanidade. Meu coração chora ao se despedir de um gigante na arte, poesia e coragem. Um homem que viveu na plenitude cada minuto de sua vida, com lado e posição e busca da beleza, da harmonia e justiça. A cidade de São Paulo deve a ele o seu mais bonito parque: o Ibirapuera. E, o mundo, a sua grandeza."

Marta Suplicy, ministra de Estado da Cultura.

"Oscar Niemeyer foi o maior arquiteto do Brasil. Um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas convicções e amado pelo povo brasileiro."

Sérgio Cabral, governador do Rio de Janeiro.

"Sua obra dá testemunho inequívoco da criatividade, elegância e força do povo brasileiro. Niemeyer viveu uma vida muito intensa, caracterizada, inclusive, por uma militância política muito comprometida."

Eduardo Campos, governador de Pernambuco.

"Ao lado do Arquiteto do universo agora está o arquiteto humanista e grande companheiro Oscar Niemeyer. Vida eterna ao camarada!"

Flávio Dino, do PC do B, presidente da Embratur.

  • Niemeyer com o ex-presidente Juscelino Kubitschek

O arquiteto Oscar Niemeyer, de 104 anos, morreu às 21h55 de ontem. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo (zona sul do Rio) desde 2 de novembro, e nos últimos dias o estado clínico dele era grave. Inicialmente vítima de desidratação, Niemeyer também teve problemas nos rins e era submetido a hemodiálise, além de fisioterapia respiratória.

Ontem de manhã o arquiteto sofreu uma parada cardíaca e sua respiração passou a ser mantida por aparelhos. A família de Niemeyer não havia se manifestado até o fechamento dessa edição. Ele completaria 105 anos no próximo dia 15.

Biografia

Oscar Niemeyer nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1907, mesmo ano em que o município recebeu o sistema de luz elétrica. Em 1928, ele se casou com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem permaneceu por 76 anos, até o falecimento dela, em 2004. A filha do casal, a designer e marchand Anna Maria Niemeyer, faleceu em junho deste ano, aos 82 anos. Desde 2006, quando tinha 98 anos, o arquiteto era casado com a sua secretária, Vera Lúcia Cabreira.

Um ano depois de se casar pela primeira vez (1929), Niemeyer passou a integrar a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que, dois anos mais tarde, começou a ser dirigida pelo arquiteto Lúcio Costa. Em 1932, ele passou a atuar profissionalmente no escritório de Costa. Os dois participariam juntos, na década de 1950, do planejamento da nova capital federal, Brasília, a convite do então presidente da República, Juscelino Kubitschek.

Dentre as obras mais célebres assinadas pelo arquiteto carioca estão a sede do Ministério da Educação e Saúde, o antigo MES (1936), quando a capital federal ainda era o Rio de Janeiro, a Igreja da Pampulha (Belo Horizonte – 1940), a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque (1947), o Edifício Copan (São Paulo – 1951),

o Palácio do Planalto (Brasília – 1958), a sede do Partido Comunista Francês (Paris – 1964), o Sambódromo da Marquês de Sapucaí (Rio de Janeiro – 1984) e o Museu de Arte Contemporânea (Niterói – RJ – 1996).

Vida política

Em 1945, Niemeyer filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sempre deixou claro seu alinhamento com o pensamento de Karl Marx. No ano de 1956, idealizou o cenário da peça teatral Orfeu da Conceição, de autoria de Vinícius de Moraes.

Impedido de trabalhar no Brasil pela ditadura militar, Niemeyer se mudou em 1966 para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura. Projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre, atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal. Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980.

Ao longo de sua vida, recebeu diversas condecorações em reconhecimento pelo seu trabalho. Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Pritzker – o Oscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha recebeu a honraria, em 2006. Em 2004, Niemeyer também ganhou o Prêmio Imperial da Associação de Arte do Japão (2004).

O corpo do arquiteto será velado no Palácio do Planalto, em Brasília. A presidente Dilma Rousseff ofereceu o palácio à família para o último adeus a Niemeyer. O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, decretou luto de três dias no estado pela morte do arquiteto.

Trajetória

Confira algumas datas importantes da vida e da carreira do arquiteto Oscar Niemeyer

15/12/1907 – Nasce no Rio de Janeiro Oscar Ribeiro de Almeida Niemeyer Soares Filho

1934 – Forma-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro

1936 – Conhece Le Corbusier

1945 – Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro

1947 – Seu projeto é selecionado como base para a sede das Nações Unidas, em Nova York

1951 – Projeta o Ibirapuera e o Copan, em São Paulo

1954 – Inaugura obras no complexo Ibirapuera para a exposição dos 400 anos de São Paulo

1956 – Organiza o concurso para escolha do Plano Piloto de Brasília

1958 – Inaugura o Palácio da Alvorada, primeiro edifício brasiliense

1960 – Brasília é oficialmente inaugurada

1963 – Recebe o Prêmio Lênin Internacional da Paz

1968 – Projeta a sede da editora Mondadori, na Itália

1972 – Abre escritório em Paris

1983 – Projeta o Sambódromo, no Rio

1989 – O Memorial da América Latina é inaugurado

1991 – Projeta o Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ)

1997 – Inicia os estudos para o Caminho Niemeyer, em Niterói

2001 – Projeta um anexo para o hotel Copacabana Palace (Rio) e um centro de memória no antigo DOI-Codi (São Paulo)

2002 – É inaugurado o Museu Oscar Niemeyer (MON) em Curitiba.

2003 – Inicia a construção do Auditório Ibirapuera, pensado desde o planejamento do parque

2007 – Completa 100 anos, recebendo a Ordem da Amizade, do governo da Rússia, e a Ordem Nacional da Legião da Honra, da França

2008 – Exposição 100 x 100 Niemeyer percorre diversos países da Europa e América do Sul. Fidel Castro cita sua obra e importância em carta de renúncia

2009 – Conclui os projetos de uma biblioteca em Argel e de uma torre de 60 metros em Niterói, no Rio

2010 – Brasília completa 50 anos. São inaugurados o Auditório de Ravello, na Itália, e a nova sede do governo mineiro, nos arredores de Belo Horizonte, ambos projetos de Niemeyer. Começa a projetar um museu em Havana e lança desenho da Universidade de Música e Artes Cênicas Daisaku Ikeda, em Araraquara (SP)

2011 – Inaugurado o Centro Niemeyer, em Avilés, primeira obra do arquiteto na Espanha. Oito meses depois, no dia do aniversário de 104 anos Niemeyer, 15 de dezembro de 2011, o centro foi fechado. Em meados de 2012, foi reaberto.

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