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Esqueleto do antigo Castello Branco: fascínio | Key Imaguire
Esqueleto do antigo Castello Branco: fascínio| Foto: Key Imaguire

Imagine ser um estudante de Arquitetura, na flor de seus vinte e poucos anos, e presenciar a construção, na sua cidade, de uma obra assinada por Oscar Niemeyer, um profissional estudado em sala de aula e venerado no país inteiro e fora dele. O arquiteto e professor aposentado da Universidade Federal do Paraná (UFPR) Key Imaguire Júnior viveu esse momento único.

Em 1972, durante a construção do Edifício Castello Branco (a obra se iniciou em 1968) – que depois se transformou no Museu Oscar Niemeyer (MON), em 2002 –, Imaguire e seus colegas rumaram para o local e adentraram as instalações do edifício, fascinados. "Em termos de chamar a atenção, não houve obra igual a esta em Curitiba, antes ou depois. Era algo excepcional, e nós fomos lá ver. Isso foi logo após a construção de Brasília (inaugurada em 1960), e o Brasil e o mundo estavam empolgados com a obra dele."

Nas cerca de 15 fotos tiradas por Imaguire, é possível ver o "esqueleto" da obra, a estrela de um projeto maior, polêmico e visionário – o Centro Cívico, marco da arquitetura modernista na cidade. O tamanho do vão livre do edifício gerava comentários eufóricos – afinal, eram 65 metros quadrados, algo então inédito para a época e que só se tornou um recurso arquitetônico comum com o aprimoramento da tecnologia.

Ver uma obra daquela era algo raro, já que projetos daquele porte, embora admirados, eram pouco viáveis. Era comum que o gênio fosse estudado em disciplinas teóricas, como História da Arquitetura Brasileira, mas nas práticas, que envolviam a confecção de projetos, o foco estava concentrado em projetos mais racionais e menos dispendiosos.

A crítica de que o arquiteto privilegiou a questão plástica em detrimento da funcionalidade procede, na visão de Imaguire. "Não é segredo que ele deu mais importância à plasticidade, à luz, ao volume, do que aos aspectos funcionais. Vi muitas palestras dele e na fala dele isso fica muito claro. Existe um boato, que acho que é verdadeiro, de que ele deixava todas as partes de funcionalidade, o trabalho mais pesado, para o pessoal do escritório", brinca.

O professor, que lecionou por 35 anos na UFPR, reconhece a importância de Niemeyer, mas diz que o cenário e a época em que o carioca se projetou eram outros. Exemplo: ele teve a sorte de conhecer pessoas importantes que lhe encomendavam obras e o projetavam para o país e o mundo, como o ex-presidente Juscelino Kubitschek. Hoje, os projetos só podem ser feitos mediante licitação.

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