“Estamos trabalhando com pessoas que ela conhecia ou que se aproximaram. Não foi uma pessoa que chegou de repente”, policial que participa da investigação| Foto: Marcelo Elias / Gazeta do Povo

Judiciário

Redução da pena foi decisão técnica

A decisão de reduzir a pena de Jorge Luiz Pedroso Cunha, preso como suspeito de matar a menina Rachel, foi tomada pelo Tribunal de Justiça do Paraná. Cunha, que cumpriu 18 anos de prisão, deixou a cadeia em 2006, embora estivesse condenado a quase 35 anos de reclusão. Ele foi beneficiado pelo Decreto Presidencial 4.495/02, que na época concedeu milhares de indultos e comutações (reduções) de pena. Cunha havia sido condenado por dois atentados violentos ao pudor, estupro, seqüestro, furto e três homicídios qualificados.

O Conselho Penitenciário do Paraná deu parecer favorável para a redução da pena. Em seguida, a Justiça reduziu em 7 anos a pena inicial. A condenação caiu para 27 anos de prisão, dos quais ele cumpriu 18.

Segundo o ex-conselheiro penitenciário Marcelo Junged, os pareceres emitidos se limitavam a avaliar os requisitos exigidos pelo decreto. "O parecer do conselho foi unânime", lembrou.

Já o conselheiro Dálio Zippin informou que há cinco anos o exame criminológico não é mais exigido para casos como esse. "O exame não consegue dar certeza se a pessoa vai voltar a cometer crime ou não." (JNB)

CARREGANDO :)

Diretora de albergue põe álibi em dúvida

Uma declaração da diretora do albergue Associação Casa Lar Bom Samaritano, Otília Adriano, coloca em dúvida o álibi de Jorge Luiz Pedroso Cunha. O ex-presidiário passou os últimos 90 dias no local, onde fazia alguns serviços em troca da moradia. Por telefone, ela passou informações à reportagem da Gazeta do Povo que se chocam com o que a polícia apurou durante a prisão do suspeito.

Leia a matéria completa

Veja também
  • Suspeito de matar Rachel apresenta álibi, mas continua preso por outro crime
  • Delegacias especializadas se unem para solucionar caso Rachel
  • Menina de 8 anos é estuprada e morta em Castro
Publicidade

Jorge Luiz Pedroso Cunha, 52 anos, preso no domingo, já não é o principal suspeito do assassinato de Rachel Maria Lobo Oliveira Genofre, 9 anos, segundo a polícia. Três motivos levaram a polícia a mudar de idéia: o álibi apresentado (segundo testemunhas ouvidas pela polícia, Cunha estaria trabalhando em um albergue em Itajaí, em Santa Catarina, no dia do crime); falta de semelhanças com o retrato-falado divulgado; e o fato de ele estar com barba grande – segundo a polícia, o assassino de Rachel não estava de barba. "Não daria tempo de a barba dele ter crescido tanto", afirma um dos policiais envolvidos na investigação.

Outro ponto que leva a crer que o assassino de Rachel pode não ser Cunha é o perfil dos crimes dele. Embora tenha uma extensa ficha criminal, Cunha não se caracteriza por ser autor de crimes elaborados friamente. O corpo de Rachel foi encontrado em uma mala na Rodoferroviária de Curitiba, na madrugada de quarta-feira passada com marcas de asfixia e abuso sexual. Tudo indica que tenha sido um crime planejado antecipadamente.

De acordo com a polícia, somente um exame de DNA, entretanto, poderá dizer com certeza se Cunha é ou não o assassino de Rachel. Material genético do assassino recolhido junto ao corpo da vítima será comparado ao de Cunha. Segundo a polícia, Cunha não fez qualquer objeção em realizar o exame e negou ser o autor do crime.

Cunha permanece preso, entretanto, porque havia um mandado de prisão expedido contra ele em 2007 por um crime de atentado violento ao pudor. A vítima teria sido um menino que morava no litoral do estado. "Ele confessou este crime", disse a polícia. O resultado do exame de DNA, segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), deve sair até o fim desta semana. Contudo, o delegado-chefe da Delegacia de Homicídios de Curitiba, Jaime Luz, tenta apressar o resultado.

Cunha permanece custodiado no Centro de Triagem II, de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba. Enquanto isso, a polícia trabalha com, no mínimo, outros três suspeitos do crime que chocou o país.

Publicidade

O progresso das investigações, contudo, esbarra na falta de clareza do retrato-falado feito com base em informações repassadas pelo comerciante que vendeu uma mala semelhante à usada no crime. "Retrato-falado bom é aquele que você diz: ‘Nunca vi um cara assim’. Nós temos recebido até 15 ligações por dia de pessoas que afirmam ter visto ou conhecer uma pessoa com aquelas características. Se eu sair daqui agora e andar pela rua vou encontrar várias pessoas parecidas com a do retrato-falado divulgado", disse um dos policiais que participam da investigação.

De acordo com outro policial, todos os suspeitos que estão sendo investigados pela polícia tiveram contato prévio com Rachel. "Estamos trabalhando com pessoas que ela conhecia ou que se aproximaram. Não foi uma pessoa que chegou de repente", diz. Essa pessoa, segundo a polícia, devia conhecer a rotina de Rachel. "Temos informações de que desde os 7 anos de idade ela andava sozinha de ônibus", conta o policial.

O principal suspeito agora, segundo a polícia, é um homem que veio de fora do estado e já não está mais no Paraná. Esse homem seria um ex-presidiário que já teria passagem por crimes semelhantes. Uma outra característica do assassino, segundo a polícia, é que ele trabalha com serviços braçais.

A Sesp não quis comentar se a polícia investiga a relação do assassinato de Rachel ao encontro do corpo de Alessandra Subtil Betim, 8 anos, na manhã de ontem em um matagal, em Castro. No domingo à noite, familiares de Rachel participaram de uma missa na Igreja Imaculado Coração de Maria em memória da menina.