A defesa do ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa do Paraná Abib Miguel, o Bibinho, dispensou as testemunhas de defesa que seriam ouvidas na audiência desta quinta-feira (9) e a sessão se encerrou por volta de 13h40. A defesa argumentou que as testemunhas de acusação não acrescentaram nenhum elemento novo ao processo.
O procedimento para dar continuidade a ação será a expedição de uma carta precatória para ouvir uma testemunha de acusação em Londrina, no Norte do estado. A expectativa é de que Bibinho possa ir até a cidade para acompanhar esse depoimento. Não há uma data determinada para que essa pessoa seja ouvida. Somente após ouvir essa testemunha é que a juíza Ângela Ramina vai poder marcar a data do depoimento de Bibinho.
Audiência
Abib Miguel, o Bibinho, compareceu à primeira audiência de seu julgamento, na 9ª Vara Criminal de Curitiba, com uma revista de palavras-cruzadas. Ele folheou a publicação algumas vezes enquanto ouvia os depoimentos das testemunhas de acusação, que começaram por volta das 9h45. Ele também sorriu e comentou algumas das declarações feitas pelas testemunhas para seu advogado. Um dos advogados de defesa que acompanhava a sessão estava comum tablet e mostrou algumas páginas de notícias para o Bibinho, que riu.
Antes do início da sessão, o advogado de defesa de Bibinho, Eurolino Sequinel dos Reis, solicitou para a juíza Ângela Ramina que a imprensa não estivesse presente durante os depoimentos e que o Ministério Público atuasse com um promotor, já que ele era apenas um advogado. A juíza analisou os pedidos e negou ambos. Ela disse que a imprensa poderia ficar presente porque o processo era público, desde que ressalvadas as condições de não se fazer imagens e áudios da sessão. Quanto à atuação da promotoria, ela disse que não havia problema por serem dois promotores.
Depoimentos
Seis testemunhas de acusação foram ouvidas. O primeiro a ser ouvido foi Marco Antonio Marconcin, que comandou a sindicância que apurou as irregularidades na assembleia legislativa. Em seu depoimento, ele afirmou que os processos de contratação de funcionários normalmente passavam pela diretoria geral, mas que a sindicância não chegou a uma conclusão sobre a participação de Bibinho.
Em seguida, foi ouvida Thayse Gbur. Ela e o marido, Alessandro Gbur, constavam na lista de funcionários fantasmas da assembleia. Ela disse que o casal nunca trabalhou no local. Eles também não receberam dinheiro, abriram contas ou assinaram documentos. Thayse contou que cedeu documentos ao tio do marido, Daor de Oliveira, que é acusado de participação no esquema e está foragido da justiça. Os documentos foram cedidos porque ela seria beneficiária em um seguro que seria feito por Oliveira. Outras duas pessoas, que são permissionárias de táxi na capital, prestaram depoimento. Elas confirmaram que Eduardo Gbur atuava como taxista e não trabalhava na assembleia.
Antonio Carlos Gulbino, atual diretor de pessoal da assembleia, também foi ouvido. Ele reforçou que não havia como uma contratação de funcionário ser feita sem passar pelo conhecimento do diretor-geral. Cleia Carazzai, que trabalha na diretoria de pessoal da casa, confirmou que havia um livro de registro em que números de atos ficavam em branco para serem preenchidos depois.
Saúde
Até o dia 4 de dezembro, eventuais ausências do ex-diretor em compromissos judiciais estavam justificadas por um atestado médico. Problemas de saúde adiaram, por duas vezes, a ida de Bibinho a juízo. O ex-diretor-geral, que está preso, assim como dois outros ex-diretores da Assembleia, foi submetido a uma cirurgia de hérnia abdominal no Hospital São Lucas, em Curitiba, no início de novembro. A situação levou a juíza a desmembrar do processo as acusações contra Bibinho das que envolvem os demais réus.
O Ministério Público denunciou os réus pelos crimes de desvio de dinheiro público, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica. Além de Abib Miguel, também são réus nesse processo os ex-diretores da Assembleia José Ary Nassiff e Cláudio Marques da Silva e pessoas acusadas de serem funcionárias fantasmas. Os depoimentos de testemunhas de outro processo em que os ex-diretores são acusados dos mesmos crimes, mas envolvendo outros casos de funcionários fantasmas estão marcados para 12 de janeiro.
Dezenas de testemunhas de defesa e de acusação foram convocadas. Na sequência, os réus devem ser ouvidos. Dias depois, a promotoria e os advogados de defesa devem apresentar as considerações finais. Depois disso, a juíza pode proferir a sentença, o que não deve acontecer ainda neste ano. O advogado que representa Bibinho e Nassiff, Eurolino Reis, deu indícios de que o processo pode demorar, já que pretende pedir produção de provas e perícias. "Quero cópia dos depósitos bancários, dos cheques e saber quem assinou", disse ele sobre cheques que, segundo o Ministério Público, teriam sido depositados na conta de Bibinho e de pessoas ligadas a ele.
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