Confira que o Legislativo do Paraná paga fortunas à pessoas que nunca pisaram na Assembleia
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Universitário em Santa Catarina ganhou salários
Aguinaldo Pereira Lima Neto, de 28 anos, estudou Engenharia Ambiental na Universidade do Vale do Itajaí (Univali), em Santa Catarina, de 2002 a 2005. No período, a Assembleia Legislativa do Paraná depositou R$ 520 mil na conta bancária dele. Para conseguir conciliar o trabalho na Assembleia e os estudos em Itajaí, Lima Neto teria de percorrer 220 quilômetros todos os dias cerca de três horas de viagem. Ele é neto do ex-prefeito de Siqueira Campos (Norte Pioneiro) e ex-deputado estadual Aguinaldo Pereira Lima, já falecido.
Lima Neto figura como uma das pessoas que receberam alguns pagamentos mensais da Assembleia acima do teto legal entre os anos de 2004 a 2009. Documentos obtidos pela reportagem revelam que, em maio e setembro de 2006, a Assembleia depositou salários para Lima Neto acima de R$ 30 mil.
Atualmente, ele é dono de um bar em Curitiba. O nome de Lima Neto aparece na relação de funcionários da Assembleia, divulgada em 2009. Ele foi procurado na semana passada para explicar os altos depósitos e se ele de fato dá expediente na Assembleia, já que em pleno horário de trabalho estava no bar e, depois, foi para casa. Lima Neto, no entanto, se recusou a falar.
Para especialistas, pagamentos são ilegais
O pagamento de salários acima de R$ 20 mil na Assembleia do Paraná é ilegal, dizem especialistas ouvidos pela reportagem. De acordo com o artigo 37 da Constituição Federal, os pagamentos (que incluem salários e outros benefícios) a servidores públicos das assembleias legislativas não podem receber mais do que o valor pago a um parlamentar estadual. No caso do Legislativo paranaense, o teto seria R$ 12,2 mil, que é o vencimento dos deputados.
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A Assembleia do Paraná pagou a 73 pessoas salários acima do valor máximo permitido por lei no caso do Legislativo paranaense (R$ 20 mil), entre janeiro de 2004 e abril de 2009. Foram 641 depósitos nas contas bancárias delas, que totalizaram R$ 59,6 milhões.
Dos beneficiários dos supersalários, 41 estão na lista de funcionários divulgada pela Casa em abril de 2009. Desses, 35 são servidores comissionados cargos ocupados sem a necessidade de concurso público. Dezenove pessoas não aparecem nenhuma vez nos mais de 700 diários oficiais da Assembleia consultados pela reportagem da Gazeta do Povo e da RPCTV o que significa que, oficialmente, podem nem ser funcionárias da Casa.
A reportagem procurou algumas dessas pessoas. Dentre elas, há taxista, garçom, pedreiro, empresário, advogada. Alguns nem imaginam o volume de dinheiro que é movimentado em suas contas. Parte diz nunca ter trabalhado para a Assembleia. Outros nem sequer moram no Paraná. São indícios fortes de que, além dos salários acima do que a lei permite, há na Assembleia servidores fantasmas, benefícios a apadrinhados políticos e um possível esquema que usa pessoas inocentes como laranjas para desvio de dinheiro público.
Campeão dos salários
No topo da lista de supersalários está o motorista Wilson Schabatura, de 76 anos, que teve creditado R$ 1,316 milhão em sua conta de 2004 a 2009.
Na semana passada, a reportagem esteve na casa de Schabatura, em São José dos Pinhais, na Grande Curitiba, para ouvi-lo. Mas a residência havia sido alugada a uma família conhecida do motorista. Os moradores informaram que Wilson Schabatura está morando em Porto Seguro, na Bahia. No número que consta da lista telefônica baiana em nome do motorista, ninguém atendeu.Os filhos dele, Carlos Girney e Sérgio Antônio, também receberam vultosas quantias da Assembleia. Carlos recebeu R$ 903 mil e o irmão, R$ 1,2 milhão no período entre 2004 e o início de 2009.
Wilson Schabatura e o filho Sérgio estão na relação de servidores da Assembleia, divulgada em março de 2009. Mas Carlos não consta da lista. Além disso, seu nome não aparece nos diários consultados pela equipe da Gazeta do Povo e da RPCTV.
Bibinho
Parte das pessoas que receberam supersalários da Assembleia de alguma forma está ligada ao diretor-geral da Casa, Abib Miguel, o Bibinho. O casal João Maria Vosilk e Solange Alves Nogueira teve depositados em suas contas, de 2004 a 2009, R$ 2,6 milhões. João Maria é pedreiro e filho de Izidoro Vosilk o jardineiro que trabalha na casa de Bibinho, no bairro Seminário, em Curitiba, conforme mostrou ontem a Gazeta do Povo e a RPCTV. Na conta bancária de João Maria foi depositado R$ 1,298 milhão. Mas os diários de 2006 a 2009 nunca registraram que o pedreiro foi servidor público da Assembleia.
A mulher de João Maria, Solange, aparece na lista dos servidores da Assembleia, mas ela mesma reconhece que trabalha numa loja. O fato, porém, é que a Assembleia depositou R$ 1,311 milhão na conta dela de 2004 a 2009.
Da família Gbur há duas pessoas Pierre e Alessandro que receberam juntos R$ 2,6 milhões da Assembleia no período (R$ 1,291 milhão foi para a conta de Alessandro e R$ 1,282 milhão para a de Pierre).
Os diários oficiais da Casa mostram que Pierre José Gbur foi contratado para trabalhar no gabinete da diretoria-geral, de responsabilidade de Bibinho. Os documentos não trazem a demissão de Pierre, mas os depósitos bancários comprovam que o vínculo permanece.
Pierre trabalha como garçom em uma casa noturna de Curitiba e mora numa residência simples do bairro Boqueirão. Ele recebeu a reportagem no portão de casa e admitiu que nunca trabalhou no Legislativo. "Eu sou garçom", disse. Negou também ter recebido dinheiro da Assembleia. "Não tenho conhecimento dos depósitos. Se tivesse ficado com esse dinheiro, meu carro não estaria com [ordem de] busca e apreensão", disse ele.
A situação de Clori de Oliveira Gbur, mãe do garçom, é semelhante. A Assembleia fez dois depósitos de R$ 35 mil em agosto de 2006 e, dois meses depois, mais um no valor de R$ 31 mil. De 2004 até início de 2009, a conta bancária de Clori recebeu R$ 1,1 milhão da Assembleia. A reportagem não localizou Clori, mas seu filho, Pierre Gbur, falou que ela está se aposentando e que trabalha em um posto de saúde. Segundo ele, a mulher também não recebeu dinheiro da Assembleia.
Ontem, a Gazeta do Povo e a RPCTV já haviam mostrado outros casos de pessoas ligadas a Bibinho em cujas contas foram depositados somas que ultrapassam o teto constitucional. Lorete Prevedelo Pequeno Cury chegou a ter depositados em suas contas até R$ 35 mil mensais. Entre 2004 e início de 2009, foram R$ 1,2 milhão. Ela, que mora em Balneário Camboriú (SC), é filha de Douglas Bastos Pequeno, contador da fazenda de Bibinho em Goiás.
Gina Prevedelo Pequeno, irmã de Lorete, também recebeu em suas contas quantias acima de R$ 20 mil em alguns meses de 2004 a 2009 assim como seu filho, Erick Salles. Viviane Bastos Pequeno, filha da atual esposa do contador do diretor-geral da Casa, também está na lista de supersalários.
A cunhada de Bibinho, Josemi de Lara Cichon, é outra na relação de supersalários. Na conta bancária dela a direção da Casa depositou R$ 460 mil de 2004 ao início de 2009. Josemi não aparece como servidora da Assembleia nos diários oficiais.
A reportagem procurou o diretor-geral do Legislativo para ouvi-lo sobre os servidores que ganham supersalários. Mas não obteve retorno.
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