Unanimidade entre oposição e governo
José Alencar fará falta ao governo e à oposição, segundo paranaenses de campos opostos no cenário político federal. O ministro das Comunicações, Paulo Bernardo, lembra que o ex-vice-presidente foi voz ativa durante a gestão Lula e um amigo e conselheiro de Dilma Rousseff. Já o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias, diz que ele atuava como um "reforço" da oposição ao criticar a condução da política de juros do governo.
Acesso por rampa dá tom popular a velório
Havia uma rampa no meio do caminho entre a população e o velório de José Alencar em Brasília. Pela primeira vez desde a inauguração do Palácio do Planalto, em 1960, todos puderam entrar no edifício pela entrada principal, honraria reservada apenas a autoridades (como ocorreu na visita de Barack Obama há 11 dias). Até o encerramento da visitação pública, às 23 horas, cerca de 8 mil pessoas haviam enfrentado longas filas para se despedir do ex-vice-presidente.
Artigo: Alencar, um empresário estadista
O Brasil hoje é um país melhor, após a passagem do vice-presidente da República, José Alencar, pelo governo. De espírito agregador, muita sabedoria, generosidade e simpatia, esse saudoso amigo emprestou sua praticidade e carisma para construir pontes entre trabalhadores, empresários e lideranças, de modo geral, de forma a alinhar forças em prol do bem geral.
Lula dedica título honoris causa a José Alencar
O ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva dedicou o título de "doutor honoris causa", que recebeu nesta quarta-feira (30) da Universidade de Coimbra, em Portugal, ao ex-vice-presidente José Alencar.
Em discurso emocionado, Lula afirmou que "nada disso teria sido possível sem a colaboração generosa e leal daquele que foi meu parceiro de todas as horas".
Frases de José Alencar
"Se eu morrer agora, é um privilégio para mim, que a situação está tão boa, que não tem como melhorá-la."
Na cerimônia em que recebeu a medalha 25 de Janeiro, durante a comemoração do aniversário de São Paulo. 25/01/2011
"Eu não tenho medo da morte, de forma alguma. O homem tem de ter medo é de perder a honorabilidade, especialmente na vida pública."
Em entrevista ao assumir a vice-Presidência. 2/01/2003
"Só não fui porque não me deixaram ir."
De terno e gravata no quarto do hospital Sírio-Libanês, justificando por que não iria à posse da presidente Dilma Rousseff. 1º/01/2011
Políticos lamentam a perda para o povo brasileiro
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o ex-governador José Serra (PSDB) lamentaram nesta terça-feira (29)a morte do ex-vice-presidente e ex-senador por Minas Gerais José Alencar.
A morte de Alencar acabou esvaziando a sessão solene do Senado que homenagearia os dez anos de falecimento do ex-governador de São Paulo Mário Covas. O evento levou para Brasília lideranças tucanas como Alckmin e Serra. Após breves homenagens ao fundador do PSDB, a sessão foi encerrada e os senadores se revezaram na tribuna para homenagear José Alencar e prestar condolências à família.
Conexão Brasília: José Alencar, uma raridade
O ex-presidente José Alencar ocupou um dos espaços mais interessantes e atípicos da política nacional na última década. Apesar de ser um empresário rico, era alguém com quem as pessoas se identificavam. Mais ainda: torciam por ele.
Internautas usam redes sociais para lamentar morte de Alencar
No Twitter, por exemplo, de terça-feira para quarta (30) foram postadas mais de 154 mil mensagens lamentando a morte de Alencar. Há informações de sites, agências e blogs, mas no geral são mensagens de anônimos.
Muitas mensagens destacam a frase que virou uma espécie de símbolo do ex-vice-presidente: "Não tenho medo da morte, tenho medo da desonra, porque um homem público deve ter medo da desonra". Essa foi a frase mais postada.
- Sonho de Alencar de governar Minas ficou para trás
- Alencar passou de "patrão" a vice bem-humorado
- No Congresso, políticos lamentam morte de José Alencar
- Câmara suspende votações após morte de José Alencar
- "PQ foi o Alencar e não o #Sarney?", diz Secretaria de Cultura de SP no Twitter
- Alencar morreu ao lado da esposa, filhos e netos, diz ex-senador
- Alckmin decreta luto de 7 dias no Estado de São Paulo
- Políticos e autoridades paranaenses lamentam a morte de José Alencar
issa de corpo presente no Palácio da Liberdade. Além de parentes e amigos, assistiram à cerimônia a presidente Dilma e o ex-presidente Lula posicionados um de cada lado do caixão.
O caixão com o corpo do ex-vice-presidente chegou à sede simbólica do governo mineiro, por volta de 10h30, em um carro histórico do Corpo de Bombeiros, o mesmo usado no cortejo do corpo do ex-presidente Tancredo Neves, em 1985, que também foi velado no Palácio da Liberdade.
O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) responsável pelo transporte do corpo do ex-vice-presidente pousou às 9h20, no Aeroporto da Pampulha, em Belo Horizonte, Minas Gerais. Pouco antes, os familiares do ex-vice-presidente já haviam desembarcado no local.
O caixão com o corpo deixou o Palácio do Planalto por volta de 6h30 em um carro funerário rumo ao aeroporto de Brasília, onde um avião decolou rumo a Belo Horizonte. Na capital mineira, Alencar também foi velado. Acompanharam o traslado o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho; o filho de Alencar, Josué Gomes da Silva; e um assessor.
Comoção
Em Belo Horizonte, muitas pessoas, ao passar perto dos jornalistas, aproveitam para manifestar a admiração pelo político mineiro. Uma delas ergueu um cartaz com a seguinte frase ?Obrigada, senhor José Alencar, você me ensinou a fazer política transparente?.
Na entrada do prédio, foram depositadas mais de 200 coroas de flores, com dedicatórias de admiradores de Alencar. Em frente ao Palácio da Liberdade, na praça que tem o mesmo nome, muitas pessoas aguardaram para prestar as últimas homenagens ao ex-vice-presidente, segurando flores e bandeiras.
Durante o traslado, o centro da capital mineira praticamente parou para acompanhar o cortejo com o corpo do ex-vice-presidente José Alencar.
Muitas pessoas acenaram, aplaudiram e tentaram registrar o momento com câmeras de celular. Algumas delas seguravam a bandeira do Brasil, lenços roxos ? demonstrando luto ?, cartazes com agradecimentos, fotos de Alencar e reportagens de jornal falando do ex-vice-presidente.
Até os trabalhadores pararam as obras nos altos dos prédio para acompanhar o carro. Ao passar pela Praça 7, palco do último discurso feito por Alencar, o cortejo foi recebido por uma chuva de papel picado. Esse discurso foi feito durante a campanha pela disputa do segundo turno das eleições presidenciais, quando Alencar mesmo debilitado pelo tratamento do câncer decidiu subir em carro aberto e pedir apoio a Dilma Rousseff.
Ao passar em frente à prefeitura, a sacada do prédio estava tomada por funcionários, e as bandeiras hasteadas a meio mastro em sinal de luto. O cortejo também passou em frente à Câmara de Dirigentes Lojistas, da qual Alencar foi presidente, e muitos funcionário renderam as últimas homenagens.
Tancredo
Um forte aparato de segurança foi montado nas ruas de Belo Horizonte (MG) e no entorno da Praça da Liberdade para o cortejo e velório, aberto ao público, do ex-vice-presidente José Alencar. Segundo a assessoria do governo mineiro, este é o quarto velório realizado no Palácio da Liberdade, antiga sede do Executivo estadual, desde a redemocratização do País, sendo o segundo que terá honrarias de chefe de Estado.
O primeiro foi o do presidente Tancredo Neves, que morreu antes de assumir o cargo, realizado em 23 de abril de 1985. Na ocasião milhares de pessoas foram ao palácio para tentar despedir-se do presidente. A multidão começou a chegar ao local ainda pela manhã, apesar de o corpo só ter desembarcado na capital de tarde. A estimativa da Polícia Militar é de que de que 30 mil pessoas estavam no local no velório de Tancredo. A multidão começou a se espremer e, diante da pressão, parte das grades do palácio não aguentou e veio abaixo. Quando o tumulto terminou, sete pessoas haviam morrido e 271 estavam feridas.
Velório em Brasília
O velório do ex-vice-presidente em Brasília começou às 11h20 desta quarta-feira, no Salão Nobre do Palácio do Planalto. Seis cadetes das Forças Armadas carregaram o caixão para subir a rampa do Palácio. Na chegada, 21 tiros de canhão deram início à homenagem, com honras de chefe de Estado.
Por volta das 11h30, foi iniciada uma missa em homenagem a Alencar. O núncio apostólico do Brasil, Dom Lourenzo Baldisseri, disse que o ex-vice-presidente da República foi um hábil e efetivo negociador do qual o Brasil se lembrará com respeito e admiração.
Em sermão durante missa de corpo presente do ex-vice-presidente, no Salão Nobre do Palácio do Planalto, Baldisseri citou os oito anos em que Alencar, junto com o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estiveram no poder. "O ex-vice-presidente foi uma personalidade equilibrada, serena, de grande visão política, ao lado do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva", disse Baldisseri.
Antes da missa, o presidente em exercício Michel Temer (PMDB), a mulher de Alencar, Marisa Gomes da Silva, e o filho Josué Gomes da Silva foram os primeiros a se aproximar do caixão com o corpo do ex-vice-presidente. Em seguida, outros parentes de Alencar prestaram suas homenagens.
Participaram da missa também ministros e outras autoridades. Na sequência, o velório foi aberto para visitação do público que ficou liberada até as 23h.
A presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva compareceram ao Palácio do Planalto às 21h26 desta quarta-feira (30) para o velório de José Alencar. Os dois cumprimentaram a mulher de Alencar, Mariza, o filho, Josué, e familiares. Lula chorou muito ao lado do caixão e beijou a testa de Alencar. Dilma também se aproximou do caixão e colocou a mão sobre as mãos do ex-vice-presidente.
Ambos estavam em viagem a Portugal e anteciparam o retorno para prestar a última homenagem ao ex-vice-presidente. Os dois embarcaram de Lisboa às 10h55, horário de Brasília, e vieram direto da Base Aérea de Brasília para o Planalto de helicóptero devido ao atraso - a previsão inicial era de que os dois chegassem às 20h.
Dilma foi a Portugal para participar da cerimônia de entrega, pela Universidade de Coimbra, do título ?honoris causa? a Lula. A homenagem ao ex-presidente ocorreu na manhã desta quarta e ele dedicou o título a José Alencar. As reuniões previstas de Dilma como o primeiro-ministro português, José Sócrates, e com o presidente do país europeu, Aníbal Cavaco Silva, foram canceladas.
Após a chegada de Dilma e Lula, teve início uma celebração católica de encomendação do corpo, aberta ao público. Participaram da cerimônia ministros, governadores e os presidentes da Câmara, do Senado e do Supremo Tribunal Federal (José Sarney, Marco Maia e Cezar Peluso), entre outras autoridades.
Dom Dimas Lara Barbosa, secretário-geral da Confederação Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), mencionou o otimismo e fé de Alencar. "Era impressionante o seu otimismo depois de cada cirurgia. Ele dizia: 'não tenho medo da morte. Acredito em Deus'", disse. Ainda segundo Lara Barbosa, o ex-vice-presidente foi um "guerreiro vitorioso".
Durante quase 12 horas, mais de 8 mil pessoas subiram a rampa do palácio para prestar uma homenagem ao ex-vice-presidente. O tempo diante do caixão onde estava o corpo de José Alencar era curto. Apenas alguns segundos. O suficiente para que as pessoas orassem, tirassem fotos, e até entregassem flores, todas recolhidas pela equipe do cerimonial. Desde o começo da manhã, 140 coroas de flores chegaram em homenagem ao ex-vice-presidente.
Morte
O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu às 14h41 desta terça-feira (29) de câncer e falência múltipla dos órgãos, aos 79 anos. A informação foi confirmada pelo boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, divulgado às 15h. Alencar lutava contra um câncer na região do abdome e estava internado no Sírio-Libanês desde segunda-feira (28), com um quadro de suboclusão intestinal.
Desde 1997, ele lutava contra o câncer. Nos últimos 13 anos, Alencar foi internado diversas vezes, passou por um tratamento experimental nos Estados Unidos e se submeteu a dezesseis cirurgias.
Em Portugal, a presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias e confirmou que José Alencar seria velado no Salão Nobre do Palácio do Planalto.
Dilma e Lula se emocionam ao saber da morte
Em Coimbra, muito emocionados e com lágrimas descendo dos olhos, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silma lamentaram profundamente a morte de Alencar. Dilma concedeu entrevista e se desculpou pela declaração que tinha feito momentos antes à imprensa. Ela havia dito que estava acompanhando a situação do ex-vice-presidente com muita preocupação, mas ressalvando que ele "sempre surpreendia", demonstrando esperança.
A presidente esclareceu que, quando fez esse comentário, não sabia que o falecimento já tinha ocorrido. "Não sabíamos que o nosso querido José Alencar já tinha morrido. Nós estamos em um momento de muito sentimento. Eu tenho uma grande honra de ter convivido com ele. Foi presidente da República por mais de oito meses. Estou oferecendo o Palácio do Planalto à família para que o corpo dele seja velado na condição de chefe de Estado", disse a presidente da República.
O ex-presidente Lula, ao lado de Dilma, estava ainda mais emocionado e chegou a chorar fortemente. Lula fez muitos elogios a Alencar e lembrou de quando o conheceu e o escolheu para ser o seu candidato à vice-presidência. Recordou que havia perdido muitas eleições e que sempre tinha a mesma quantidade de votos, em torno de 30%. "Eu precisava do restante e o restante era o Zé Alencar. Quando o conheci, eu disse: encontrei o meu vice", declarou.
Lula salientou a lealdade, a dedicação e a capacidade de trabalho de Alencar, acrescentando que "nunca teve uma vírgula de divergência com ele". O ex-presidente foi mais além nos elogios. "Não existe um vice como o meu. Nós tínhamos um relação de irmãos, de pai e filho", afirmou. "É fácil elogiar quem morre porque todo mundo que morre vira uma pessoa boa. Mas ele é especial", completou.
O ex-presidente contou que estava visitando semanalmente Alencar. Relembrou que na última campanha presidencial, apesar da sua dificuldade, por causa da doença e até uma certa fraqueza Alencar fez questão de subir em um carro e acompanhar Dilma em Belo Horizonte por quatro horas. "Eu tenho de fazer isso para ajudá-la a ganhar", foi a frase de Alencar, relembrada por Lula.
Para Lula "foi um descanso" para Alencar, que "estava sofrendo muito há seis meses". Lula completou dizendo que alguns meses atrás Alencar pediu sua opinião se deveria parar de tomar os medicamentos, pois eram muito agressivos. Lula disse que era a favor de que ele parasse e que vivesse de forma "mais intensa, mais prazerosa" o resto de sua vida. "Vou dedicar o prêmio, amanhã, a ele", afirmou Lula.
Perfil
José Alencar Gomes da Silva nasceu em 17 de outubro de 1931, na localidade de Itamuri, município de Muriaé, na Zona da Mata mineira. Foi o décimo primeiro dos quinze filhos de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva. Aos sete anos, Alencar já trabalhava na loja do pai e aos 14 anos deixou a casa da família para trabalhar de balconista numa loja de armarinhos da cidade de Muriaé.
Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Para isto contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. Na loja ?A Queimadeira? vendia tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas e produtos de armarinho. Em 1967, em parceria com o empresário e político Luiz de Paula Ferreira fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas ? Coteminas.
A Coteminas, um dos maiores grupos industriais têxteis do país, tem mais de 16 mil funcionários e fábricas em seis estados e uma na Argentina. Em 1989 e 1995, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e também vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
José Alencar Gomes da Silva era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e tinha três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Vida pública
Ingressou na carreira política em 1994. Foi candidato ao governo de Minas Gerais pelo PMDB, mas não chegou ao segundo turno. Em 1998, foi eleito senador por Minas Gerais, com praticamente 3 milhões de votos, a segunda maior votação do país. Em 2002, já no PL, foi eleito vice-presidente da República na chapa de Lula. No começo, Alencar gerou polêmica, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Vice-presidente
Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão, mas a pedido do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Renunciou para poder disputar as eleições. Foi reeleito vice-presidente, desta vez pelo PRB, para o mandato 2007/2010.
Saúde
O estado de saúde do vice-presidente sempre foi motivo de preocupação. Em 1997, durante um check-up, Alencar descobriu tumores malignos, um no rim direito e outro no estômago. Desde então, se submeteu a várias cirurgias. Na primeira intervenção, o político perdeu dois terços do estômago e o rim direito. Dois tumores foram retirados.
Três anos depois, em 2000, Alencar descobriu um novo câncer, desta vez na próstata. Ele foi operado e o órgão removido. Em 2004, um cálculo obstruiu a vesícula do vice-presidente, fato que também resultou na remoção do órgão. No ano seguinte, Alencar passou por uma angioplastia para desobstruir as artérias coronárias.
Em 2006, o político foi internado duas vezes, para a retirada de um tumor maligno e de um nódulo no retroperitônio, na região do abdome. Um novo tumor na mesma região foi descoberto, em 2007. José Alencar teve de ser operado outra vez. No segundo semestre de 2008, passa por nova intervenção cirúrgica na região do abdome. Três tumores malignos foram extirpados.
O vice-presidente estava sendo tratado com um medicamento espanhol durante as sessões de quimioterapia. Em janeiro de 2009, com a droga estrangeira não surtindo o efeito esperado, o político passou por uma complexa operação de mais de 17 horas de duração. Um tumor principal e outros oito menores foram retirados. Partes dos intestinos delgado e grosso, além de dois terços do ureter, canal responsável pelo transporte da urina entre o rim e a bexiga, precisaram ser removidas. O ureter foi substituído por uma parte do intestino delgado.
Em maio do mesmo ano, foram descobertos 18 novos tumores malignos na região do abdome. O vice-presidente decidiu viajar para os Estados Unidos para fazer um tratamento experimental. A nova droga ataca as células que provocam o tumor, e o impedem de agir. Em julho de 2009, Alencar passou por outras duas intervenções. A primeira, no dia 9, para desobstruir uma das alças do intestino delgado e a segunda, no dia 24, para tratar a obstrução do intestino grosso em razão de tumores, alguns removidos na cirurgia.
No começo de 2010, Alencar foi submetido a exames apontam anemia e um quadro congestivo pulmonar. O problema seria decorrente da quimioterapia. Em julho, os médicos identificaram uma isquemia cardíaca (deficiência na irrigação sanguínea do coração) e o vice passa por um cateterismo.
Alencar voltou ao hospital com quadro infeccioso em setembro. No mesmo mês, ele foi internado mais uma vez, agora para tratar um edema no pulmão. No final de outubro, foi internado para tratar uma obstrução intestinal. Ele não pode votar no segundo turno das eleições e recebeu a visita do presidente Lula e de Dilma Rousseff no hospital. No dia 23 de novembro, ele sofreu um infarto no miocárdio e passou por mais uma cirurgia para desobstruir o intestino e fez a retirada de parte do tumor do abdome. O vice-presidente passou alguns dias internado na UTI Cardiológica e realizou algumas sessões de hemodiálise, após a equipe médica detectar piora da função renal.
Em 17 de dezembro, Alencar recebeu alta do hospital. Cinco dias depois deu entrada novamente no Hospital Sírio-Libanês com uma hemorragia intensa abdominal. O vice passou por uma cirurgia de emergência, e a equipe médica não conseguiu controlar a hemorragia, pois os tecidos no local estavam fibrosados (colados) e decidiram, assim, encerrar a operação. Alencar chegou a perder quase dois litros de sangue, passou por uma cirurgia, e recebeu antibióticos, plasma, plaquetas e transfusões de sangue. O sangramento foi controlado com medicamentos horas depois.
No dia 23 de dezembro, o vice-presidente recebeu visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e da presidente eleita Dilma Rousseff, e chegou a manifestar o desejo de participar da cerimônia de posse de Dilma, no dia 1º de janeiro. "Espero estar lá e que os médicos me liberem para tomar um golinho", segundo relato da Assessoria de Imprensa do Planalto.
Entretanto, na véspera de Natal, Alencar teve nova piora do quadro clínico. Uma nova hemorragia no abdome foi diagnosticada pelos médicos. Novas sessões de transfusões de sangue foram realizadas e tratamento de hemodiálise. O sangramento era considerado em "moderada quantidade". O quadro impediu Alencar de participar da cerimônia de posse de Dilma Rousseff e do novo vice, Michel Temer.
No discurso de posse, Dilma fez uma homenagem a Alencar. ?Que exemplo de coragem e amor à vida nos deu esse homem?, foram as palavras da presidente eleita. Um dia depois, o vice-presidente Michel Temer visitou Alencar no Hospital em São Paulo.
No dia 3, o ex-vice-presidente reiniciou o tratamento com quimioterapia. Já no papel de ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva visitou José Alencar em São Paulo no dia 18 de janeiro, após voltar de férias. Na oportunidade, ele realizava quimioterapia por via oral. Na visita de Lula, Alencar estava se alimentando normalmente e respirava sem a ajuda de aparelhos.
Homenagem
Em cerimônia que reuniu partidos adversários, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), entregou no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade, a Medalha 25 de Janeiro ao ex-vice-presidente José Alencar. O evento foi o primeiro encontro público da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a posse. Debilitado Alencar chegou de cadeira de rodas acompanhado por uma equipe de médicos. O ex-vice-presidente, emocionado, admitiu que chorou ao saber que Dilma e Lula estariam juntos na homenagem. "Eles vieram e eu achava que não poderia deixar de vir", disse Alencar.
Diante de parentes e políticos de diversos partidos, o ex-vice-presidente discursou por 9 minutos e 40 segundos lembrando os 90 dias de internação. Alencar ainda destacou que durante o tratamento contra o câncer, teve enfarte, edema pulmonar e até hemorragias. Ele também agradeceu o carinho de Kassab e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). "Para mim, (a homenagem) é uma honra muito grande", afirmou.
Alencar só foi liberado para permanecer em casa no dia 26 de janeiro, após mais de um mês internado. Em fevereiro, no dia 9, Alencar voltou a ser internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, devido a um quadro de peritonite, infecção na membrana que protege a cavidade abdominal. No dia 15 de fevereiro, Lula voltou a visitar Alencar. "Você olhando para o José Alencar ele está ótimo. Está maravilhoso, mas quem pode falar [sobre a saúde dele] são os médicos", declarou o ex-presidente na oportunidade. Com um quadro de saúde estável, ele permaneceu internado e no dia 3 de março recebeu nova visita de Lula.
Alencar só recebeu alta no dia 15 de março. Na oportunidade, o médico do ex-vice-presidente disse que Alencar teria que realizar hemodiálise três vezes por semana.
No dia 28 de março, o ex-vice-presidente voltou a apresentar quadro de perfuração abdominal e de peritonite, uma infecção na membrana que protege a cavidade abdominal. Ele precisou ser internado no Hospital Sírio Libanês em São Paulo.
Alencar morreu às 14h41 do dia 29 de março de câncer e falência múltipla dos órgãos.
Acompanhe a cobertura completa sobre a morte de José Alencar
Vídeo: admiradores de Alencar prestam as últimas homenagens ao ex-vice-presidente no Palácio do Planalto
Confira a trajetória de José Alencar
Veja as imagens da despedida
Confira o slideshow com a trajetória de José Alencar
Impasse sobre apoio a Lula provoca racha na bancada evangélica
Símbolo da autonomia do BC, Campos Neto se despede com expectativa de aceleração nos juros
Copom aumenta taxa de juros para 12,25% ao ano e prevê mais duas altas no próximo ano
Eleição de novo líder divide a bancada evangélica; ouça o podcast