Frases de José Alencar
"Se eu morrer agora, é um privilégio para mim, que a situação está tão boa, que não tem como melhorá-la."
Na cerimônia em que recebeu a medalha 25 de Janeiro, durante a comemoração do aniversário de São Paulo. 25/01/2011
"Eu não tenho medo da morte, de forma alguma. O homem tem de ter medo é de perder a honorabilidade, especialmente na vida pública."
Em entrevista ao assumir a vice-Presidência. 2/01/2003
"Só não fui porque não me deixaram ir."
De terno e gravata no quarto do hospital Sírio-Libanês, justificando por que não iria à posse da presidente Dilma Rousseff. 1º/01/2011
Curiosidades sobre a vida de José Alencar
Industrial
Aos 18 anos, emancipado pelo pai, estabeleceu-se como comerciante, abrindo a pequena loja "A Queimadeira". Depois, Alencar trabalhou como viajante comercial, atacadista de cereais, dono de fábrica de macarrão, atacadista de tecidos e industrial do ramo de confecções. Em 1967, em parceria com o empresário Luiz de Paula Ferreira, fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas (Coteminas), que se transformou em um dos maiores grupos industriais têxteis do país.
Políticos e autoridades paranaenses lamentam a morte de José Alencar
A morte do ex-vice-presidenteJosé Alencar está repercutindo entre os políticos e autoridades paranaenses. Alencar morreu na tarde desta terça-feira (29), aos 79 anos, de falência múltipla dos órgãos.
Em entrevista a Gazeta do Povo, o ex-senador Osmar Dias lamentou a morte de Alencar. "Eu gostava muito do Alencar. Convivi muito com ele quando era senador. Sempre almoçávamos juntos e ele me contava muitas histórias sobre a vida dele", conta. Para Osmar, o ex-vice-presidente teve uma vida muito rica. "Foi um vencedor, um trabalhador que chegou a vice-presidente. Era autêntico, ao contrário de muitos políticos por aí", afirma.
Políticos lamentam a perda para o povo brasileiro
O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), e o ex-governador José Serra (PSDB) lamentaram nesta terça-feira (29)a morte do ex-vice-presidente e ex-senador por Minas Gerais José Alencar.
A morte de Alencar acabou esvaziando a sessão solene do Senado que homenagearia os dez anos de falecimento do ex-governador de São Paulo Mário Covas. O evento levou para Brasília lideranças tucanas como Alckmin e Serra. Após breves homenagens ao fundador do PSDB, a sessão foi encerrada e os senadores se revezaram na tribuna para homenagear José Alencar e prestar condolências à família.
Conexão Brasília: José Alencar, uma raridade
O ex-presidente José Alencar ocupou um dos espaços mais interessantes e atípicos da política nacional na última década. Apesar de ser um empresário rico, era alguém com quem as pessoas se identificavam. Mais ainda: torciam por ele.
- Alencar foi recordista como interino
- Sonho de Alencar de governar Minas ficou para trás
- Alencar passou de "patrão" a vice bem-humorado
- No Congresso, políticos lamentam morte de José Alencar
- Câmara suspende votações após morte de José Alencar
- Muriaé, cidade natal de Alencar, decreta luto de 3 dias
- "PQ foi o Alencar e não o #Sarney?", diz Secretaria de Cultura de SP no Twitter
- Alckmin decreta luto de 7 dias no Estado de São Paulo
- Velório de Alencar será no Salão Nobre do Palácio do Planalto
- Alencar morreu ao lado da esposa, filhos e netos, diz ex-senador
O ex-vice-presidente da República José Alencar morreu às 14h41 desta terça-feira (29) de câncer e falência múltipla dos órgãos, aos 79 anos. A informação foi confirmada pelo boletim médico do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, divulgado às 15h. Alencar lutava contra um câncer na região do abdome e estava internado no Sírio-Libanês desde segunda-feira (28), com um quadro de suboclusão intestinal.
Desde 1997, ele lutava contra o câncer. Nos últimos 13 anos, Alencar foi internado diversas vezes, passou por um tratamento experimental nos Estados Unidos e se submeteu a dezesseis cirurgias.
Em Portugal, a presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias e confirmou que José Alencar será velado no Salão Nobre do Palácio do Planalto.
O corpo do ex-vice-presidente deve chegar a Brasília às 8h30 desta quarta-feira (30). Ele será recebido na Base Aérea pelo presidente em exercício, Michel Temer, os presidentes do Senado, José Sarney (PMDB-AP), da Câmara, Marco Maia (PT-RS), e do Supremo Tribunal Federal, Cezar Peluso.
Depois, o corpo será transportado em carro do Corpo de Bombeiros até o Palácio do Planalto e será carregado até o Salão Nobre. O velório deve ser iniciado por volta das 10h30 e será aberto ao público.
Ele também será velado em Belo Horizonte, no Palácio da Liberdade, entre 8h30 e 13 horas de quinta-feira (31), de acordo com informações divulgadas pelo Hospital Sírio-Libanês. Após a cerimônia, o corpo de Alencar será enterrado.
Confira a trajetória de José Alencar
Veja o slideshow com a trajetória de José Alencar
Dilma e Lula se emocionam ao falar de morte
Em Coimbra, muito emocionados e com lágrimas descendo dos olhos, a presidente Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silma lamentaram profundamente a morte de Alencar. Dilma concedeu entrevista e se desculpou pela declaração que tinha feito momentos antes à imprensa. Ela havia dito que estava acompanhando a situação do ex-vice-presidente com muita preocupação, mas ressalvando que ele "sempre surpreendia", demonstrando esperança.
A presidente esclareceu que, quando fez esse comentário, não sabia que o falecimento já tinha ocorrido. "Não sabíamos que o nosso querido José Alencar já tinha morrido. Nós estamos em um momento de muito sentimento. Eu tenho uma grande honra de ter convivido com ele. Foi presidente da República por mais de oito meses. Estou oferecendo o Palácio do Planalto à família para que o corpo dele seja velado na condição de chefe de Estado", disse a presidente da República.
O ex-presidente Lula, ao lado de Dilma, estava ainda mais emocionado e chegou a chorar fortemente. Lula fez muitos elogios a Alencar e lembrou de quando o conheceu e o escolheu para ser o seu candidato à vice-presidência. Recordou que havia perdido muitas eleições e que sempre tinha a mesma quantidade de votos, em torno de 30%. "Eu precisava do restante e o restante era o Zé Alencar. Quando o conheci, eu disse: encontrei o meu vice", declarou.
Lula salientou a lealdade, a dedicação e a capacidade de trabalho de Alencar, acrescentando que "nunca teve uma vírgula de divergência com ele". O ex-presidente foi mais além nos elogios. "Não existe um vice como o meu. Nós tínhamos um relação de irmãos, de pai e filho", afirmou. "É fácil elogiar quem morre porque todo mundo que morre vira uma pessoa boa. Mas ele é especial", completou.
O ex-presidente contou que estava visitando semanalmente Alencar. Relembrou que na última campanha presidencial, apesar da sua dificuldade, por causa da doença e até uma certa fraqueza Alencar fez questão de subir em um carro e acompanhar Dilma em Belo Horizonte por quatro horas. "Eu tenho de fazer isso para ajudá-la a ganhar", foi a frase de Alencar, relembrada por Lula.
Para Lula "foi um descanso" para Alencar, que "estava sofrendo muito há seis meses". Lula completou dizendo que alguns meses atrás Alencar pediu sua opinião se deveria parar de tomar os medicamentos, pois eram muito agressivos. Lula disse que era a favor de que ele parasse e que vivesse de forma "mais intensa, mais prazerosa" o resto de sua vida. "Vou dedicar o prêmio, amanhã, a ele", afirmou Lula.
Perfil
José Alencar Gomes da Silva nasceu em 17 de outubro de 1931, na localidade de Itamuri, município de Muriaé, na Zona da Mata mineira. Foi o décimo primeiro dos quinze filhos de Antônio Gomes da Silva e Dolores Peres Gomes da Silva. Aos sete anos, Alencar já trabalhava na loja do pai e aos 14 anos deixou a casa da família para trabalhar de balconista numa loja de armarinhos da cidade de Muriaé.
Aos dezoito anos, iniciou seu próprio negócio. Para isto contou com a ajuda do irmão Geraldo Gomes da Silva, que lhe emprestou quinze mil cruzeiros. Na loja "A Queimadeira" vendia tecidos, calçados, chapéus, guarda-chuvas, sombrinhas e produtos de armarinho. Em 1967, em parceria com o empresário e político Luiz de Paula Ferreira fundou a Companhia de Tecidos Norte de Minas Coteminas.
A Coteminas, um dos maiores grupos industriais têxteis do país, tem mais de 16 mil funcionários e fábricas em seis estados e uma na Argentina. Em 1989 e 1995, foi presidente da Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) e também vice-presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI).
José Alencar Gomes da Silva era casado com Mariza Campos Gomes da Silva e tinha três filhos: Josué Christiano, Maria da Graça e Patrícia.
Vida pública
Ingressou na carreira política em 1994. Foi candidato ao governo de Minas Gerais pelo PMDB, mas não chegou ao segundo turno. Em 1998, foi eleito senador por Minas Gerais, com praticamente 3 milhões de votos, a segunda maior votação do país. Em 2002, já no PL, foi eleito vice-presidente da República na chapa de Lula. No começo, Alencar gerou polêmica, tendo sido uma voz discordante dentro do governo contra a política econômica defendida pelo ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci.
Vice-presidente
Já a partir de 2004, passou a acumular a vice-presidência com o cargo de ministro da Defesa. Por diversas oportunidades, demonstrou-se reticente quanto à sua permanência em um cargo tão, mas a pedido do presidente Lula, exerceu a função até março de 2006. Renunciou para poder disputar as eleições. Foi reeleito vice-presidente, desta vez pelo PRB, para o mandato 2007/2010.
Saúde
O estado de saúde do vice-presidente sempre foi motivo de preocupação. Em 1997, durante um check-up, Alencar descobriu tumores malignos, um no rim direito e outro no estômago. Desde então, se submeteu a várias cirurgias. Na primeira intervenção, o político perdeu dois terços do estômago e o rim direito. Dois tumores foram retirados.
Três anos depois, em 2000, Alencar descobriu um novo câncer, desta vez na próstata. Ele foi operado e o órgão removido. Em 2004, um cálculo obstruiu a vesícula do vice-presidente, fato que também resultou na remoção do órgão. No ano seguinte, Alencar passou por uma angioplastia para desobstruir as artérias coronárias.
Em 2006, o político foi internado duas vezes, para a retirada de um tumor maligno e de um nódulo no retroperitônio, na região do abdome. Um novo tumor na mesma região foi descoberto, em 2007. José Alencar teve de ser operado outra vez. No segundo semestre de 2008, passa por nova intervenção cirúrgica na região do abdome. Três tumores malignos foram extirpados.
O vice-presidente estava sendo tratado com um medicamento espanhol durante as sessões de quimioterapia. Em janeiro de 2009, com a droga estrangeira não surtindo o efeito esperado, o político passou por uma complexa operação de mais de 17 horas de duração. Um tumor principal e outros oito menores foram retirados. Partes dos intestinos delgado e grosso, além de dois terços do ureter, canal responsável pelo transporte da urina entre o rim e a bexiga, precisaram ser removidas. O ureter foi substituído por uma parte do intestino delgado.
Em maio do mesmo ano, foram descobertos 18 novos tumores malignos na região do abdome. O vice-presidente decidiu viajar para os Estados Unidos para fazer um tratamento experimental. A nova droga ataca as células que provocam o tumor, e o impedem de agir. Em julho de 2009, Alencar passou por outras duas intervenções. A primeira, no dia 9, para desobstruir uma das alças do intestino delgado e a segunda, no dia 24, para tratar a obstrução do intestino grosso em razão de tumores, alguns removidos na cirurgia.
No começo de 2010, Alencar foi submetido a exames apontam anemia e um quadro congestivo pulmonar. O problema seria decorrente da quimioterapia. Em julho, os médicos identificaram uma isquemia cardíaca (deficiência na irrigação sanguínea do coração) e o vice passa por um cateterismo.
Alencar voltou ao hospital com quadro infeccioso em setembro. No mesmo mês, ele foi internado mais uma vez, agora para tratar um edema no pulmão. No final de outubro, foi internado para tratar uma obstrução intestinal. Ele não pode votar no segundo turno das eleições e recebeu a visita do presidente Lula e de Dilma Rousseff no hospital. No dia 23 de novembro, ele sofreu um infarto no miocárdio e passou por mais uma cirurgia para desobstruir o intestino e fez a retirada de parte do tumor do abdome. O vice-presidente passou alguns dias internado na UTI Cardiológica e realizou algumas sessões de hemodiálise, após a equipe médica detectar piora da função renal.
Em 17 de dezembro, Alencar recebeu alta do hospital. Cinco dias depois deu entrada novamente no Hospital Sírio-Libanês com uma hemorragia intensa abdominal. O vice passou por uma cirurgia de emergência, e a equipe médica não conseguiu controlar a hemorragia, pois os tecidos no local estavam fibrosados (colados) e decidiram, assim, encerrar a operação. Alencar chegou a perder quase dois litros de sangue, passou por uma cirurgia, e recebeu antibióticos, plasma, plaquetas e transfusões de sangue. O sangramento foi controlado com medicamentos horas depois.
No dia 23 de dezembro, o vice-presidente recebeu visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e da presidente eleita Dilma Rousseff, e chegou a manifestar o desejo de participar da cerimônia de posse de Dilma, no dia 1º de janeiro. "Espero estar lá e que os médicos me liberem para tomar um golinho", segundo relato da Assessoria de Imprensa do Planalto.
Entretanto, na véspera de Natal, Alencar teve nova piora do quadro clínico. Uma nova hemorragia no abdome foi diagnosticada pelos médicos. Novas sessões de transfusões de sangue foram realizadas e tratamento de hemodiálise. O sangramento era considerado em "moderada quantidade". O quadro impediu Alencar de participar da cerimônia de posse de Dilma Rousseff e do novo vice, Michel Temer.
No discurso de posse, Dilma fez uma homenagem a Alencar. "Que exemplo de coragem e amor à vida nos deu esse homem", foram as palavras da presidente eleita. Um dia depois, o vice-presidente Michel Temer visitou Alencar no Hospital em São Paulo.
No dia 3, o ex-vice-presidente reiniciou o tratamento com quimioterapia. Já no papel de ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva visitou José Alencar em São Paulo no dia 18 de janeiro, após voltar de férias. Na oportunidade, ele realizava quimioterapia por via oral. Na visita de Lula, Alencar estava se alimentando normalmente e respirava sem a ajuda de aparelhos.
Homenagem
Em cerimônia que reuniu partidos adversários, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), entregou no dia 25 de janeiro, aniversário da cidade, a Medalha 25 de Janeiro ao ex-vice-presidente José Alencar. O evento foi o primeiro encontro público da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva após a posse. Debilitado Alencar chegou de cadeira de rodas acompanhado por uma equipe de médicos. O ex-vice-presidente, emocionado, admitiu que chorou ao saber que Dilma e Lula estariam juntos na homenagem. "Eles vieram e eu achava que não poderia deixar de vir", disse Alencar.
Diante de parentes e políticos de diversos partidos, o ex-vice-presidente discursou por 9 minutos e 40 segundos lembrando os 90 dias de internação. Alencar ainda destacou que durante o tratamento contra o câncer, teve enfarte, edema pulmonar e até hemorragias. Ele também agradeceu o carinho de Kassab e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB). "Para mim, (a homenagem) é uma honra muito grande", afirmou.
Alencar só foi liberado para permanecer em casa no dia 26 de janeiro, após mais de um mês internado. Em fevereiro, no dia 9, Alencar voltou a ser internado no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, devido a um quadro de peritonite, infecção na membrana que protege a cavidade abdominal. No dia 15 de fevereiro, Lula voltou a visitar Alencar. "Você olhando para o José Alencar ele está ótimo. Está maravilhoso, mas quem pode falar [sobre a saúde dele] são os médicos", declarou o ex-presidente na oportunidade. Com um quadro de saúde estável, ele permaneceu internado e no dia 3 de março recebeu nova visita de Lula.
Alencar só recebeu alta no dia 15 de março. Na oportunidade, o médico do ex-vice-presidente disse que Alencar teria que realizar hemodiálise três vezes por semana.
No dia 28 de março, o ex-vice-presidente voltou a apresentar quadro de perfuração abdominal e de peritonite, uma infecção na membrana que protege a cavidade abdominal. Ele precisou ser internado no Hospital Sírio Libanês em São Paulo.
Alencar morreu às 14h41 do dia 29 de março de câncer e falência múltipla dos órgãos.
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