Da Europa, o presidente nacional do PSDB, senador Tasso Jereissati (CE), mandou sua assessoria avisar que já está providenciando a convocação de uma reunião da executiva nacional do partido para rever a decisão da bancada tucana que anunciou na quinta-feira apoio à candidatura do petista Arlindo Chinaglia (SP) à presidência da Câmara. Jereissati irritou-se com a notícia de adesão da bancada do partido à campanha do petista, adversário do atual presidente da Casa, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), candidato à reeleição. "O apoio à candidatura de Arlindo Chinaglia não reflete o sentimento geral do partido", disse o senador tucano por meio de sua assessoria de imprensa.
A convocação da Executiva é um movimento importante que pode inviabilizar a resolução da legenda de apoiar Chinaglia, pois são membros deste fórum político líderes como o próprio Jereissati, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o senador Arthur Virgílio (PSDB-AM), o ex-ministro Paulo Renato e o deputado eleito José Aníbal (PSDB-SP). Todos eles manifestaram publicamente contra o apoio.
O apoio dos tucanos provocou também forte reação de Aldo Rebelo, que e falou explicitamente dos acordos que teriam sido feitos entre PT e PSDB envolvendo as assembléias de São Paulo e Bahia, entre outros estados. Aldo mandou um recado para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e disse que Lula sabe da importância de manter uma boa relação entre os poderes e que uma interferência do Executivo na Câmara traria conseqüências indesejáveis para o equilíbrio institucional. Aldo chamou o apoio de escândalo político, e provocou uma resposta de Chinaglia, para quem "os partidos que o apóiam representam a expressão popular".
Reunião da executiva pode estremecer ainda mais relações no partido
A idéia de Tasso é convocar a executiva nacional para uma reunião para depois do dia 20. É provável que essa reunião ajude a estremecer ainda mais relações do presidente do partido com o líder da bancada na Câmara, Jutahy Magalhães (BA), que fez a consulta informal por telefone aos deputados sobre a sucessão na Câmara e anunciou o apoio a Chinaglia. No último encontro da executiva, em dezembro passado, os dois tiveram um duro bate-boca quando Tasso propôs a aprovação de uma resolução que proibiria o PSDB de aceitar convites para compor governos estaduais do PT. Jutahy reagiu imediatamente por considerar que a iniciativa visava única e exclusivamente o PSDB baiano, tendo em vista que o governador Jaques Wagner havia manifestado sua disposição de integrar os tucanos no seu governo de coalizão contra o chamado carlismo.
Devido às implicações políticas da decisão dos deputados tucanos, tendo em vista que a candidatura de Chinaglia estaria sendo articulada pelo ex-ministro José Dirceu, o senador Arthur Virgílio sugere que para a reunião da executiva nacional sejam convidadas as bancadas federais do partido nas duas Casas do Legislativo, além de figuras de expressão do partido. Isso deverá expor ainda mais o racha do partido em relação à disputa na Câmara, já que a decisão do PSDB de apoiar Chinaglia, anunciada na última quinta-feira por Jutahy Magalhães, teve o apoio de duas das principais estrelas do partido, os governadores José Serra (SP) e Aécio Neves (MG). (Para analistas, a decisão de apoiar Chinaglia é boa para o PSDB nos estados, mas expõe o racha do partido).
Se houver recuo na decisão, a candidatura à reeleição do atual presidente da Câmara, Aldo poderá beneficiar-se, já que contava com o apoio do PSDB para garantir viabilização na disputa.
Nesta semana, o PMDB resolveu apoiar oficialmente o PT. Dias depois, foi a vez do PSDB, num processo de consulta informal à bancada feita por telefone.
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