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A Polícia Federal investiga se o deputado estadual Domingos Brazão estaria recebendo algum benefício da máfia dos caça-níqueis. Brazão é apontado pela PF como um dos parlamentares acusados de receber contribuição da máfia dos bingos para sua campanha eleitoral. No inquérito, os investigadores não falam em dinheiro, mas citam solicitações e ofertas mensais de vantagens. São mais de 20 gravações telefônicas, feitas com autorização da Justiça, de conversas entre Domingos Brazão e o policial civil Marcos Bretas, que está preso em Brasília. Bretas é apontado no inquérito da Operação Hurricane como o responsável por fazer pagamentos para políticos e policiais.

A Polícia Federal investiga ainda se uma transferência de mais de R$ 1 milhão de um banco do paraíso fiscal das Ilhas Cayman para uma agência de Nilópolis é dinheiro da contravenção. A conta beneficiada é de um homem que, segundo o inquérito da Operação Furacão, pertence à cúpula da máfia dos caça-níqueis. Nesta sexta-feira, deveria haver um saque, mas o Banco Central bloqueou a conta antes da retirada do dinheiro.

O presidente da Assembléia Legislativa do Rio (Alerj), Jorge Picciani, afirmou, em nota oficial divulgada nesta sexta-feira, que determinou à Procuradoria-Geral da Alerj que requisite à Polícia Federal as informações sobre as denúncias de que parlamentares teriam recebido dinheiro dos contraventores investigados pela Operação Hurricane para o financiamento de campanhas. De acordo com o relatório da PF sete candidatos a deputado estadual nas últimas eleições receberam dinheiro dos contraventores.

Três deles não foram eleitos: Iranildo Campos, Alice Tamborindeguy e Pastor Paulo de Tarso. Outros quatro candidatos, que, segundo a Polícia Federal, teriam sido apoiados pela contravenção, se elegeram: Domingos Brazão e Álvaro Lins, do PMDB , João Pedro Figueira, do DEM, e Marcus Abrahão, do PSL, que, na quinta-feira, negou as acusações.

- Se eu tivesse recebido, eu teria colocado na minha prestação de contas, que foi aprovada pelo Tribunal de Contas e pelo Tribunal Regional Eleitoral. Não tenho nada a esconder. Até porque, se tivesse recebido, seria muito bem vindo - afirmou Abrahão.

O deputado João Pedro Figueira também negou as acusações. Em nota divulgada nesta sexta-feira, o deputado afirma que nunca foi amigo de qualquer um dos investigados pela Polícia Federal. Ele acrescenta que conhece os dirigentes da Liga das Escolas de Samba porque foi secretário de governo da prefeitura da cidade do Rio de Janeiro.

Apesar disso, o inquérito da PF deixa o coordenador da campanha em 2004, e ex-secretário de Governo do prefeito Cesar Maia em situação delicada. De acordo com reportagem publicada nesta sábado pelo jornal 'O Globo', as escutas telefônicas registram uma conversa em setembro do ano passado entre João Pedro e o policial civil Marcos Antônio dos Santos Bretas. A ligação, segundo a PF, aconteceu no dia 5 de setembro do ano passado, na reta final da campanha eleitoral. Os dois marcam um encontro para às 22h, num bar na Barra e acertam a entrega de material de campanha.

Ainda de acordo com a reportagem, Cesar Maia disse que também não conhece Marcão e que "confia inteiramente" nas explicações de João Pedro. Ele defendeu a investigação das ligações, mas levantou a suspeita de que o policial possa ter tentado se aproveitar do candidato, virtualmente eleito segundo pesquisas de opinião.

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