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Peemedebista diz que não pensa em se afastar

BRASÍLIA - Folhapress

Pressionado a se licenciar temporariamente do cargo, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse ontem, por meio de sua assessoria, que a "hipótese de afastamento não está em análise". Segundo os assessores, o peemedebista não está sofrendo pressões de pessoas próximas para deixar o cargo. Aos interlocutores, Sarney disse que esta será uma decisão pessoal.

O presidente do Senado foi alvo de três pedidos oficiais do PSDB, DEM e PDT para deixar o cargo até que as investigações sobre denúncia de irregularidade na Casa sejam concluídas.

A pressão pela saída de Sarney aumentou depois da descoberta que seu neto é dono de uma empresa que negocia contratos de empréstimos consignados com funcionários do Senado. Vários parentes de Sarney também foram empregados em gabinetes de outros senadores por meio de nomeações em atos secretos.

Brasília - Foi uma terça-feira tensa para o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP). Assim que o PSol protocolou na Mesa Diretora uma representação contra ele e o líder do PMDB, senador Renan Calheiros (AL), no fim da manhã, o pior aconteceu: o DEM reuniu sua bancada e os 14 senadores do partido fecharam posição em favor do afastamento de Sarney até que todas as denúncias contra ele sejam apuradas. À tarde, com as manifestações do PDT, do PSDB e de três peemedebistas, Sarney contabilizou 45 senadores (55% da Casa) contra a sua permanência no comando do Senado.

O PSDB sugeriu que ele cedesse a presidência a uma comissão de alto nível para conduzir uma investigação idônea, e os petistas espernearam nos bastidores contra pressões do governo para apoiar aquele que os derrotou na sucessão do Congresso. Até peemedebistas que assinaram uma carta de apoio a Sarney pediram que ele se licenciasse.

"Se eu estivesse em uma situação dessas, pelo menos pediria uma licença, ainda que corresse risco de não voltar (para a presidência)", disse o senador Garibaldi Alves Filho (PMDB-RN) – os senadores peemedebistas Pedro Simon (RS) e Jarbas Vasconcelos (PE) também se opõem à permanência de Sarney na presidência. Em meio à sucessão de apelos para que se retirasse do comando do Senado, Sarney não teve condições políticas de se sentar na cadeira de presidente ontem à tarde. Preocupados, familiares, como a filha e governadora do Maranhão, Roseana Sarney, recomendavam cuidado com a saúde. Ao final do dia, no entanto, o presidente apegou-se à manifestação de solidariedade do governo, levada à tribuna pela líder governista no Congresso, Ideli Salvatti (PT-SC), e reagiu à boataria de renúncia com um comunicado oficial transmitido por sua assessoria: "A questão do afastamento nem sequer está em análise".

O PMDB levou cinco horas para divulgar uma nota de apoio ao presidente da Casa e, ao final, boa parte da bancada considerou o texto fraco. O nome de Sarney só aparece na décima linha. Antes de dizer que aprova as ações de Sarney e que continuará apoiando o presidente, o partido fez questão de destacar que "apoia integralmente a apuração de todos os fatos".

Àquela altura, o clima de guerra já havia contaminado todos os partidos, que acabaram levando as brigas internas para a tribuna. Criticado publicamente pelo primeiro vice-presidente tucano, Marconi Perillo (GO), que se sentiu atingido pela proposta da "comissão de alto nível", o presidente nacional do PSDB respondeu do microfone: "A grande tragédia nos dias de hoje é que não temos mais presidência do Senado, as lideranças não estão se entendendo e estamos vivendo de truculências e incompreensões, de versões e mais versões".

Para evitar que o líder do DEM, senador José Agripino (RN), lhe comunicasse pessoalmente a decisão de abandoná-lo, Sarney recusou-se a recebê-lo em seu gabinete. Demonstrou, assim, a revolta do PMDB com seu maior aliado na disputa eleitoral e na direção do Senado. Em conversas reservadas, a cúpula peemedebista lembrou que o velho PFL carimbara no PMDB a pecha de fisiológico e, agora, remodelados no DEM, atuavam para empurrar para o partido todas as mazelas e desmandos do Senado, embora mantenham o comando da primeira-secretaria, que é uma espécie de prefeitura da Casa.

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