Mesmo se for condenada à pena máxima pelo assassinato dos pais, Suzane von Richthofen poderá estar fora da cadeia em 3 anos. Tudo vai depender do seu comportamento no presídio. A conta foi feita pelo advogado Ademar Gomes, presidente do Conselho da Associação dos Advogados Criminalistas do Estado de São Paulo (Acrimesp).
Segundo ele, supondo que Suzane seja condenada a 60 anos de prisão pelo duplo homicídio (30 anos para cada crime) ela já teria a pena reduzida pela metade por ser ré primária e ter menos de 21 anos na data do crime, em 2002. Ao completar um sexto dos 30 anos de penalidade, ou seja, 5 anos, ela já poderá pedir para cumprir a pena domiciliar (em casa).
- Considerando que ela já ficou 2 anos na cadeia, ela pode requerer o benefício e estar fora das grades em três anos - disse Gomes.
O julgamento está marcado para o dia 5 de junho, mas o promotor Roberto Tardelli dá como certo o adiamento pedido pelos advogados de defesa dela. O argumento é que no mesmo dia estarão sendo julgados também os irmãos Daniel e Cristian Cravinhos, acusados de matarem o casal. A defesa dos dois está baseada em culpar Suzane. A dela, em culpar o ex-namorado.
Suzane, que ficou 9 meses fora da cadeia, voltou a ser presa na última segunda-feira, a pedido do promotor Roberto Tardelli. A Justiça decretou a prisão por considerar que, solta, Suzane poderia intimidar o irmão Andreas. Os dois irmãos brigam na Justiça pela partilha dos bens dos pais.
A advogada de Andreas von Richthofen, Maria Aparecida Cardoso Frosini Lucas Evangelista, disse nesta quarta-feira que o garoto está tendo muita dificuldade de sair às ruas e ir à escola, depois da entrevista de sua irmã ao 'Fantástico', no último domingo.
- Está sendo muito difícil para Andreas manter a privacidade. Ele gostaria de ir à escola sem problemas, mas é sempre assediado - afirmou.
A advogada disse que a família reafirmou que os parentes não querem ficar com a tutela de Suzane.
- Os familiares não podem recebê-la porque não podem garantir a segurança dela ou deles próprios - disse.
Maria Aparecida não quis falar sobre as brigas que Suzane e Andreas teriam tido por causa da herança. Segundo ela, o processo corre em segredo de Justiça e, por isso, não pode ser comentado.
A advogada explicou, porém, que, segundo o Código Civil, os autores, co-autores ou participantes do homicídio doloso não perdem automaticamente direito à herança. Por isso, confirmou, o pedido para que ela seja deserdada partiu do irmão Andreas.
- Mas ela tem o direito de recorrer de eventual sentença aos tribunais superiores se a decisão for negativa para ela. A Justiça brasileira é lenta e o processo é longo e moroso - disse Maria Aparecida, que se recusou a comentar o pedido de Suzane de receber pensão do espólio dos pais.
O promotor Roberto Tardelli teve acesso aos autos do processo de inventário e disse que Suzane se diz usurpada, além de pedir avaliação de todos os bens que estão na casa da família, no Brooklin. No processo ela quer saber até dos cães que tomam conta de uma chácara da família e pede a posse do carro que usou na noite do crime. Segundo o promotor, Suzane teria inicialmente aberto mão de brigar pelo seguro de vida dos pais, mas depois voltou atrás e agora também quer receber sua parte.
- O irmão tem o total direito de pedir a exclusão de Suzane da partilha. Acho muito difícil Suzane ficar com alguma coisa que foi dos pais - disse Ademar Gomes.
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