O comércio exterior do Paraná teve em novembro um desempenho que mostra bem como a crise internacional chegou para valer. As exportações do estado tiveram um tombo de 27%, passando de US$ 1,2 bilhão em outubro para US$ 870 milhões em novembro menor valor embarcado desde fevereiro de 2007. Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a retração foi de 13%. As importações também não passaram ilesas pela turbulência e registraram queda de 35% de setembro para outubro. Assim, a balança comercial teve déficit de US$ 100 milhões, abaixo dos US$ 300 milhões de outubro.
A tendência de retração atingiu em cheio o segmento de veículos automotores e autopeças. Os embarques do setor recuaram de US$ 200 milhões em outubro para US$ 126 milhões em novembro. Dentro dessa categoria estão os carros com motores pequenos (entre 1.0 e 1.5), cuja exportação passou de US$ 40 milhões para zero. A demanda pelo produto simplesmente sumiu. Quedas menores também foram vistas nos segmentos de máquinas, madeira e papel.
"Agora ficou claro que a crise tem efeitos reais. Faltam encomendas do exterior", diz Sávio Ferreira de Souza, diretor-executivo da Pinho International Logistics, uma empresa especializada em serviços de comércio exterior. "O mesmo motivo influencia as importações, porque muitos insumos entram na cadeia da exportação."
Além da demanda fraca, os exportadores continuaram com problemas para encontrar crédito. Após o estouro da crise financeira, em setembro, o custo de se contrair um empréstimo garantido por um embarque passou de 6% ao ano para até 20% ao ano. E não existem sinais de que a normalização esteja próxima. "Os bancos aumentaram as restrições para emprestar e isso acaba com uma das vantagens de exportar, que é ter crédito a custos mais baixos", explica o coordenador do conselho de comércio exterior da Federação das Indústrias do Paraná (Fiep), Ardisson Akel.
Outro fator que influenciou a balança comercial do estado foi a continuação na queda dos preços dos produtos agrícolas. O faturamento com o embarque de soja em grãos caiu pela metade, para US$ 20 milhões, na comparação com setembro, e o embarque de óleo de soja caiu de US$ 47 milhões para US$ 16 milhões. A manutenção na refinaria da Petrobras também contribuiu para a retração, uma vez que os embarques de combustíveis passaram de US$ 25 milhões em novembro de 2007 para zero no mês passado.
"Em novembro houve também o problema no Porto de Itajaí. Quem usava os terminais de lá teve de reorganizar a logística", lembra Ferreira de Souza, da Pinho International. Assim, é possível que haja uma pequena retomada em dezembro e janeiro com o desvio das cargas que deveriam ter sido movimentadas pelo porto catarinense.
Ardisson Akel, da Fiep, avalia que ainda é cedo para dizer que o comércio internacional chegou ao fundo do poço. A diminuição global de estoques, que freou exportações e importações, continua. Enquanto isso, setores que ficam mais competitivos com a desvalorização do real levam tempo para fechar novos contratos. "Pode haver mais retração por causa da crise e cadeias que podem exportar mais, como a do vestuário, demoram até seis meses para retomar as vendas", analisa.
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