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Entenda o caso
Após empatar em 1 a 1 com o Flumimense, na última rodada do Brasileirão deste ano, o Coritiba acabou sendo rebaixado para a segunda divisão. Transtornados, alguns torcedores invadiram o gramado do estádio Couto Pereira e partiram para a agressão contra árbitros, funcionários no clube carioca, seguranças e policiais militares.
Pedaços de pau, cadeiras das arquibancadas, bancos de plástico de repórteres, pedaços de grades e alambrados, e até extintores foram usados como arma pelos torcedores ensandecidos. A PM reagiu e com o apoio da tropa de choque tentou controlar o tumulto. Usou de força e balas de borracha para dispersar os invasores. O estádio ficou parcialmente destruído. Um PM foi atingido e precisou ser carregado. Vários torcedores se machucaram no estádio e nos arredores. A confusão se espalhou pela cidade toda, com muita depredação e mais brigas.
Assustado, o árbitro Leandro Pedro Vuadenrelatou toda a briga em súmula, o que já garantia que ao menos um julgamento o clube iria enfrentar. No dia seguinte o STJD determinou a interdição provisória do Couto Pereira e as imagens ganharam o mundo, causando pedidos de punição severa ao clube. Com a ajuda de denúncias anônimas, alguns torcedores já estão sendo identificados e ajudarão a suavizar uma possível pena.
A Secretaria de Segurança pediu o fim das torcidas organizadas. Dois dias após a confusão, o presidente Jair Cirino repudiou as agressões, rompeu a parceria que tinha com a torcida Império Alviverde (acusada por ele de ser a mentora do quebra-quebra) e garantiu que é candidato à reeleição. Outros candidatos também deverão participar da disputa.
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- RPC TV
Às 5h30 de sábado, em Curitiba, agentes do Centro de Operações Policiais Especiais e da Polícia Militar do Paraná prenderam alguns dos responsáveis pelas cenas de barbárie que chocaram o país no domingo da semana passada (6), após o jogo entre Coritiba x Fluminense.
O grupo chegou ao apartamento do vice-presidente da Império Alviverde, torcida organizada do Coritiba. Os policiais entraram no apartamento e perceberam que o homem poderia fugir. Ele não teve tempo nem de se vestir para fugir, pulou a janela nu e não conseguiu escapar.
Reimáckler Garbóski é um dos muitos torcedores que invadiram o campo do Coritiba quando o time caiu para a segunda divisão, no domingo passado (6). Foi ele quem tentou atirar cadeiras contra policiais militares, conforme mostra o vídeo. "Peguei um banco quebrado que já estava dentro do gramado. Eu jogo meio que sem direção", contou ele.
Na delegacia, Reimáckler tentou se explicar. "Tinham 30 mil torcedores lá. Pergunta pra esses 30 mil torcedores quem não tinha vontade de invadir o gramado", disse Garbóski,
Ele bancou o valentão no estádio, mas, ao ser preso, a história foi outra. "Não me mata, senhor, por favor. Eu tenho família, por favor", pediu o vice-presidente da torcida organizada, enquanto era preso no quintal de casa. E o policial respondeu: "Ninguém vai matar você".
Na operação de sábado (12), a polícia prendeu 15 torcedores. Foram apreendidos drogas, armas e computadores que podem conter indícios de que o ataque foi planejado.
"Que a torcida saiba, não tinha nada premeditado. Se foi feito por outro grupo, a gente não sabe", disse um torcedor. Mas um integrante da mesma torcida contou que a violência foi premeditada sim. "Tem a parte da bateria e a parte dos que brigam, entendeu? Quem é da bateria não briga", explicou o desempregado Renato Marcos Moreira.
Renato aparece em uma foto enfrentando os guardas. Ele é cercado depois de bater em um dos árbitros. "O bandeirinha me deu uma, daí eu dei umas duas nele. Eu não ia invadir. Não ia. Daí acabou o jogo, fiquei com muita raiva. Fiquei cego. Eu quis ir no juiz, porque na minha cabeça ele estava metendo a mão, estava roubando", assumiu Renato.
Na semana passada, outros dois torcedores já tinham sido presos. Um deles pode ser visto no vídeo, sem camisa, tentando atirar cadeiras nos policiais. O outro preso é o que aparece dando uma paulada em um policial que está desacordado.
No presídio, eles procuraram justificar o injustificável. Tentaram colocar a culpa no próprio time. Ao responder em que momento a torcida resolveu entrar em campo, o professor de boxe tailandês Gilson dos Santos disse: "Pior que não teve o último momento, assim, desesperado. O time empatou ali. Estava caindo para a segunda divisão, a galera começou a invadir, invadir o gramado".
O auxiliar mecânico Jeison Lourenço Moreira assumiu: "Um momento de raiva da torcida, um trabalho de um ano inteiro da torcida bonito, a gente apoiando e os jogadores decepcionaram a torcida de um jeito".
Um dos torcedores confessou que queria bater nos jogadores. "É, a intenção era assim, entrar no campo e mostrar para os jogadores que a torcida estava indignada. No caso, não agredir os jogadores, mostrar para eles, assim, que com a torcida não se brinca, com um time centenário, assim. No ano do centenário cair pra segunda divisão é vergonhoso", disse Jeison.
Agora, atrás das grades, dizem que se arrependem. "Sei que eu errei, mas estou pagando por uma coisa que eu sei que eu não errei, porque é uma covardia agredir um policial praticamente caído no gramado. E tinha mulheres policiais".
Juliana Dias, soldado da PM do Paraná confirmou: "Ali também eles também não pensavam quem era homem, era mulher. O intuito deles era agredir e machucar policiais".
Juliana aparece na formação de policiais que tenta conter os vândalos. "A gente estava se protegendo com os escudos, eles tacavam nas nossas pernas, para acertar nossas pernas".
Juliana e os outros policiais passaram então a tentar proteger o soldado Luiz Ricardo Gomide, que desmaiou depois de ter sido agredido pelos torcedores criminosos.
"Ele já estava caído e os torcedores estavam vindo para cima dele. E a gente não pensava se ia ser ferido ou não. Era só tirar ele dali, porque ele estava sangrando muito, e levá-lo para o mais longe possível deles", disse Juliana.
Gomide contou que sofreu traumatismo craniano, fratura no nariz, escoriações na perna e três dentes foram quebrados. "Eu sinto que poderia ter sido o fim. Eu saí de casa, deixei minha família e poderia ter voltado em óbito para casa", disse o policial.
O comerciante Rogério Kowalski também poderia ter morrido. Foi retirado do estádio por um helicóptero da Polícia Rodoviária Federal, com sinais de princípio de infarto. Rogério disse que não invadiu o gramado. Provocado, brigou contra outros torcedores e disse que acabou no campo para buscar socorro.
"Eu tenho uma parcelinha de culpa também, por estar nervoso. O clima estava tenso e eu também estava. Ninguém gosta de ver seu time rebaixado. Nunca me envolvi com briga, nunca. Nunca tive problema em lugar nenhum. É a primeira vez", disse o comerciante. O irmão de Rogério, Álvaro Kowalski, conta que há 30 anos eles participam do Coritiba e nunca foram de torcida organizada.
Para o secretário de Segurança Pública do Paraná, Luiz Fernando Delazari, a torcida organizada é justamente o problema que precisa ser eliminado dos estádios.
"Acho que tem que acabar com as torcidas organizadas. Elas se prestam para alguns poucos ganharem dinheiro e viverem profissionalmente delas, voltarem todas as suas atividades e seus lucros para elas, e para muitos lutarem, brigarem, baterem nas pessoas, quebrarem a cidade e matarem. Ela não pode existir, porque a finalidade dela é uma finalidade criminosa", defende o secretário.
A polícia do Paraná continua a procurar agressores como o homem mostrado em vídeo, que fugiu de Curitiba. Os acusados vão responder por invasão de campo, destruição do patrimônio do clube, lesão corporal e formação de quadrilha. A pena pode chegar a 11 anos de prisão por todos os crimes.
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