Resultado da barbárie
René Simões: "A torcida do Coxa nunca foi violenta"
Presidente da CBF diz que incidente atinge futebol do Paraná
Alunos de artes marciais estão entre os invasores
Ministério Público refuta a ideia de acabar com as organizadas
Violência e paixão estão intrínsecos no futebol
Vítima de selvageria perde três dedos
Finanças e torcida esvaziam pleito
Couto Pereira exibe marcas do pós-guerra
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- Violência deixa prejuízos calculados na casa dos R$ 500 mil
- Marcelinho Paraíba : "Fiquei assustado com tudo aquilo"
O Coritiba apontou a torcida organizada Império Alviverde como a principal responsável pela violência ocorrida após a partida contra o Fluminense, domingo, no Couto Pereira. Por nota oficial e em entrevista do presidente Jair Cirino, o clube afirma que não tem dúvidas de que foram membros e dirigentes da organizada os autores da selvageria e pediu punição exemplar.
"Não só temos certeza absoluta (da autoria da organizada), como imagens e vídeos que temos condizem com essa certeza. Além disso, corrobora as ameaças que sofri pessoalmente", afirmou Cirino, lembrando de quarta-feira passada, quando foi cercado por 30 membros da facção, no Couto Pereira. "Não só me ameaçaram, mas ao patrimônio do clube".
A uniformizada foi aliada da diretoria durante toda a gestão de Cirino. No jantar do centenário, em outubro, uma bandeira da facção adornava o palco do evento, que teve a bateria da Império como atração.Ontem, o dirigente anunciou a tardia ruptura. Avisou que o clube está à frente da identificação dos integrantes da torcida que protagonizaram o quebra-quebra. Ainda não há a conta do prejuízo com o vandalismo, mas estima-se que bata nos R$ 500 mil.
O dirigente explicou o motivo da demora de dois dias para falar. Queria primeiro se reunir com membros dos dois conselhos (Administrativo e Deliberativo) para, de cabeça mais fria, tomar as decisões certas. Estava bem orientado. Leu todo o pronunciamento e depois respondeu a apenas dez perguntas, uma para cada órgão de comunicação que estava presente. Por isso, boa parte das dúvidas sobre o futuro alviverde permaneceu da mesma forma, sem resposta.
O dirigente pouco falou sobre o que, na opinião dele, causou a queda. Tratou apenas de repetir o que já havia dito em várias outras oportunidades. Voltou a falar na semifinal da Copa do Brasil, na contratação de Marcelinho Paraíba e que o Coritiba tinha uma equipe melhor que muitas outras no Brasileiro. Até a ideia de continuar à frente do clube, o que nos bastidores vinha sendo tratado como algo inviável, permaneceu: Cirino é o primeiro candidato para presidir o Alviverde em 2010/11.
"Não seria pela queda que deixaria o projeto de continuar na presidência do clube. Se já era presente com a permanência, se reforçou ainda mais com a queda", disse, para depois afirmar que, se isso ocorrer, continuará "com os mesmos métodos de gestão".
O que deve mudar é boa parte do G9. O grupo deverá ser reformulado. Com o adiamento da eleição para 21 de dezembro e da extensão do prazo de inscrições para as 18 horas do dia 16, o dirigente pretende formar o novo grupo nos próximo dias.
Por ora, garantiu a permanência do gerente de futebol, Felipe Ximenes (João Carlos Vialle e Maurício Cardoso devem sair), do técnico Ney Franco e avisou que fará uma redução radical de gastos para conseguir encaixar a folha de pagamento (atualmente em R$ 1,5 milhão) no orçamento reduzido do ano que vem, quando receberá apenas R$ 500 mil mensais da tevê, dinheiro que, em boa parte, está consignado por empréstimos para pagar.
"Vamos buscar ampliar o número de sócios, investir nas categorias de base, lutar por patrocínios, enxugar a máquina e rever alguns contratos (de atletas)", disse.
Parte dessa redução no orçamento deve vir com a saída de Marcelinho. Segunda-feira à noite, após a entrega do Prêmio Craque Brasileirão, o meia disse ter medo de voltar a Curitiba.
"Fiquei assustado com aquilo tudo. Você logo pensa em como vai proteger a sua família daquilo tudo. Tenho contrato até junho, mas vamos ver o que vai acontecer até o final do ano", afirmou o jogador.
Polícia quer ouvir representantes do Coritiba sobre a confusão
Representantes do Coritiba estão sendo aguardados na sede do Cope (Centro de Operações Especiais) da Polícia Civil, na tarde desta quarta-feira (9), em Curitiba, para prestar esclarecimentos sobre os procedimentos de segurança do clube no dia do jogo com Fluminense, no último domingo. Após a partida, que definiu o rebaixamento do Alviverde, uma confusão generalizada tomou conta do estádio Couto Pereira.
"Queremos saber todos os procedimentos tomados no dia do jogo e saber quem está fazendo ameaças aos dirigentes do clube. Não tivemos uma informação oficial dessas ameaças que continuam acontecendo após o episódio", disse o delegado titular, Miguel Stadler, em entrevista à Gazeta do Povo.
De acordo com o delegado, mais de 30 pessoas já foram ouvidas na sede do Cope. "Ouvimos muito gente no início dessa semana. Esperamos conseguir localizar outros envolvidos na confusão, mas, por enquanto, prendemos apenas dois envolvidos", explicou Stadler.
O segundo invasor do gramado do Couto Pereira, após a partida de domingo, entre Coritiba e Fluminense. Ontem pela manhã, Geison Lourenço Moreira de Lima, 20 anos, foi detido por tentativa de homicídio, com ajuda de imagens de tevê e jornal. Ele é o torcedor que aparece na capa da Gazeta do Povo de segunda-feira, com uma fileira de bancos nas mãos. Anteriormente, já havia sido preso Gilson da Silva, 20 anos, pela agressão ao policial militar Luiz Ricardo Gomide. Ambos estão na delegacia do Centro de Operações Especiais (Cope).
A polícia pede que a população use uma página especial no site da Secretaria de Segurança para mandar imagens e vídeos que possam ajudar na identificação dos envolvidos na confusão. Desta forma, Gilson da Silva e o segundo torcedor preso foram identificados.
Selvageria acaba em interdição
No domingo passado, o pior episódio de violência do futebol paranaense teve a primeira e previsível consequência. O Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) confirmou a interdição cautelar do Estádio Couto Pereira. O palco do confronto provocado por parte da torcida alviverde após o jogo entre Coritiba e Fluminense, no domingo, está fechado até o julgamento em primeira instância, semana que vem. Como o desfecho do processo está previsto só para 2010, o Coritiba começará o ano desabrigado.
A esperada decisão preventiva do tribunal, anunciada na tarde de ontem, encorpou o noticiário policial no qual se transformou o rebaixamento do Coxa. O impacto da queda foi suplantado pelas cenas de violência vistas no domingo em Curitiba. Nem o título brasileiro do Flamengo, após 17 anos, ganhou tamanha repercussão quanto as agressões e vandalismo desencadeados após o empate por 1 a 1, decisivo para o descenso.
A selvageria ganhou a mídia nacional e internacional. Foto de um torcedor ensanguentado ilustrava a página inicial do site espanhol As. "Sangue e pranto no descenso do Coritiba", dizia uma das manchetes.
Na segunda-feira, sem tempo para lágrimas, funcionários do clube começaram a limpeza do estádio. O que era para ser a esperada varredura dos papéis picados usado para a festa no início do jogo se transformou em perícia da polícia técnica e levantamento dos danos, que podem chegar a R$ 500 mil. Mastros de bandeiras, paus, pedras, extintores, caixa de som e até uma calça feminina queimada estavam entre os resquícios da barbárie.
Os gastos serão ainda maiores para consertar falhas na segurança escancaradas pela súmula entregue ontem à tarde pelo árbitro Leandro Vuaden, ao relatar a invasão generalizada e agressões sofridas pelo trio de arbitragem.
O episódio provocou reações na polícia e na Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ao contabilizar os danos a 34 ônibus, em 5 terminais e no atendimento de 20 vítimas inclusive uma enfermeira que perdeu três dedos da mão por causa de uma bomba caseira , o secretário Luiz Fernando Delazzari voltou a defender a extinção das organizadas no estado e a prisão dos culpados.
Nas ruas, os coxas-brancas lamentavam a queda e mais ainda a vergonha pelo vexame protagonizados por parte do público intitulado como torcedor e que ainda trarão estragos às finanças e à imagem do clube.
Patrimônio público destruído
A URBS (Urbanização de Curitiba S/A) apresentou na manhã desta segunda-feira (6) um balanço preliminar da depredação de ônibus no jogo do Coritiba x Fluminense neste domingo.
Segundo o órgão municipal, foram 34 ônibus danificados. Foram 36 janelas, quatro parabrisas, cinco portas e vários braços de poltronas quebradas. Uma bomba caseira foi lançada para dentro do ônibus da linha Vila Macedo, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.
Todos os reparos foram realizados na madrugada desta segunda e os ônibus danificados já voltaram a circular pela cidade. À tarde a Urbs promete divulgar o balanço final dos estragos, com prejuízo total e quais os locais e linhas que sofreram com as ações dos vândalos.
De acordo com levantamento preliminar da Urbs, o estrago causado por torcedores do Coritiba no domingo superou os números de destruição do último Atletiba pelo Brasileiro, no Couto Pereira, em 25 de outubro de 2009.
Na ocasião, foram 28 veículos danificados. O prejuízo ficou em R$ 6,3 mil com estragos apenas em coletivos. Segundo dados da empresa, foram quebrados 48 vidros, quatro alçapões, uma porta e dois parabrisas. De acordo com a Urbs o prejuízo pode ser ainda maior para a população. Os estragos em terminais e estações-tubo ainda não foram contabilizados.
Após o Atletiba, a Urbs estimava que R$ 300 mil foram gastos em 2009 por causa da ação de vândalos em dia de partidas de futebol em Curitiba e região.
O pós-guerra do Couto Pereira
Ao longo de toda esta segunda-feira, funcionários do Coritiba percorreram todo o Couto Pereira juntando os restos da batalha do dia anterior. Cadeiras quebradas, pedaços de madeira e até uma calça feminina queimada foram encontrados. Na ponta da língua, cada pessoa trabalhando tinha o seu relato do terror vivido no domingo. Estima-se que o clube precise de pelo menos R$ 500 mil para deixar o estádio em ordem.
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