Internautas comemoram a saída do presidente Hosni Mubarak
Enquanto os manifestantes comemoram nas ruas do Egito, notícia repercute no resto do mundo através de sites e redes sociais.Leia a matéria completa
Novo líder
Autoridades dos Estados Unidos veem o chefe do Conselho Militar egípcio, Mohamed Husein Tantawi, como um aliado empenhado em evitar uma nova guerra contra Israel, mas no passado o criticaram reservadamente por ser resistente a mudanças políticas e econômicas.
Tantawi, chefe do Supremo Conselho Militar que assumiu o controle do Egito nesta sexta-feira (11), após a renúncia do presidente Hosni Mubarak, conversou por telefone em cinco ocasiões com o secretário norte-americano de Defesa, Robert Gates, desde o início da crise, em 25 de janeiro.
Aos 75 anos, ele serviu o país em três conflitos contra Israel - na crise de Suez, em 1956, e nas guerras de 1967 e 73.
Brasil
O Brasil espera que a transição de poder no Egito, provocada pela renúncia do presidente Hosni Mubarak, seja feita levando em conta as liberdades políticas e civis e também os direitos humanos da população, segundo nota divulgada há pouco pelo Ministério das Relações Exteriores.
Ainda de acordo com a nota, o Brasil espera que a mudança de poder no país africano ocorra em um ambiente de paz e tranquilidade.
O assessor especial para Assuntos Internacionais da Presidência da República, Marco Aurélio Garcia, afirmou nesta sexta-feira (11) que o governo brasileiro vê com "muita simpatia" o fortalecimento do movimento democrático no Egito. Segundo ele, a expectativa internacional é que a transição política no país africano ocorra "sem derramamento de sangue e com respeito aos direitos humanos".
Fatos sobre os 30 anos de Mubarak no poder
- Reuters
* Mubarak, de 82 anos, assumiu o poder depois que militantes islâmicos mataram seu antecessor, Anwar Sadat, em uma parada militar em 1981. Ex-comandante da Força Aérea, Mubarak ficou no poder muito mais tempo do que na época se previa.
* Nas relações internacionais, Mubarak promoveu a paz e, mais recentemente, realizou reformas econômicas. Mas sempre manteve uma linha-dura em relação aos grupos de oposição.
* Resistiu a promover quaisquer mudanças políticas, mesmo quando pressionado pelos Estados Unidos, que concedem bilhões de dólares em ajuda militar ao Egito, entre outras, desde que o país se tornou o primeiro da região a firmar um acordo de paz com Israel, em 1979.
* Mubarak venceu a primeira eleição presidencial da qual tomaram parte vários candidatos, em 2005; grupos de defesa dos direitos humanos e observadores disseram que a eleição foi marcada por irregularidades.
* Na eleição parlamentar realizada em novembro de 2010, o partido governista obteve cerca de 90% das cadeiras, enquanto o principal partido islâmico perdeu todas as suas 88 cadeiras, o que assegurou a Mubarak apoio total do Parlamento e aumentou seu controle sobre o poder.
* Desde a queda no mês passado do líder da Tunísia, Zine al-Abidine Ben Ali, que estava no poder havia muito tempo, os protestos se espalharam pelo mundo árabe, principalmente no Egito, onde a população já se queixava dos preços elevados, pobreza, desemprego e o regime autoritário, exigindo a renúncia de Mubarak.
* Em 25 de janeiro, manifestantes de oposição começaram uma série de protestos ao redor do país pedindo a saída do presidente, que enviou tanques para as ruas numa tentativa de intimidar as pessoas acampadas na praça Tahir, no Cairo.
* Diante da crescente pressão dos manifestantes nas ruas, que avançaram nesta sexta-feira até o palácio presidencial, Mubarak decide renunciar e passar o poder para um Conselho Militar.
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O Egito amanheceu em festa neste sábado (12), no que ficará marcado como a primeira manhã sem o comando do ex-presidente Hosni Mubarak, que apresentou sua renúncia na tarde de sexta-feira (11). A madrugada foi repleta de comemorações pelo fim de 30 anos ditadura no país.
Em Ismailia, ao norte, multidões ainda celebram a vitória do povo egícpio, enquanto que em Suez e Cairo, parte da população também segue comemorando nas ruas e praças que antes eram palco de violência e revolta. Milhares de jovens permanecerem enrolados em bandeiras do país, exibindo o sentimento de patriotismo do povo egípcio.
As três cidades testemunharam alguns dos maiores confrontos entre manifestantes anti e pró Mubarak nas últimas semanas, assim com enfrentamentos com forças de segurança. O Exército iniciou nesta manhã a retirada das barricadas formadas nos arredores da capital Cairo.
Hosni Mubarak, de 82 anos, renunciou ao cargo nesta sexta-feira (11), após um governo de quase 30 anos e que era contestado desde 25 de janeiro por grandes manifestações populares.
Neste sábado, a China divulgou um comunicado no qual deseja que o Egito recupere sua estabilidade e ordem social em breve. A Coreia do Sul manifestou neste sábado que "respeita" a decisão de Hosni Mubarak de renunciar ao cargo de presidente do Egito, e defendeu eleições "livres e justas" no país.
O anúncio da renúncia foi feito pelo recém-nomeado vice-presidente do Egito, Omar Suleiman, em um curto pronunciamento na TV estatal. Mubarak entregou o poder ao Exército, disse Suleiman, com ar grave.
"O presidente Mohammed Hosni Mubarak decidiu deixar o cargo de presidente da república e encarregou o Alto Conselho Militar de cuidar das questões de Estado", disse Suleiman.
Os crescentes protestos que derrubaram Mubarak deixaram mais de 300 mortos e 5.000 feridos. Eles começaram em 25 de janeiro, inspirados pela queda do presidente da Tunísia, e tiveram impulso na internet, que comemorou a queda do ditador.
Espera-se que a queda do regime Mubarak abale outros governos autoritários do mundo árabe.
Ainda não havia detalhes sobre como ocorrerá a transferência.
Um porta-voz disse que o Conselho Militar vai anunciar medidas para uma "fase de transição" no país, segundo comunicado lido na TV estatal. O conselho também disse que "não há alternativa à legitimidade do povo".
O ministro da Defesa, Mohamed Hussein Tantawi, deve ser o chefe do conselho, segundo fontes militares. Ele passou em frente ao palácio presidencial, no Cairo, no início da noite desta sexta, saudando a multidão.
O conselho poderia derrubar o gabinete de ministros de Mubarak, fechar as duas casas do Parlamento e governar diretamente com a Corte Constitucional, segundo a TV Al Arabiya.
O país tem eleições presidenciais marcadas para setembro.
Celebração
A notícia da renúncia, exigida pelos manifestantes, foi imediatamente celebrada com festa nas ruas do Cairo e das outras grandes cidades do Egito.Por volta das 18h locais (14h de Brasília), na lotada Praça Tahrir, que foi o centro nervoso dos protestos, manifestantes cantavam: 'o povo derrubou o governo'.
Manifestantes se abraçavam, e algumas pessoas desmaiaram de emoção. O fato de o Exército participar da transição foi bem recebido pela população nas ruas.
Houve comemorações em outros países árabes, como a Tunísia (assista ao lado), e egípcios celebraram a notícia até em São Paulo.
Oposição
O oposicionista Muhamed ElBaradei, uma das principais figuras dos protestos, disse que o Egito "esperou por décadas" por este dia. Ele afirmou esperar que povo e Exército governem juntos durante o período de transição.
A Irmandade Muçulmana, principal grupo opositor, parabenizou o povo e o Exército do Egito pela notícia. Eles celebraram o fato de que o Exército "cumpriu suas promessas".
O blogueiro Wael Ghonim, um cibermilitante que passou 12 dias preso e virou ícone do movimento, escreveu no seu Twitter: "Parabéns ao Egito, o criminoso deixou o palácio".
Manifestantes que faziam vigília na Praça Tahrir disseram que, após a festa, voltariam para casa.
"Nós podemos finalmente ir para casa!", disse chorando Mohammed Ibhahim, de 38 anos, um dos organizadores dos protestos. "Nós estamos aqui há 18 dias esperando ele ir embora e conseguimos."
EUA e Europa
O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a saída de Mubarak é só o começo, e não o fim do processo de transição no país.
A chefe da diplomacia da União Europeia, Catherine Ashton, disse que respeitava a decisão de Mubarak e pediu diálogo para a formação de um governo de "base ampla" no país.
Fora do Cairo
Mubarak havia partido pouco antes para o balneário de Sharm el Sheij, no Mar Vermelho, a 400 km do Cairo, informou Mohammed Abdellah, porta-voz de seu partido, o Nacional Democrático.
Ele, que tem uma residência no balneário, saiu em meio a mais um dia de grandes protestos de rua.
O governo da Suíça anunciou que vai congelar os possíveis bens de Mubarak no país, segundo a chancelaria.
Exército
Mais cedo nesta sexta-feira, o Exército havia soltado nota prometendo levantar o estado de emergência sob o qual o país vive desde 1981, "assim que as circunstâncias atuais terminassem", em uma aparente demonstração de apoio à transição proposta por Mubarak.
Mas esse comunicado não bastou para que os manifestantes desistissem de marchar.Em Al Arish, no Sinai, confronto entre manifestantes e a polícia deixou um morto e 20 feridos.
Última cartada
Na véspera, Mubarak tentou uma última cartada para continuar no poder até a transição.
Ele frustrou os manifestantes que esperavam sua renúncia imediata e confirmou, em discurso na TV, que pretende continuar no governo até setembro, à frente da transição de poder. Ele também disse que iria transferir poderes ao seu vice.
Sameh Shoukr, embaixador do Egito nos EUA, explicou que Mubarak transferiu todos os poderes da presidência para seu vice, mas permanece do chefe de Estado "de jure" (de direito). O embaixador disse que esta versão lhe foi contada pelo próprio Suleiman.
A decisão de Mubarak de ficar durante a transição irritou ainda mais a população local. Milhares de pessoas passaram a noite na praça Tahrir.
Em um discurso de tom patriótico, Mubarak afirmou que a transição no Egito em crise vai ocorrer "dia após dia" até as eleições presidenciais marcadas para setembro. Ele prometeu proteger a Constituição durante todo o processo.
Mubarak disse que propôs emendas aos artigos 76, 77, 88, 93 e 189, e cancelou o 179, que dava poderes extras ao governo em caso de combate ao terrorismo.
O presidente afirmou que iria transferir poderes a Suleiman, segundo a Constituição, mas não esclareceu quando, até que ponto ou de que maneira isso ocorreria.
Em discurso posterior ao de Mubarak, Suleiman, -que já vinha liderando as negociações com a oposição- se comprometeu a tentar fazer "uma transição pacífica de poder" e pediu que os manifestantes acampados no Cairo voltem para casa.
'Saída honrosa'
O deputado trabalhista israelense Benjamin Ben Eliezer afirmou nesta sexta que Mubarak comentou com ele, em uma conversa por telefone na noite de quinta-feira, pouco antes de seu discurso à nação, que estava buscando uma "saída honrosa".
"Ele sabe que acabou, que é o fim do caminho. Só me disse uma coisa pouco antes de seu discurso, que procurava uma saída", afirmou Ben Eliezer à rádio militar.
Ben Eliezer, que até recentemente foi ministro do Comércio e da Indústria, é considerado o dirigente israelense mais próximo de Mubarak, a quem visitou em várias ocasiões.
Em 1979, o Egito se tornou o primeiro país árabe a assinar um tratado de paz com Israel, e o país tem apoiado os EUA em seus esforços para tentar encerrar o conflito entre israelenses e palestinos. Nesta sexta, a Casa Branca pediu ao novo governo egípcio que respeite a paz com Israel.
Na semana passada, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, alertou para o risco de uma revolução islâmica no Egito, inspirada no modelo iraniano, se o grupo opositor Irmandade Muçulmana eventualmente assumisse o poder.
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