A repercussão de casos de pedofilia ocorridos no Paraná nas últimas semanas causou um aumento de cerca de 40% no número de denúncias ao Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria). O que a princípio pode parecer uma boa notícia, entretanto, tem prejudicado os trabalhos da delegacia: de todas as denúncias registradas nos últimos 30 dias, 80% eram falsas.
De acordo com a Agência Estadual de Notícias (AEN), para cada denúncia recebida, é necessária a instauração de um Auto de Verificação de Procedência (AVP) para apurar a veracidade da informação. É a partir desse procedimento que a autoridade policial toma as medidas cabíveis em cada caso. Para informar a polícia, a população dispõe dos telefones 181, 100, 197, 190, 156 e (41) 3244-3577. Todas as informações são apuradas em completo sigilo.
Segundo a delegada-chefe do Nucria, Eunice Vieira Bonome, com a repercussão na imprensa de casos como o da menina Rachel, encontrada morta dentro de uma mala na rodoviária de Curitiba, algumas pessoas tem utilizado o tema para procurar a polícia e fazer denúncias infundadas.
A maioria das queixas envolve brigas de casal em processo de separação, intrigas de vizinhos e vingança pessoal. "A maioria não passa de vingança para prejudicar outras pessoas. Quanto mais grave é a denúncia, maior é a chance de ser infundada. Por isso, precisamos tomar muito cuidado com as informações que nos chegam", explicou Eunice, à AEN.
O aumento vem acarretando inúmeros problemas, com deslocamento desnecessário de equipes para apurar a veracidade das denúncias. Além disso, os procedimentos desnecessários causam constrangimentos, trazendo desgaste aos agentes, com prejuízos às investigações das denúncias verdadeiras, gerando alto custo operacional.
Denúncias contra crianças
De acordo com informações da AEN, apenas neste ano, foram registrados 682 boletins de ocorrência, metade deles relativos à violência sexual e doméstica e a delitos como ameaças, lesão corporal, atentado violento ao pudor e estupro. Até outubro, foram cumpridos 26 mandados de prisão preventiva, e feitas 20 prisões em flagrante, pela Policia Militar (PM) e pela Guarda Municipal.
"Com a criação do Nucria as pessoas passaram a confiar na polícia para denunciar os casos de abuso contra crianças, que anteriormente não eram registrados. Com isso, nós tivemos aumento significativo em nossos procedimentos de Polícia Judiciária e estamos trabalhando para proporcionar à população atendimento rápido e efetivo", disse a delegada.
Casos de pedofilia chocaram o Paraná
Vários casos de violência contra crianças foram registrados nas últimas semanas no Paraná. O mais recente foi o assassinato da menina Lavínia Rabech da Rosa de 9 anos. A garota foi estrangulada no quarto da casa onde vivia com a família na Vila Esperança, no bairro Atuba, em Curitiba, na madrugada do dia 16. O andarilho de 45 anos, Mariano Torres Ramos Martins, foi preso e confessou o crime. Martins estaria usando crack com a mãe da criança, Maura da Rosa, dentro da residência.
Uma semana antes, uma menina de três anos foi morta a facadas em Querência do Norte, na região Noroeste do Paraná. O corpo de Pâmela Diele Pedra dos Santos foi encontrado a cerca de 500 metros de sua residência. Manoel Aparecido Tenório de Miranda, de 20 anos, foi preso na periferia da cidade. Ele confessou ter assassinado a criança por vingança, pois a mãe da criança se recusava a namorá-lo.
No começo do mês, o corpo da menina Rachel Maria Lobo de Oliveira Genofre, de 9 anos, foi encontrado dentro de uma mala, na Rodoferroviária de Curitiba, com sinais de estrangulamento e violência sexual.
Rachel estava desaparecida desde as 17h30 de segunda-feira (3), quando saiu do Instituto de Educação, onde estudava. A menina ia e voltava para escola sozinha de ônibus. Um homem suspeito de ser o autor do crime chegou a ser preso(9), mas exames de DNA descartaram a participação do suspeito.
Outra vítima da violência foi uma menina de dois anos que teve o corpo parcialmente queimado com álcool. O caso aconteceu em Catanduvas, no Oeste do estado, no dia 5. A criança foi internada no Hospital Evangélico em Curitiba. Edeleu da Silva, 48 anos, suspeito do crime foi preso em flagrante.
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