A polícia trabalha com a hipótese de que o assassino da menina Rachel Genofre, 9 anos, encontrada morta na rodoviária de Curitiba, conheceu a estudante na Biblioteca Pública do Paraná, localizada na região central de Curitiba. Na manhã desta quinta-feira (13), uma equipe do Serviço de Investigação de Criança Desaparecida (Sicride) fez uma vistoria na biblioteca, o que causou tumulto e gerou o rumor de que um suspeito estaria lá, mas nada foi confirmado oficialmente pela polícia.
Uma fonte que participa das investigações afirma que Rachel freqüentava a biblioteca constantemente sem supervisão, mas o prédio não tem câmeras de vigilância, o que pode dificultar as investigações. Em média, 3.500 pessoas entram diariamente na instituição, que tem aproximadamente 6.500 metros quadrados de área construída.
Segundo a polícia, a vistoria na biblioteca tem como o objetivo refazer o cotidiano da criança em busca de indícios que apontem para o culpado pelo assassinato. "Estamos conversando com muitas pessoas e refazendo o dia-a-dia da Rachel em busca de indícios que apontem para a autoria do crime", explicou o delegado do Centro de Operações Policiais Especiais (Cope), Miguel Stadler à Agência Estadual de Notícias.
As investigações sobre o caso Rachel na biblioteca estão sendo mantidas em segredo. O próprio pai da criança foi impedido de ter acesso a uma redação, que está em poder da biblioteca, de autoria da filha. A biblioteca alegou que aguardaria instruções jurídicas, pois a mãe poderia ter o direito sobre a folha com a redação de Rachel. No dia em que Rachel desapareceu, 3 de novembro, ela ganhou o primeiro prêmio do Concurso Infanto-Juvenil de Redação, promovido pela Seção Infantil da Biblioteca Pública do Paraná. Em 2007, ela ganhou o terceiro lugar no mesmo concurso.
A ouvidoria da Biblioteca Pública diz ter recebido ordens expressas da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para não se manifestar sobre o caso. O órgão não quis responder se Rachel tinha ficha na instituição e a freqüência da retirada de livros. Nenhum membro do Sicride quis esclarecer o que foi investigado na biblioteca.
Um funcionário que trabalha na biblioteca, e que não será identificado porque foi proibido de falar com a imprensa, afirmou que a menina era uma freqüentadora da instituição, quase sempre desacompanhada de adultos. O funcionário reconhece que as câmeras ajudariam a tirar dúvidas sobre a hipótese de Rachel ter conhecido seu algoz lá.
Há uma requisição para a instalação de um circuito interno de gravação protocolada no Governo do Paraná (número 07.112.375-8), com data de 9 de setembro de 2008 portanto antes do assassinato de Rachel , mas nada foi feito. O protocolo já tramitou por pelo menos dez instituições do Poder Executivo.
Outras vistorias
De acordo a assessoria da Sesp, policiais também vistoriaram o Instituto de Educação, colégio onde Rachel cursava a 4ª série, e o comércio perto da casa onde morava. Não há descrição de mais detalhes.
No mesmo texto, a secretaria esclarece que a Delegacia de Homicídios ainda preside a força-tarefa montada com outras quatro delegacias especializadas Sicride, Núcleo de Proteção à Criança e ao Adolescente Vítimas de Crimes (Nucria), Divisão Estadual de Narcóticos (Denarc) e Cope. Rumores davam conta de que o delegado Stadler seria o novo comandante da operação, mas o mesmo nega essa informação.
Crime
Rachel estava desaparecida desde as 17h30 do dia 3 de novembro, quando saiu do Instituto de Educação, onde estudava. A menina ia e voltava sozinha do bairro Guaíra, onde morava, até a escola, de ônibus, todos os dias. O desaparecimento já estava sendo investigado desde essa data pelo Sicride.
A mala foi encontrada embaixo de uma das escadas do setor de transporte estadual, por uma família indígena, que estava morando no local havia duas semanas. O corpo estava inteiro, ainda com o uniforme do colégio e apresentava sinais de estrangulamento. Os médicos do IML confirmaram que a menina sofreu violência sexual.
O corpo de Rachel foi enterrado por volta das 10h30 do dia 6 deste mês no Cemitério do Santa Cândida. O sepultamento aconteceu debaixo de muita chuva, acompanhado por mais de 100 pessoas, entre amigos, colegas de escola e familiares.
Os suspeitos
A polícia ouviu o depoimento de um suspeito do assassinato da menina Rachel na tarde da sexta-feira passada (7). O homem, no entanto, não ficou preso e depois de ouvido foi liberado. Mesmo assim, os policiais recolheram amostras para exame de DNA, para comparar com o material encontrado junto com o corpo da menina.
O ex-presidiário Jorge Luiz Pedroso Cunha, de 52 anos, foi preso no domingo (9) em Itajaí, Santa Catarina. Cunha chegou a ser considerado o principal suspeito do crime.
Desenhista, Jorge Cunha cumpriu pena por 18 anos de reclusão. Em 2005, o Conselho Penitenciário do Paraná aprovou, por unanimidade, um pedido de comutação de pena e ele saiu da prisão no ano seguinte. Em 2007, Cunha teria cometido atentado violento ao pudor em uma criança do litoral paranaense. A Justiça expediu mandado de prisão e, por isso, Cunha permanece preso, mesmo que esteja isento do assassinato de Rachel, conforme apontaram exames de DNA.
Na segunda-feira passada (10), cinco delegacias especializadas de Curitiba montaram uma força-tarefa para solucionar o caso.
Serviço
Quem tiver informações que possam ajudar nas investigações sobre o assassinato de Rachel pode entrar em contato com a Delegacia de Homicídios pelos telefones 3363-0121 e 3363-1518. A identidade do informante será mantida em sigilo.