Atualizado em 13/07/06 às 10h50
Os ataques do crime organizado voltaram a atingir a São Paulo na madrugada desta quinta-feira (13). A cidade amanheceu sem ônibus. Das 18 empresas que atuam na cidade, apenas duas funcionaram pela manhã. Na noite desta quarta, a maioria das viações interrompeu o serviço a partir das 20h. O rodízio de veículos foi suspenso. Trens e metrô circulam superlotados.
Pelo menos mais cinco agências bancárias foram atacadas nas últimas horas. Mais um guarda municipal foi morto, durante ronda escolar em Cabreúva . Na quarta, uma criança de 2 anos ficou queimada num ataque incendiário a ônibus em São Vicente. Na Vila Madalena, zona oeste da capital, duas mulheres também se queimaram durante ataque a um ônibus.
Na avenida Cupecê, na zona sul, um carro invadiu de ré uma agência do Banco Itaú e os criminosos atearam fogo nele. A agência foi destruída e caixas eletrônicos derreteram. Um banco da Rua Itapeva, na região da Avenida Paulista, foi alvejado por tiros. Em São Matheus, na zona leste da cidade, uma granada foi atirada num posto de gasolina. Por sorte, ela não explodiu e acabou sendo desativada pela polícia.
No Capão Redondo, na zona sul, tiros acertaram vidros da estação do metrô, mas não houve outros danos. Em Santana do Parnaíba, uma ambulância da Prefeitura foi incendiada. Uma chamada de socorro foi feita e, quando a ambulância chegou ao local, bandidos atearam fogo.
Em Itaquaquecetuba, na zona leste da capital, mais uma revenda de carros foi incendida. Um posto de combustíveis da região foi alvejado por tiros. Bandidos também atiraram contra a unidade da Febem do Itaim Paulista.
Motivo seria listão de Catanduvas
As autoridades dizem que os ataques foram provocados, de novo, pelo temor de presos de serem transferidos para o presídio federal de Catanduvas, na região Oeste do Paraná. (Leia a mais)
Mas não é só isso. A CPI do Tráfico de Armas está vasculhando quase 30 contas de suspeitos de movimentar dinheiro do crime organizado em São Paulo . Nos alvos, os criminosos deixaram bilhetes contra a 'opressão nos presídios'. Além disso, na noite de terça, foi preso um líder da facção criminosa, Emivaldo Silva Santos, conhecido como BH.
Nas duas últimas semanas 15 pessoas - entre agentes penitenciários, policiais civis e militares e um segurança da Justiça Federal - foram assassinados em São Paulo. O ritmo foi de uma morte por dia .
Esta é a segunda onda de ataques à segurança pública e penitenciária desde maio, quando 39 servidores públicos (entre PMs, policiais civis, guardas civis metropolitanos e agentes) foram mortos durante na semana que ficou conhecida como 'semana do horror', entre os dias 12 e 20.
Mais de 80 ataques
Os ataques passam de 80 desde a madrugada de terça-feira. No fim da noite de quarta-feira, o alvo foi o prédio da Câmara Municipal de Juquitiba, na região metropolitana. A explosão quebrou vidros, danificou móveis e o teto do hall de entrada do prédio. Ninguém ficou ferido.
O Sindicato dos Funcionários do Sistema Prisional do estado de São Paulo iniciou à meia-noite uma paralisação parcial de advertência nos 144 presídios da capital e do interior como protesto contra a falta de segurança.
Segundo a SPTrans, a empresa muncipal de transporte, em um balanço divulgado no início da madrugada, foram 48 ônibus queimados apenas na cidade de São Paulo.
Cinco pessoas foram presas suspeitas de participar dos ataques, de acordo com o último balanço da Secretaria de Segurança. Também foram presos dois adolescentes. Vinte e sete cidades foram alvos de ataques. Nove pessoas morreram entre terça e quarta-feira.
O último balanço da Secretaria de Segurança Pública, divulgado às 22h desta quarta, registrava 73 ataques em todo o estado e seis mortes . As vítimas, pelos cálculos da secretária são: um policial militar, a irmã dele, três vigilantes de empresas privadas e um guarda civil, assassinado em Cabreúva, no interior do estado.
As mortes, porém, somam nove se forem incluídos outros três casos: um policial baleado que morreu nesta tarde num hospital da zona norte e o filho de um ex-carcereiro assassinado em São Vicente. Os casos estão sendo tratados como assaltos pela polícia, mas a possibilidade de ligação com os ataques será investigada. No início da noite, um agente de presídio morreu em Campinas.
A maioria dos alvos atingidos são civis - 41 ônibus, 15 bancos , 2 supermercados, 6 revendas de carro e uma loja, segundo balanço da SSP. Mais de 24 automóveis foram destruídos. Ao todo, os alvos civis foram 54. No total, 27 cidades paulistas sofreram com os ataques .
Os dois civis mortos são: Rita de Cássia Lorenzi, de 39 anos, assassinada com um tiro na cabeça. Ela foi morta ao aparecer na janela quando seu irmão, o policial militar Odair José Lorenzoni da Força Tática do 18º Batalhão da PM, estava sendo executado. Ele foi morto a tiros em frente à casa, na Vila Nova Cachoeirinha, nos primeiros minutos da madrugada. Rita, que era empregada doméstica, deixou dois filhos órfãos.
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