Especial Oscar Niemeyer
Gênio, ousado, futurista, comunista, ateu, boêmio, boa-gente, humilde, arrojado, militante... Adjetivos não faltam para descrever uma das personalidades mais marcantes da cultura brasileira e mundial do século 20. Oscar Niemeyer, 104 anos, deixou a arquitetura orfã ontem ao fechar os olhos para sempre. Permanecem o impressionante legado e uma legião de admiradores, do mais simples cidadão brasileiro até a presidente da nação.
Confira o Especial Oscar Niemeyer:
Para além da política, um obcecado pelo traço
"Único no quesito chamar a atenção"
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Espaço completa 10 anos em 2012 como o museu mais visitado do Paraná. Confira a série de reportagens da Gazeta do Povo sobre o marco.
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Curitiba: estudantes prestam homenagens a Niemeyer no MON
Estudantes de arquitetura de três universidades de Curitiba se reuniram no Museu Oscar Niemeyer (MON), no Centro Cívico, na madrugada desta quinta-feira (6), para prestar homenagens ao arquiteto que emprestou o nome ao museu.
MON organiza visitas para relembrar a vida e a obra de Oscar Niemeyer
O Museu Oscar Niemeyer (MON), em Curitiba, vai realizar cinco visitas guiadas pelo espaço para relembrar a vida e a obra de Oscar Niemeyer, arquiteto falecido na noite desta quarta-feira (5) e que projetou o local. De acordo com a assessoria de imprensa do MON as visitas acontecerão nesta quinta-feira (6) e na sexta-feira (7).
Cronologia
15.dez.1907 - Nasce no Rio
1928 - Casa-se com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, e conclui o curso secundário
1934 - Forma-se em arquitetura pela Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro
1935 - Começa a trabalhar no escritório de Lucio Costa
1945 - Filia-se ao Partido Comunista Brasileiro
1956 - Organiza o concurso para escolha do Plano Piloto de Brasília, vencido por Lucio Costa
1963 - Recebe o Prêmio Lênin Internacional da Paz
1983 - Projeta o Sambódromo, no Rio
2007 - Completa 100 anos, recebendo, entre outros títulos, a Ordem da Amizade, do governo da Rússia, e a Ordem Nacional da Legião da Honra, da França
5.dez.2012 - Morre no Hospital Samaritano, no Rio.
Niemeyer na imprensa internacional
O jornal espanhol "El País" chamou o arquiteto de "poeta da curva" e "pensador polifacetado", "o último sobrevivente dos grandes mestres do século 20".
Segundo o diário argentino "Clarín", Niemeyer foi um dos mais emblemáticos nomes da arquitetura moderna do século 20 e um homem fiel às suas convicções".
O "ABC News" fala que o pai da arquitetura moderna construiu uma capital futurista.
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O corpo do arquiteto Oscar Niemeyer foi velado neste final de tarde e começo de noite de terça-feira (6) no Palácio de Planalto, em Brasília. Niemeyer morreu na quarta-feira (5), no Rio de Janeiro, aos 104 anos. O corpo saiu do Rio de Janeiro às 13h, chegou à Base Aérea de Brasília por volta de 14h20 e veio em cortejo pelo Eixo Rodoviário e pelo Eixo Monumental, duas das principais vias da capital federal, chegando ao destino às 15h45. Durante a tarde, a presidente Dilma Rousseff decretou luto oficial de sete dias em todo o país em homenagem ao arquiteto.
Relembre as obras de Oscar Niemeyer
Acompanhe a repercussão da morte de Niemeyer nas redes sociais
Na chegada ao Palácio do Planalto, o corpo de Niemeyer foi recebido pela presidente Dilma, juntamente com a guarda dos Dragões da Independência. Dilma estava acompanhada da viúva do arquiteto, Vera Niemeyer. Até as 16h40, o velório no Palácio foi apenas para parentes e autoridades. Após a abertura para participação do público, a cerimônia foi encerrada às 19h30, meia hora antes do previsto. De acordo com o Planalto, o fim foi antecipado a pedido da família de Niemeyer. A presidente Dilma Rousseff não acompanhou a saída do caixão, mas se despediu da família.
Uma multidão aguardava para prestar as últimas homenagens quando a cerimônia foi aberta. Uma fila foi formada na Praça dos Três Poderes até a rampa de acesso ao Salão Nobre do Palácio do Planalto, onde ocorre a solenidade póstuma. De acordo com a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto e a da Polícia Militar, 3,8 mil pessoas passaram pelo local durante as três horas do velório.
O corpo foi velado no Salão Nobre do Palácio. Mais de 30 coroas de flores foram mandadas para a cerimônia de despedida enviadas, por exemplo, pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Antônio Anastasia e pelos governadores Sérgio Cabral (Rio de Janeiro) e Agnelo Queiroz (Distrito Federal).
Entre as autoridades que acompanharam o velório estão o vice-presidente Michel Temer, os presidentes do Senado, José Sarney, e da Câmara dos Deputados, Marco Maia; do Supremo Tribunal Federal (STF), Joaquim Barbosa; e os governadores Jaques Wagner (Bahia), Agnelo Queiroz (Distrito federal) e Renato Casagrande (Espírito Santo), além de vários ministros do governo.
Após o velório no Palácio do Planalto, o corpo será levado de volta ao Rio de Janeiro, onde será velado no Palácio da Cidade e sepultado amanhã (7) no Cemitério São João Batista, em Botafogo.
Público se emociona
Com lágrimas, cartazes e gestos, o público procurava demonstrar a admiração pelo gênio da arquitetura. A estudante de arquitetura Luiza Solano, 21 anos, não segurou o choro. Nas mãos, um cartaz com uma frase dita por Niemeyer: "A gente tem que sonhar, se não as coisas não acontecem".
"É uma perda profissional e artística muito grande. Foi o talento dele que fez eu tomar a decisão de seguir a mesma profissão. Ele se foi, mas não morre no coração de cada arquiteto que o admirou pelo seu legado artístico", comentou.
A geógrafa Rosemaria Godinho saiu de Montes Claros (MG) e enfrentou cerca de 700 quilômetros de estrada para se despedir do arquiteto. "Vale a pena enfrentar sol, espera e distância para dar o último adeus a Oscar Niemeyer que deixou obras no Brasil e no mundo", disse. A fã espera ainda que os novos profissionais da área continuem o legado do "mestre Niemeyer". "Espero que novos arquitetos continuem sua obra", acrescentou.
Durante a cerimônia, duas presenças foram mais notadas que as demais. A primeira foi de um grupo de manifestantes que protestou contra mudanças propostas pelo governo do Distrito Federal e que, segundo eles, podem descaracterizar Brasília.
A segunda foi a homenagem de militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que leram uma carta e cantaram uma música do movimento em torno do caixão do arquiteto.
Saída do Rio de Janeiro
O avião presidencial com o corpo do arquiteto Oscar Niemeyer decolou às 12h45 do aeroporto Santos Dumont com destino à Brasília. O cortejo chegou ao III Comando Aéreo Regional por volta das 12h20, escoltado por batedores da Guarda Municipal. Parentes fizeram o trajeto, desde o Hospital Samaritano, passando pelo Aterro do Flamengo, em ônibus e também embarcaram no avião.
Uma missa foi celebrada no Hospital Samaritano, no Rio, em homenagem ao arquiteto Oscar Niemeyer, nesta manhã. Familiares e amigos do arquiteto participaram da cerimônia. O artista era ateu.
Mais cedo, o corpo deixou a Santa de Casa de Misericórdia, em Inhaúma, onde foi embalsamado, por volta de 6h30, e foi levado para o hospital, onde o arquiteto faleceu às 21h55 desta quarta-feira (5) e também onde ocorreu a missa. O corpo dele foi vestido com um terno azul marinho e uma camisa listrada, também azul marinho, sua roupa preferida.
Morte
Oscar Niemeyer, principal nome da arquitetura no Brasil, morreu às 21h55 desta quarta-feira (5), aos 104 anos, no Rio de Janeiro. Ele estava internado no Hospital Samaritano, em Botafogo desde 2 de novembro. Inicialmente vítima de desidratação, o arquiteto também teve problemas nos rins e era submetido a hemodiálise, além de fisioterapia respiratória.
Na manhã desta quarta, Niemeyer sofreu uma parada cardíaca e sua respiração passou a ser mantida por aparelhos. A família do arquiteto ainda não se manifestou. O arquiteto completaria 105 anos no próximo dia 15. Niemeyer estava ao lado da mulher, Vera Lúcia, 67, e de sobrinhos e netos no momento da morte. Cerca de dez pessoas o acompanhavam em seu quarto.
Em outubro, ele havia ficado duas semanas no hospital também por causa de uma desidratação. Em maio, o teve pneumonia e chegou a ficar internado na UTI. Recebeu alta depois de 16 dias. Em abril de 2011, foi submetido a cirurgias para a retirada da vesícula e de um tumor no intestino. Na ocasião, ele ficou internado por 12 dias por causa de uma infecção urinária.
Niemeyer deixa a mulher, Vera Lúcia, 67, com quem se casou em 2006. Deixa ainda quatro trinetos, 13 bisnetos e quatro netos, filhos de Anna Maria --sua única filha, morta em junho deste ano aos 82--, fruto de seu casamento com Anita Baldo, de quem ficou viúvo em 2004.
Luto
A presidente Dilma Rousseff divulgou nota nesta quarta-feira (5) na qual lamenta a morte do arquiteto. "O Brasil perdeu hoje um dos seus gênios. É dia de chorar sua morte. É dia de saudar sua vida", escreveu a presidente da República.
Outra nota de pesar foi divulgada peloex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva nesta quinta. "Juntamo-nos a todo o Brasil no luto pela morte do arquiteto Oscar Niemeyer. Ele se vai, mas ficará sempre entre nós, presente nas linhas dos edifícios que plantou no Brasil e em todo o mundo", afirmou em nota publicada pela Instituição Lula.
"A monumental Brasília, onde deixou a marca de sua arte e concentrou seus sonhos de uma cidade que pudesse abrigar com carinho e conforto pobres e ricos, homens comuns e poderosos, será sempre a expressão máxima de sua genialidade e de sua generosidade", completou o ex-presidente.
"Oscar Niemeyer foi o maior arquiteto do Brasil. Um gênio da arquitetura mundial. Doce no trato, firme nas suas convicções e amado pelo povo brasileiro", declarou Sérgio Cabral, governador do Rio em nota. Ele decretou luto oficial de três dias no estado.
O governador Beto Richa também decretou luto oficial de três dias no Paraná. "Oscar Niemeyer foi a expressão mais genial da arquitetura brasileira e um homem sensível, que usou seu talento para engrandecer a humanidade. A obra de Niemeyer tem a exata dimensão da sua genialidade. Saúdo a vida e a grande contribuição que ele deu ao Brasil e ao mundo", disse Richa, nesta quinta-feira, em entrevista à Agência Estadual de Notícias, órgão oficial de comunicação do governo estadual.
Além desses, o governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), decretou luto oficial de sete dias em memória de Oscar Niemeyer.
Biografia
Oscar Niemeyer nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 1907, mesmo ano em que a cidade recebeu o sistema de luz elétrica. Em 1928, ele se casa com Annita Baldo, filha de imigrantes italianos, com quem ficou casado por 76 anos, até o falecimento dela em 2004. A filha do casal, a designer e marchand Anna Maria Niemeyer, faleceu em junho deste ano, aos 82 anos. Desde 2006, quando tinha 98 anos, o arquiteto é casado com a sua secretária Vera Lúcia Cabreira.
Um ano depois de se casar pela primeira vez (1929), Niemeyer passa a integrar a Escola Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro, que, dois anos mais tarde, começou a ser dirigida pelo arquiteto Lúcio Costa. Em 1932, ele passa a atuar profissionalmente no escritório de Costa. Os dois participariam juntos, nos anos 1950, do planejamento da nova capital federal, Brasília, a convite do então presidente da República Juscelino Kubitschek.
Dentre as obras mais célebres assinadas pelo arquiteto carioca estão a sede do Ministério da Educação e Saúde, o antigo MES (1936), quando a capital federal ainda era o Rio de Janeiro, a Igreja da Pampulha (Belo Horizonte 1940), a sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova Iorque (1947), o Edifício Copan (São Paulo 1951), o Palácio do Planalto (Brasília 1958), a sede do Partido Comunista Francês (Paris 1964), o Sambódromo da Marquês de Sapucaí (Rio de Janeiro 1984) e o Museu de Arte Contemporânea (Niterói RJ 1996).
Em 1945, filiou-se ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) e sempre deixou claro seu alinhamento com o pensamento de Karl Marx. No ano de 1956, idealiza o cenário da peça teatral Orfeu da Conceição, de autoria de Vinícius de Moraes.
Durante a Ditadura Militar, morou em Paris, onde chegou a montar um escritório em 1972. Ao longo de sua vida, recebeu diversas condecorações em reconhecimento pelo seu trabalho, como o Prêmio Imperial da Associação de Arte do Japão (2004).
Carioca
Nascido no bairro de Laranjeiras, no Rio, Oscar Niemeyer se formou em arquitetura e engenharia na Escola Nacional de Belas Artes em 1934. Em seguida, trabalhou no escritório dos arquitetos Lúcio Costa e Carlos Leão, onde integrou a equipe do projeto do Ministério da Educação e Saúde.
Por indicação de Juscelino Kubitschek (1902-1976), então prefeito de Belo Horizonte, Niemeyer projetou, no início dos anos 1940, o Conjunto da Pampulha, que se tornaria uma de suas obras brasileiras mais conhecidas.
Em 1945, o arquiteto ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PCB), entrando em contato com Luiz Carlos Prestes e outros políticos. Ao longo das décadas, travou amizades com diversos líderes socialistas ao redor do planeta, viajando constantemente à União Soviética --conjunto de países comunistas liderado pela Rússia-- e a Cuba.
Em 1947, Niemeyer fez parte da comissão de arquitetos que definiria o projeto da sede da Organização das Nações Unidas (ONU) em Nova York. A proposta elaborada por Niemeyer com o franco-suíço Le Corbusier serviu de base para a construção do prédio, inaugurado em 1952.Durante os anos 50, projetou obras como o edifício Copan e o parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, além de comandar o Departamento de Arquitetura e Urbanismo da Novacap, responsável pela construção de Brasília.
Ao lado de Lúcio Costa, ajudou a dar forma à nova capital, concebendo edifícios como o Palácio da Alvorada e o Congresso Nacional. Inaugurada em abril de 1960, Brasília transformou a paisagem natural do Brasil central em um dos marcos da arquitetura moderna.
Impedido de trabalhar no Brasil pela ditadura militar, Niemeyer se mudou em 1966 para Paris, onde abriu um escritório de arquitetura. Projetou a sede do Partido Comunista Francês, fez o Centro Cultural Le Havre, atualmente Le Volcan, realizou obras na Argélia, na Itália e em Portugal.
Após a anistia, retornou ao Brasil, no início dos anos 1980. No Rio, projetou os CIEPs (Centros Integrados de Educação Pública, apelidados de "brizolões") e o Sambódromo, durante o primeiro governo de Leonel Brizola no Estado (1983-1987).Em 1988, Niemeyer se tornou o primeiro brasileiro vencedor do prêmio Pritzker --o Oscar da arquitetura. Depois dele, Paulo Mendes da Rocha recebeu a honraria, em 2006. Ainda em 1988, Niemeyer elaborou o projeto do Memorial da América Latina, em São Paulo.
Nos anos 1990 e 2000, a produção de Niemeyer continou em alta, com a inauguração do Museu de Arte Contemporânea de Niterói (RJ), o Museu Oscar Niemeyer, em Curitiba, e o Auditório Ibirapuera, dentro do parque, em São Paulo.
Em 2003, exibiu sua versão de um pavilhão de exposições na tradicional galeria londrina Serpentine --que todo ano constrói um anexo temporário.Em 2007, projetou o Centro Cultural de Avilés, sua primeira obra na Espanha, construída durante três anos ao custo de R$ 100 milhões. Inaugurado em março de 2011, o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer foi fechado após nove meses, em meio ao agravamento da crise econômica, desentendimentos entre o governo local e a administração do complexo no dia do aniversário de 104 anos de Niemeyer. Em meados de 2012, no entando, o centro foi reaberto.
Mais de 60 anos após a realização do Conjunto da Pampulha, o arquiteto voltou a assinar um projeto de grande porte em Minas Gerais em 2010, com a inauguração da Cidade Administrativa do governo do Estado, na Grande Belo Horizonte.Atualmente, em Santos, está em execução o projeto de Niemeyer para o museu Pelé. A previsão é que a obra seja concluída em dezembro de 2012.
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