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Matinhos

Por falta de provas, Justiça manda soltar envolvido no Morro do Boi

O Juizado Criminal de Matinhos, no Litoral do estado, determinou nesta sexta-feira (31) a soltura do vigia Paulo Delci Unfried, que no fim de junho confessou ser o autor do crime do Morro do Boi e depois, em acareação com o acusado apontado pelo Ministério Público (MP), Juarez Ferreira Pinto, e com a vítima, Monik Pergorari de Lima, desmentiu a versão.

O pedido de relaxamento de prisão, referente à acusação de um caso de roubo e abuso sexual no balneário de Betaras, foi solicitado pelo Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MP, que entre suas funções investiga abusos cometidos por policiais. Unfried diz ter confessado a morte do estudante Osíris del Corso sob tortura da polícia, quando foi preso dia 25 de junho. Investigações do Gaeco não comprovaram indícios de que Unfried tenha cometido os crimes do balneário Betaras.

Unfried, que foi solto no começo da noite, estava no Centro de Triagem II de Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.

No dia da prisão, a polícia apreendeu com Unfried um revólver 38, cujo exame de balística do Instituto de Criminalística comprovou ser a arma usada no Morro do Boi. À Justiça, o vigia disse que o revólver estava emprestado a um amigo na data do crime e que a arma só foi devolvida dois meses após a morte de Osíris.

Para o advogado de Juarez, Nilton Ribeiro, a soltura de Unfried é uma decisão errada. "A Justiça soltou um criminoso e mantém um inocente preso. A prova de balística é mais forte do que o relato da testemunha (Monik), que está equivocada." O advogado tenta obter no Tribunal de Justiça (TJ) um habbeas corpus para Juarez. Quinta-feira ele deve fazer a defesa do pedido na 3.ª Câmara Criminal do TJ.

O crime

- Os estudantes Monik Pegorari, de 23 anos, e Osíris Del Corso, 22, foram baleados no dia 31 de janeiro no Morro do Boi, na praia de Caiobá, em Matinhos. Monik ficou 18 horas no local do crime até ser resgatada pela polícia. Ela teria sido vítima de estupro. Osíris morreu na hora.

A primeira prisão

- No dia 17 de fevereiro, Juarez Ferreira Pinto, de 42 anos, foi detido pela polícia no balneário de Santa Terezinha, em Pontal do Paraná, com base em retrato falado feito com informações da vítima. Juarez alegou inocência desde o princípio.

Mudança de versão

- Quatro dias depois da prisão, a polícia mudou a versão. Em vez de homicídio, Juarez teria praticado um latrocínio (roubo seguido de morte). A afirmação da polícia se baseou em supostos R$ 90 que teriam desaparecido da roupa de Monik. O próprio delegado Luiz Alberto Cartaxo havia dito dias antes que nada havia sido roubado. Também houve um recuo na questão do suposto estupro que a jovem teria sido vítima. Na segunda versão, houve apenas atentado violento ao pudor, quando não há conjunção carnal.

Caso encerrado

- No dia 26 de fevereiro, a polícia anunciou o encerramento do caso e o indiciamento de Juarez. E revelou que duas provas apresentadas pela defesa haviam sido adulteradas: um caderno com anotações sobre a movimentação do caixa da empresa onde Juarez trabalhava e uma folha solta de papel, onde era controlada a quantidade de carrinhos de chope que saíam para a praia – Juarez trabalhava limpando os carrinhos. As datas dos dois documentos estavam rasuradas.

Nova prisão

- No dia 25 de junho, Paulo Delci Unfried foi preso por invadir uma casa e violentar uma mulher, em Matinhos. Ele confessou ter matado Osíris e baleado Monik. Com ele havia duas armas e o exame de balística confirmou que o tiro que matou o estudante partiu de uma delas. Mas em acareação disse ter sido torturado para confessar.

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