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O Ministério Público do Paraná (MP-PR) intimou o delegado Silvan Pereira e outros nove policiais que trabalharam nas investigações do assassinato de Tayná da Silva, no final de junho, a fornecerem material genético para ser comparado com o sêmen encontrado nas roupas da garota durante a perícia. O pedido sugere que haja suspeitas de que os policiais estejam envolvidos no crime. A informação é do telejornal Paraná TV 2ª edição desta quinta-feira (12).

Tayná desapareceu no dia 25 de junho e foi encontrada morta três dias depois, em um terreno baldio próximo a um parque de diversões em Colombo, na região metropolitana de Curitiba. Antes que o corpo fosse localizado, a delegacia do Alto Maracanã, então chefiada por Silvan, já havia anunciado os quatro suspeitos e garantido que eles confessaram ter estuprado e matado a menina.

Alguns dias depois, no entanto, a perícia concluiu que o sêmen encontrado nas roupas de Tayná não pertencia a nenhum dos quatro rapazes. Em seguida, o MP passou a investigar uma suposta prática de tortura aos suspeitos iniciais, para que confessassem o crime, que teria sido cometida por policiais que atuaram no caso. Por causa destas acusações de tortura, Silvan e os demais policiais foram presos. Os quatro suspeitos iniciais estão sob guarda de um programa de proteção a testemunhas do governo federal.

O advogado de Silvan, Claudio Dalledone Júnior, informou que o cliente vai se submeter ao exame, mas quer que a análise do DNA seja acompanhada por um perito particular. "Não conhecia a jovem, nunca viu essa menina. Ele tem a confiança integral da família e tem, principalmente, a tranquilidade do inocente", afirma o advogado, que considera ainda que o Instituto Médico-Legal e o Instituto de Criminalística não são confiáveis neste caso.

Relembre o caso

No dia 2 de julho, uma semana após o desaparecimento da jovem, os quatro suspeitos iniciais já estavam presos e já haviam confessado o crime. Nesta data, contudo, a perita Jussara Joeckel, do IML, afirmou pela primeira vez que Tayná poderia não ter sido violentada, contrariando a tese inicial dos investigadores.

Apesar da revelação, a Polícia Civil finalizou o inquérito no dia 5 daquele mês, reforçando a primeira teoria: que os quatro rapazes teriam de fato estuprado e estrangulado a garota. No dia 12, no entanto, o resultado de exame de DNA indicou que o sêmen encontrado na calcinha da garota não é compatível com o material genético de nenhum dos quatro acusados.

Esses fatos geraram uma mudança no comando da investigação policial do crime. Desde a conclusão do inquérito pela delegacia do Alto Maracanã, em Colombo, o caso já contava com a participação do Ministério Público. O laudo também motivou uma visita da Comissão de Direitos Humanos da OAB-PR aos suspeitos, que relatavam que foram torturados pela polícia para confessar os crimes.

No dia 12 de julho, o MP afirmou que os indícios coletados relacionam os suspeitos presos ao crime. Mas, no dia 14 de julho, o promotor Paulo de Lima se manifestou em sentido contrário, afirmando que as provas presentes no inquérito não sustentam uma denúncia e pedindo a soltura dos suspeitos. Nesse meio tempo, o até então advogado de defesa dos suspeitos presos, Roberto Rolim de Moura Junior, foi destituído, sendo substituído por Andrey Salmazo Poubel.

No dia 15 de julho, o ex-defensor afirmou que foi hostilizado durante o depoimento de seus então clientes na Sesp. No mesmo dia, durante a tarde, os quatro presos foram soltos e levados a um pouso provisório pelo Gaeco. No mesmo dia, foi feito o pedido de prisão preventiva de 15 policiais denunciados por supostas torturas ocorridas nas apurações da morte da adolescente.

Ainda em 15 de julho, os quatro suspeitos foram incluídos no programa de proteção a testemunhas. No mesmo dia, 12 dos 14 que tiveram prisão decretada no suposto caso de tortura foram detidos - sendo que a maior parte deles se entregou espontaneamente. O delegado Silvan Pereira, considerado foragido, foi detido no dia 19 de julho.

Diante das suspeitas de tortura, o Gaeco formalizou, no dia 1 de agosto, denúncia contra 21 pessoas que teriam participado ou se omitido na suposta coação aos quatro rapazes, processo no qual em um primeiro momento 16 tiveram a denúncia aceita devido a um desmembramento do processo. Os outros cinco teriam cometido violência em Araucária e em Campo Largo, o que impossibilitaria a Vara Criminal de Colombo de julgar o caso.

No último dia 14, o MP-PR afirmou ter recebido novas provas materiais quando o novo inquérito foi entregue, mas não detalhou quais seriam os indícios por estarem em segredo de justiça. Na mesma data, o MP recebeu da Polícia um pedido de prorrogação do prazo para entrega do inquérito.

Na última sexta-feira (23), o MP pediu à Justiça autorização para exumar o corpo da Tayná em busca de "indícios complementares", e a requisição foi concedida na última segunda (26). O mesmo pedido havia sido negado à família da vítima.

O corpo foi exumado na última quarta (28), dentro do cemitério onde Tayná foi enterrada. O exame, que durou pouco mais de duas horas, foi considerado importante para ajudar a elucidar o crime, segundo o promotor Paulo de Lima, do MP. No mesmo dia, o órgão anunciou ter concedido à Polícia o prazo de mais trinta dias para a investigação, que passa a contar a partir desta quinta-feira (29).

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