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O contraste entre o pedido de colaboração ao torcedor e os restos da batalha campal de domingo | Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
O contraste entre o pedido de colaboração ao torcedor e os restos da batalha campal de domingo| Foto: Aniele Nascimento/ Gazeta do Povo
  • Os envolvidos na confusão no Couto Pereira, domingo, não fizeram questão de esconder os rostos e agora a polícia espera identificá-los pelas imagens de videos e fotos
  • Alvo preferencial dos vândalos em dia de jogos, os ônibus não passaram impunes pela revolta do rebaixamento coxa-branca: 34 foram danificados
  • Pontos de ônibus também foram danificados no domingo...
  • A sala do presidente do Coritiba, Jair Cirino, foi um dos locais invadidos pela turba revoltada com a queda do time para a Segundona: próximo mandatário terá uma dura realidade como desafio, com problemas financeiros, políticos e de relacionamento com a torcida
  • Projeto prevê prisão de até dois anos para todos esses caras que invadiram o gramado do Couto Pereira.
  • Estopim: o árbitro Leandro Vuaden foi o primeiro alvo da fúria de torcedores do Coxa
  • A polícia de choque foi chamada e passou a disparar balas de borracha contra os torcedores do Coritiba
  • O Couto em dia de praça de guerra: uma grade improvisada como maca para transportar um ferido
  • Torcedores invadiram o gramado e chamaram os policiais para a briga
  • Uma batalha campal se viu a seguir
  • Ele foi carregado para receber os primeiros socorros
  • Torcedores machucados e acuados pediam por socorro
  • Extintores foram usados como armas pela torcida
  • Parte das grades foram arrancadas
  • Restos de cadeira pelo gramado
  • Torcedores choram o segundo rebaixamento em quatro anos: com problemas financeiros e a iminente interdição do Couto Pereira, Coritiba não sabe nem quem será candidato a presidente na eleição da próxima segunda-feira
  • Reprodução da página da súmula em que o árbitro Leandro Pedro Vuaden os distúrbios após Coritiba 1 x 1 Fluminense
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O pior episódio de violência do futebol paranaense teve a primeira e previsível consequência. O Su­­perior Tribunal de Justiça Des­­por­­tiva (STJD) confirmou a interdição cautelar do Estádio Couto Pereira. O palco do confronto provocado por parte da torcida alviverde após o jogo entre Coritiba e Fluminense, no domingo, está fechado até o julgamento em primeira instância, semana que vem. Como o desfecho do processo está previsto só para 2010, o Coritiba começará o ano desabrigado.

A esperada decisão preventiva do tribunal, anunciada na tarde de ontem, encorpou o noticiário policial no qual se transformou o rebaixamento do Coxa. O impacto da queda foi suplantado pelas cenas de violência vistas no do­­mingo em Curitiba. Nem o título brasileiro do Flamengo, após 17 anos, ganhou tamanha repercussão quanto as agressões e vandalismo desencadeados após o em­­pate por 1 a 1, decisivo para o des­censo.

A selvageria ganhou a mídia nacional e internacional. Foto de um torcedor ensanguentado ilustrava a página inicial do site espanhol As. "Sangue e pranto no descenso do Coritiba", dizia uma das manchetes.

Na segunda-feira, sem tempo para lágrimas, funcionários do clube começaram a limpeza do es­­­­tádio. O que era para ser a esperada varredura dos papéis picados usado para a festa no início do jo­­go se transformou em perícia da po­­lícia técnica e levantamento dos danos, que podem chegar a R$ 500 mil. Mastros de bandeiras, paus, pedras, extintores, caixa de som e até uma calça feminina quei­­mada estavam entre os resquícios da barbárie.

Os gastos serão ainda maiores para consertar falhas na segurança escancaradas pela súmula entregue ontem à tarde pelo árbitro Leandro Vuaden, ao relatar a invasão generalizada e agressões sofridas pelo trio de arbitragem.

O episódio provocou reações na polícia e na Secretaria Estadual de Segurança Pública. Ao contabilizar os danos a 34 ônibus, em 5 terminais e no atendimento de 20 vítimas – inclusive uma enfermeira que perdeu três dedos da mão por causa de uma bomba caseira –, o secretário Luiz Fer­­nando Delazzari voltou a defender a extinção das organizadas no estado e a prisão dos culpados.

Enquanto a polícia prendia um dos agressores e procurava outros suspeitos, o Coritiba buscava um comando. Escondido desde do­­mingo após ameaças de morte, o presidente Jair Cirino silenciou sobre a selvageria, a queda e também a respeito do futuro alviverde.

Uma reunião realizada na segunda à noite, em lugar não anunciado por questões de segurança, trataria das próximas medidas tomadas e da condução do clube às vésperas da eleição rotativa (no mínimo três nomes devem ser substituídos) no Conselho Ad­­ministrativo, presidido por Cirino.

As inscrições das chapas podem ser feitas até amanhã. Mas nem mesmo antigos opositores, como o ex-presidente Giovani Gionédis, declararam interesse em assumir tamanho ônus.

Nas ruas, os coxas-brancas la­­mentavam a queda e mais ainda a vergonha pelo vexame protagonizados por parte do público intitulado como torcedor e que ainda tra­­rão estragos às finanças e à imagem do clube.

Estádio interditado

O Estádio Couto Pereira foi interditado nesta segunda-feira (7) após a invasão de campo e quebra-quebra após a partida entre o Coritiba e o Fluminense no domingo (6).A procuradoria do STJD pediu a interdição preventiva do estádio até o julgamento, a ser realizado até o final do ano. O pedido foi aceito e o Couto Pereira está preventivamente interditado. Quase ao mesmo tempo, o procurador-geral de Justiça Olympio de Sá Sotto Maior declarou que o campo será interditado até que se corrijam as falhas de segurança que resultaram na invasão de campo e das áreas restritas.

Na confusão, que teve repercussão internacional, sete policiais e 11 civis ficaram feridos, um em estado grave. Além disso, de acordo com a PM, 22 torcedores foram detidos, dentre eles Gilson da Silva, de 20 anos. O professor de artes marciais foi identificado como agressor do policial militar Luiz Ricardo Gomide, que deixou o gramado do Couto Pereira desacordado. Gilson segue detido. "A gente vai ter de partir para uma linha mais dura, e o fim das organizadas é uma delas", afirma o coronel da Polícia Militar Jorge Costa Filho, comandante do policiamento da capital.

Em entrevista coletiva, o coronel Jorge Costa Filho, disse que a Polícia Militar do Paraná vai propor o fim das torcidas organizadas de Curitiba. A iniciativa partiu após vários incidentes envolvendo torcedores no domingo marcado pelo rebaixamento do Coritiba no Brasileirão.

Outra medida anunciada pela polícia, é utilização do site www.seguranca.pr.gov.br para que torcedores mandem imagens e vídeos que possam ajudar na identificação dos envolvidos na confusão. Desta forma, Gilson da Silva, agressor do soldado da PM, foi identificado.

O secretário de segurança pública do Paraná (Sesp-PR), Luíz Fernando Delazari, segue a mesma linha de raciocínio de Costa Filho. Para ele, a extinção das organizadas pode pôr fim às cenas de barbáries no futebol. "Não adianta ficar achando culpados por um dos eventos mais graves da história do futebol paranaense. Temos que acabar com as organizadas", disse. O secretário lembrou que todos os detidos serão indiciados por tentativa de homicídio.

Delazari negou que tenha havido falha de estratégia da Policia Militar na segurança no dia jogo. Para ele, o efetivo de 700 policiais, de acordo com números da secretaria, seria suficiente para evitar qualquer tipo de problema. "O que mais podia ser feito? Mais que isso só houvesse saque de uma arma letal contra o invasor de campo como se fosse uma guerra", desabafou o secretário.

Súmula

O árbitro Leandro Pedro Vuaden registrou na súmula o acontecido no campo de jogo e anexou a ela o Boletim de Ocorrência das agressões sofridas pela arbitragem.

Embora a maioria dos agressores trajarem uniforme de torcidas, o procurador descartou, no primeiro momento, uma intervenção para acabar com as organizadas. Segundo ele, o primeiro passo é fichar os vândalos e alterar o Estatuto do Torcedor.

Sobre o risco de Coritiba perder o direito de sediar jogos da Copa do Mundo de 2014, por causa dos incidentes no Couto Pereira, Schmitt descartou essa possibilidade. "A cidade precisa estudar a questão de segurança. Mas na Copa os jogos vão ser na Arena. Um estádio mais moderno, com melhores condições de segurança. Não vejo esse risco", finalizou.

Patrimônio público destruído

A URBS (Urbanização de Curitiba S/A) apresentou na manhã desta segunda-feira (6) um balanço preliminar da depredação de ônibus no jogo do Coritiba x Fluminense neste domingo.

Segundo o órgão municipal, foram 34 ônibus danificados. Foram 36 janelas, quatro parabrisas, cinco portas e vários braços de poltronas quebradas. Uma bomba caseira foi lançada para dentro do ônibus da linha Vila Macedo, em Piraquara, na região metropolitana de Curitiba.

Todos os reparos foram realizados na madrugada desta segunda e os ônibus danificados já voltaram a circular pela cidade. À tarde a Urbs promete divulgar o balanço final dos estragos, com prejuízo total e quais os locais e linhas que sofreram com as ações dos vândalos.

De acordo com levantamento preliminar da Urbs, o estrago causado por torcedores do Coritiba no domingo superou os números de destruição do último Atletiba pelo Brasileiro, no Couto Pereira, em 25 de outubro de 2009.

Na ocasião, foram 28 veículos danificados. O prejuízo ficou em R$ 6,3 mil com estragos apenas em coletivos. Segundo dados da empresa, foram quebrados 48 vidros, quatro alçapões, uma porta e dois parabrisas. De acordo com a Urbs o prejuízo pode ser ainda maior para a população. Os estragos em terminais e estações-tubo ainda não foram contabilizados.

Após o Atletiba, a Urbs estimava que R$ 300 mil foram gastos em 2009 por causa da ação de vândalos em dia de partidas de futebol em Curitiba e região.

O pós-guerra do Couto Pereira

Ao longo de toda esta segunda-feira, funcionários do Coritiba percorreram todo o Couto Pereira juntando os restos da batalha do dia anterior. Cadeiras quebradas, pedaços de madeira e até uma calça feminina queimada foram encontrados. Na ponta da língua, cada pessoa trabalhando tinha o seu relato do terror vivido no domingo. Estima-se que o clube precise de pelo menos R$ 500 mil para deixar o estádio em ordem.

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