O motim iniciado perto das 7 horas desta terça-feira (21) por detentos da Penitenciária de Francisco Beltrão (PFB), no Sudoeste do Paraná, já foi controlado. Ao contrário do que ocorre em rebeliões, em situações como esta, não são feitos reféns. A contenção dos presos foi confirmada pela Secretaria de Estado de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos (Seju) por volta das 10h10.
Segundo o órgão do governo estadual, a 23ª revolta do ano no estado começou por causa de uma tentativa de fuga "frustrada", que aconteceu no fim da tarde desta segunda (20). Seis presos - sendo três de duas celas de uma galeria, e outros três que ficavam em uma única cela de uma segunda galeria - conseguiram quebrar as janelas das celas, que possuem grades de concreto. Mesmo com os buracos escondidos por cobertores, os funcionários de plantão perceberam os danos e impediram a fuga.
Os presos foram transferidos para outras celas e, de acordo com a Seju, teriam prometido realizar um motim.
A Seju disse ainda que não houve presos soltos pelas galerias da PFB. Eles chegaram a ficar muito agitados, batendo continuamente contra as grades das celas.
Equipes da Polícia Militar (PM) que prestam reforço na unidade foram acionadas e ajudar a controlar a situação. Nesta tarde, a PM irá entrar na penitenciária para fazer uma revista geral no estabelecimento.
O presidente do Sindarspen, Antony Johnson, ressaltou que situação crítica da penitenciária já havia levado o sindicato a anunciar a possibilidade de uma revolta na unidade. "Esse motim foi avisado. As últimas vezes que teve transferência para [Francisco] Beltrão e Londrina a gente alertou sobre isso. Em todas as unidades do Paraná a situação está tensa", declarou.
Conforme o mapa carcerário disponibilizado pela Seju, 1.080 detentos cumprem, atualmente, pena na PFB, que tem 1.182 vagas. A unidade é de regime fechado.
O motim iniciado nesta terça-feira (21) acontece um dia após o fim da última rebelião no estado, em Maringá, na região Noroeste.
Governo anuncia medidas para conter revoltas
O governo do Paraná anunciou, na sexta-feira passada (17), cinco medidas que devem ser adotadas para prevenir rebeliões no Sistema Penitenciário do estado. As ações serão executadas pelas secretarias de Justiça, Cidadania e Direitos Humanos e da Segurança Pública (Sesp).
No "pacote", entra a atuação do Ministério Público (MP-PR), que assumirá as investigações policiais e administrativas sobre os motivos das rebeliões.
Motim em Francisco Beltrão é o 23º do ano; veja lista das outras 22
5 de janeiro de 2014 - Dezoito presos se amotinaram na Penitenciária Central do Estado (PCE), em Piraquara. Durante uma hora eles negociaram transferência para o interior do estado. Um agente foi mantido refém pelos presos.
09 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém por presos da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba. Os presos pediam transferência para penitenciárias de Foz do Iguaçu, no Oeste do Paraná.
15 de janeiro de 2014 - Após três horas de motim, presas do Centro de Regime Semiaberto Feminino (Craf) de Curitiba libertaram duas agentes penitenciárias que foram feitas reféns. As detentas pediam melhorias em higiene e limpeza, além de tratamento semelhante ao que ocorre na Colônia Penal Agrícola (CPA), em Piraquara.
16 de janeiro de 2014 - Um agente penitenciário foi mantido refém durante 16 horas na PCE, em Piraquara. Os presos pediam transferências para Londrina, Maringá e Foz do Iguaçu.
10 de fevereiro de 2014 - Vinte e quatro presos, que pediam transferência para outros presídios do estado, mantiveram um agente penitenciário como refém na PEP II. O agente foi libertado após cinco horas de negociações.
06 de março de 2014 - Presos que reivindicavam transferências para Londrina e Francisco Beltrão mantiveram por 15 horas dois agentes penitenciários como reféns na PEP I. As negociações duraram poucas horas, mas os presos se recusaram a viajar de noite, o que fez com que o motim terminasse somente após 15 horas.
10 de março de 2014 - Na PEP II, durante quatro horas um agente penitenciário ficou nas mãos de seis presos que pediam transferências para Guarapuava. Os presos foram transferidos e o agente liberado após negociação.
19 de março de 2014 - Dois agentes carcerários que escoltavam presos foram dominados pelos detentos na PEP I. Os presos libertaram os agentes após conseguirem transferência para cidades de origem. Foram 15 horas de negociação.
19 de março de 2014 - Também na PEP I, durante uma hora um agente foi dominado por presos que pediram transferência para Maringá, no Noroeste do Paraná.
16 de abril de 2014 - No Presídio Hildebrando de Souza, em Ponta Grossa, nos Campos Gerais, foram oito horas de negociação até que os detentos libertaram um agente penitenciário. Os motivos da rebelião não foram informados, mas o presídio sofre com falta de vagas.
01 de maio de 2014 - Em Santo Antônio da Platina, no Norte Pioneiro, presos da Cadeia Pública do município se rebelaram e pediram transferência. Alguns deles foram colocados em liberdade, pois já haviam cumprido pena.
14 de julho de 2014 - Três agentes carcerários foram feitos reféns na cadeia pública de Telêmaco Borba. O motim durou cerca de 17 horas. Antes do motim, houve tentativa de fuga.
17 de julho de 2014 - Por 16 horas, presos da PEP II realizaram um motim. Quatro presos pediam transferência para Londrina. Um agente na penitenciária foi mantido sob domínio dos presos.
22 de julho de 2014 - Quatro presos se rebelaram e mantiveram um agente refém na PCE. Eles pediam transferência para outras unidades prisionais do Complexo Penitenciário de Piraquara (CCP).
22 de julho de 2014 - Na Penitenciária Estadual de Foz do Iguaçu I (PEF I), no Oeste do Paraná, dois agentes foram mantidos sob domínio de dezesseis presos por seis horas. A exigência também era de transferência para outras unidades prisionais do estado.
24 de agosto - Na Penitenciária Estadual de Cascavel (PEC), dois agentes penitenciários foram mantidos reféns por cerca de 45 horas. Cinco pessoas morreram no motim e outras 25 ficaram feridas no motim mais violento do Paraná dos últimos quatro anos.
9 de setembro - três agentes penitenciários foram mantidos como reféns por um grupo de 14 presos na cadeia pública de Guarapuava, na região Centro-Sul do Paraná. Os detidos concordaram em liberar os funcionários da prisão depois de acertar a transferência de 74 presos para outras penitenciárias do estado. O motim terminou sem feridos nem mortos.
10 de setembro - 77 presos foram transferidos da Penitenciária Estadual de Cruzeiro do Oeste (PECO), no Noroeste do Paraná, depois de um motim de 18 horas. Foram 13 reféns, sendo 12 presos e um agente penitenciário.
12 de setembro - presos do bloco 3 da Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II), na Região Metropolitana de Curitiba, mantiveram dois agentes penitenciários reféns por 25 horas. Após o acerto de transferências, agentes e presos que também eram mantidos reféns foram liberados e ninguém ficou ferido.
16 de setembro - um segundo motim ocorreu em um intervalo de menos de uma semana na Penitenciária Estadual de Piraquara II (PEP II). Dois agentes penitenciários foram feitos reféns durante mais de 30 horas, período em que a rebelião perdurou. O principal motivo da revolta era o medo que os presos rebelados têm de detentos de uma facção rival. Ninguém ficou ferido.
13 de outubro - uma rebelião de mais 48 horas ocorreu na Penitenciária Estadual de Guarapuava (PIG), com 10 agentes reféns. Todo o complexo foi tomado pelos detentos, que subiram no telhado do prédio e chegaram a jogar alguns dos reféns da parte superior da PIG. Ninguém teve ferimentos graves e a rebelião chegou ao fim depois que transferências para parte dos presos foi acertada.
19 de outubro - dois agentes foram mantidos reféns durante a revolta na Penitenciária Estadual de Maringá, no Noroeste do Paraná. O motim durou aproximadamente 17 horas e acabou no instante em que as transferências de vinte rebelados começaram a ser feitas.